O Ovo de Ouro
Carolina Dias da Costa do Amaral
“O Ovo de Ouro” é uma peça que relata experiências traumáticas do período nazista. O personagem principal é Dasco (Lucas Papp), jovem judeu escolhido e obrigado a servir o sonderkommando (grupo de prisioneiros que trabalharam nas câmaras de gás e nos crematórios de Auschwitz). Suas tarefas consistiam em conduzir outros judeus para as câmaras de gás, queima dos corpos e ocultação de provas da máquina de morte. Os integrantes do sonderkommando que negavam realizar suas obrigações eram mortos pelos chefes nazistas.
Através de Dasco e suas experiências, o público conhecerá a rotina desses homens forçados a contribuir para o extermínio do próprio povo e os horrores do holocausto. A trama é desenvolvida em dois momentos. O primeiro exibe cenas de Dasco trabalhando no campo de concentração, momentos de aflição, dúvidas e medos. Também expõe casos com o seu melhor amigo judeu (Leonardo Miggiorin), que fazia parte do sonderkommando. Há várias cenas dos dois sendo agredidos e oprimidos pelo general (Ando Camargo), chefe responsável pelo campo de concentração no qual trabalhavam. Mostra como Dasco se apaixonada por Judit (Rita Batata) em meio ao caos. Em paralelo, todos esses acontecimentos são comentados e lembrados por Dasco bem mais velho (Sérgio Mamberti), ao ser entrevistado por uma jornalista.
Particularmente, adorei a peça. Os atores são ótimos e representam muito bem os horrores do holocausto. O tema e as cenas de “O Ovo de Ouro” me fizeram refletir sobre os preconceitos ainda cristalizados em nossa sociedade e como um período na história banhado a sangue foi movido por esse ódio em relação as diferentes crenças, escolhas, modos de vida e aparências. A trama promove uma reflexão social que faz o público refletir até onde o preconceito levou a humanidade. A estética prende o espectador, o jogo de luzes é intrigante. A distribuição das cenas é dinâmica. É muito interessante analisar a narrativa do protagonista em duas idades diferentes. O jovem Dasco que sofreu no holocausto e o mesmo já senhor relembrando os traumas e acontecimentos. A peça nos faz olhar para o passado e perceber que absurdos como o holocausto jamais podem acontecer novamente. Desperta em nós a necessidade de empatia humana pelas divergências.
Imagem de divulgação da primeira temporada da peça “O Ovo de Ouro”. Expõe todos os personagens. O último do lado direito é o melhor amigo do protagonista. Em seguida, Dasco, o protagonista. No meio, Dasco já senhor de idade. A moça é Judit, amor do personagem central na época do holocausto, que também interpreta a jornalista. Por fim, o cruel general.
Dasco e Judit em um momento tenso em que decidiam como contar para o general como a moça escapou da fila de judeus que estavam sendo encaminhados para a câmara de gás. Dasco, se apaixonou à primeira vista e foi ele quem retirou-a de lá. Judit, nesse momento da foto, estava tentando convencê-lo de que ela diria ao general que fugiu sozinha, sem a ajuda de ninguém. Disse que já estava condenada a morte de qualquer jeito e Dasco não precisaria morrer por ela.
Momento em que o impiedoso general nazista descobre a fuga de Judit e a assassina a sangue frio.
Dasco já senhor de idade conversando com a jornalista que procurava relatos da época do holocausto.
Dasco e seu melhor amigo conversando e refletindo sobre o horror que é ser obrigado a fazer parte do sonderkommando
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