O Escândalo Philippe Dussaert

Ana Luisa Torres
Araetá
Published in
3 min readMay 28, 2018

por Ana Luisa Alessandri Torres

A peça “ O Escândalo de Philippe Dussaert” relata, num formato quase de palestra, a história de uma artista contemporâneo francês Philippe Dussaert que, com suas obras polêmicas, desafiou o próprio conceito de arte. A peça lida com questões muito presentes no meio artístico atual. O texto original é do francês Jacques Mougenot, realizado no Brasil pelo diretor Fernando Philbert e o renomado ator Marcos Caruso.

Philippe Drussaert estudou na faculdade francesa de belas artes por volta dos anos 80, mas nunca demonstrou aptidão para criação de suas próprias obras ou ideias, tornando-se um copista prodigioso. Ele viveu muitos anos apenas criando cópias, até ser diagnosticado com uma doença terminal que o levou a sua primeira tentativa de um empreendimento artístico: a exposição “Ao Fundo”, na qual ele exibiu 19 cópias dos fundos de obras famosa, sem as figuras humanas ou animais presentes. A exposição foi tão popular quanto polêmica, e o artista se consagra.

Ao fundo, a Mona Lisa, uma das obras cujo fundo Philippe Dussaert copiou

Alguns anos depois, ele faz sua segunda e última exposição, chamada “No Fundo”, com caráter ainda mais polêmico do que a primeira. É aí, sim, que o citado “escândalo” acontece…

A peça discute e critica, com bom humor e até alguns momentos tocantes, a natureza da arte contemporânea, e o que pode ser chamado de “arte” hoje em dia. O formato é inusitado e interessante, na forma de um monólogo um pouco inconvencional que lentamente se revela um formato cada vez mais adequado ao texto, discutindo a natureza da própria peça e das artes cênicas em meio a uma discussão das artes visuais. Os poucos efeitos tecnológicos presentes realçam a experiência: algumas modulagens de voz e efeitos sonoros, a exibição de alguns quadros de Dussaert, algumas projeções e mudanças de cores.

Um dos efeitos utilizados: O personagem faz menção de esboçar um desenho, e o processo de um desenho é projetado ao fundo

O final da história do pintor (que não será revelado aqui para evitar “spoilers”) pode chocar, apesar de que a narrativa contenha pistas do mesmo dentro de si. Ele põe a peça em uma nova perspectiva e gera a reflexão.

Em geral, a critica e discussão da arte contemporânea apresentada é muito bem cabida, e vale a pena para quem se interessa sobre o assunto. Há a discussão não só em relação a “o que é arte” e “o que é arte contemporânea”, mas também a respeito de “o que é artista”, e a questão atual de “técnica versus ideia”.

ONDE: Teatro Faap ( R. Alagoas, 903 — prédio 1)

QUANTO: R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia entrada)

QUANDO: Quinta a sábado às 21h e domingo às 18h

ATÉ QUANDO: 18 de dezembro

http://www.faap.br/teatro/em-cartaz.asp

a autora

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