“O que não é Floresta é Prisão Política”, Ocupação 9 de Julho.

Lucas Caldas
Araetá
Published in
2 min readNov 29, 2019

A ocupação 9 de Julho, no ex-edifício do INSS, que abriga mais de 120 famílias, tem além do objetivo de acolher, o de conscientizar. Tendo uma estrutura exemplar, que conta com facilidades das mais variadas, como quadra, cozinha comunitária, brechó, e especialmente, exposição de arte.

“O que não é Floresta é Prisão Política”, de organização diretamente associada ao MSTC, pratica uma crítica ao político, em sua totalidade, que parte de artistas adeptos à ótica social da resistência, em seus variados meios: expor, conscientizar, afrontar, idealizar, etc. A exposição também se distancia das fortes normas sistemáticas de instituições como museus considerados exemplares pela cultura oficial, a disposição das obras, por exemplo, funciona com muito mais liberdade.

Dentre essas, a obra Rasgo, de Bete da Mata, transcreve um âmbito ideal de seu conceito em excelente harmonia com um do da própria exposição. A obra consiste de um recipiente de acrílico onde são cultivadas sementes de milho crioulo na única parte da exposição que é alcançada pela luz, um rasgo de luz. Da mesma forma que a vida precisa somente pulsar para que exista, a resistência, dessa própria vida, e da de um espaço de cultura como este, também. “E porque sementes de milho crioulo? Elas foram domesticadas pelo povos originários. A semente é resistente e não se contaminou com as sementes transgênicas amplamente difundidas pelo agro e pelo governo”, nas palavras da própria autora, nas minhas, resistentes à ignorância e preconceito impostos pela ideologia intrinsecamente ligada à operação do Estado. “A ideia de pensar semente crioula como elemento de resistência frente ao momento político que estamos vivendo”, semente que manteve sua essência, é bela, e ilustra com excelência a questão da resistência; ao transgênico, ao agronegócio, ao Estado, às instituições e sistemas.

Rasgo, Bete Maria
Disposição mais livre de obras

Ocupação 9 de Julho.

14:00–20:00, de quinta a domingo.

Entrada gratuita. Sem data definida para encerramento.

Por dentro da ocupação 9 de Julho, Brasil Estadão:

Citações conseguidas em conversa virtual.

3FPN20182

--

--