‘O Último Duelo’ é uma história medieval extremamente atual

Revoltante, tenso e relevante, longa faz refletir sobre situações que se repetem desde a Idade Média até os dias de hoje

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Araetá
3 min readNov 15, 2021

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Por Vinícius Marques Nunes

O último filme de Ridley Scott, conhecido por suas ficções científicas e dramas históricos, conta a história infame das intrigas que existiram entre o cavaleiro francês Jean de Carrouges (Matt Damon), sua mulher Marguerite (Jodie Comer) e o escudeiro Jacques Le Gris (Adam Driver).

Pôster oficial do filme

A história, baseada em acontecimentos reais, conta os mesmos acontecimentos sob a perspectiva dos três personagens principais, cada qual com visões diferentes sobre os fatos ocorridos, indo da época em que Jean e Jacques eram amigos e companheiros, até o eventual duelo até a morte que ocorreu entre ambos.

Da esquerda para a direita: Adam Driver (Jacques Le Gris), Jodie Comer (Lady Marguerite) e Matt Damon (Jean de Carrouges)

Ridley Scott aposta muito na criação do ambiente das cortes e campos de batalha franceses do século XIV, e sabe dosar os momentos narrativos e os momentos emocionais com maestria, com bom controle de câmera e cortes em momentos chave para que a história, recontada três vezes ao longo do filme, nunca se torne entediante, mesmo ficando um tanto repetitivo no começo do segundo e terceiro atos.

A fotografia apresenta muito cinza e tons neutros, a fim de transmitir o peso e a melancolia daquilo que é retratado, mas sem excluir as cores existentes no mundo medieval, e as cenas de ação, apesar de levemente bagunçadas, expressam o sentimento de uma violência que nunca precisou ser entendida em sua totalidade apesar da brutalidade extrema. Em relação às atuações, tanto Adam Driver quanto Matt Damon estão bem em seus papéis de homens medievais preocupados apenas com seus nomes e suas honrarias, mas é Jodie Comer como a injustiçada Lady Marguerite que rouba a cena, transmitindo as nuances e os sentimentos da personagem com um realismo assustador.

Vale ressaltar, no entanto, que o filme retrata não apenas da violência física das guerras medievais, como também as violências morais e sexuais da época, traçando alguns paralelos com situações que vemos hoje em dia e se mantém quase iguais àquelas que aconteciam 700 anos atrás, como desacreditar o relato de uma mulher que sofreu alguma forma de abuso. Dessa forma, apesar de levantar uma boa reflexão, o filme possui cenas que podem chocar o público sensível, não sendo recomendado a todas as audiências.

SERVIÇO:

O filme não fez muito sucesso no cenário internacional, e foi agraciado com poucas sessões no Brasil. Em São Paulo, especificamente, podem ser encontradas sessões únicas diárias no Espaço Itaú de Cinema do shopping Frei Caneca, assim como no Kinoplex da região do Itaim, com o preço dos ingressos variando de 14 a 20 reais a meia entrada. O filme provavelmente só chegará aos serviços de streaming em 2022.

Trailer:

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