Peter Pan — O Musical da Broadway
Katherine Katritsis Ramos
Uma superprodução de Peter Pan, o musical da Broadway: uma adaptação da obra de J.M.Barrie, com letras de Carolyn Leigh e originalmente dirigido, coreografado e adaptado por Jerome Robbins, estrelando Mateus Ribeiro(Peter Pan) e Daniel Boaventura(Capitão Gancho).
sobre um garoto que se recusa a crescer e sua aventura com os irmãos Wendy, John e Michael, na Terra do Nunca, onde, ao lado de índios, enfrentam os piratas
Não poderia iniciar minha crítica sem falar um pouco da minha história recheada de musicais. Desde muito jovem, minha mãe adorava me levar a peças de teatro, concertos musicais, salas de cinema e bibliotecas.
Sempre estive cercada pela arte.
Ainda cultivo esse costume de sempre que possível frequentar peças de teatro e musicais, sendo esse primeiro semestre de 2018 um grande destaque, com a realização na cidade de São Paulo de grandes musicais, como "A Pequena Sereia" e "A Noviça Rebelde".
Diferentemente das outras vezes que fui a musicais, dessa vez, em "Peter Pan", decidi ir sozinha e na parte superior do teatro, para fazer disso uma nova experiência por completo. Assim, pude além de aproveitar o espetáculo, observar as reações dos outros espectadores e o belo teatro que quase nunca frequento, por conta da distância do bairro onde moro.
O espetáculo é constituído por uma adaptação da narrativa original de J. M. Barrie, músicas tocadas por uma orquestra e cantadas pelos artistas em palco(traduzidas ao português), acompanhadas de danças coreografadas e efeitos de voo.
Peter Pan é um dos mais amados e mais adaptados espetáculos para a família de todos os tempos. Há mais de 60 anos encanta seus espectadores, seguindo uma tradição de mulheres no papel-título do espetáculo. Porém, esse ano o espetáculo chegou ao Brasil sendo a segunda vez na história em que um homem o interpreta. Mateus Ribeiro brilha no palco ao cantar as inúmeras canções, sendo uma de minhas favoritas "Não Vou Crescer".
Um grande destaque vai para as coreografias e danças ritmadas dos personagens dos índios. Com o som impactante e marcante da orquestra, os artistas preenchem o palco todo por muitos minutos, como é o exemplo de minha música favorita que vem logo após a abertura do Segundo Ato, “Uga Uga”. Além da dança, há saltos, piruetas, sem contar todos os momentos de voo dos personagens, que encantam a todos que assistem.
Outro grande diferencial nas recentes adaptações de musicais no Brasil, em especial as com enfoque no público jovem, é a introdução de aspectos da cultura brasileira, que dá graça ao espetáculo. Exemplos disso são gírias usadas ao longo de toda a peça, efeitos cômicos introduzidos às falas dos personagens, músicas brasileiras utilizadas, além do caso do uso do som do maculelê em uma das músicas("Uga Uga").
A linguagem desse e de outros musicais, é muito corporal, extremamente bela aos olhos. O elenco de 18 intérpretes garante ao expectador a sensação de que não há limites entre o céu e a terra e que basta “pensamentos felizes, e pronto, você vai voar!”
Não é uma experiência passiva, muito pelo contrário! Há inclusive muitos momentos nos quais os espectadores interagem com os atores, sendo o principal deles quando todos da platéia "ajudam a salvar Sininho", por meio de palmas que arrepiam até o último pelo do corpo de qualquer um.
Ao longo da narrativa, diversos valores importantes sobre a vida são transmitidos aos espectadores, como a amizade, a perseverança e a união.
Algo que pude notar ao longo de minha experiência no teatro, nas mais de duas horas ali, foram os comentários das dezenas de crianças antes, durante e depois do espetáculo. As conversas com seus pais sobre a infância, a amizade, voar para um mundo melhor, a maldade de alguns e a bondade de outros, foram de rolar lágrimas dos olhos.
Isso é prova de que um dia no teatro pode gerar muito além de uma diversão momentânea, com risadas e surpresas. Provoca reflexão, conversas, nem que seja apenas no caminho de volta pra casa. Um dia no teatro é capaz de mudanças eternas de corpo e alma. Um dia no teatro é uma gota no lago da calmaria que provoca uma onda, que desemboca em outra, e assim sucessivamente.
Eu sou a juventude! Eu sou a alegria! Eu sou a liberdade!
SERVIÇO
PETER PAN, O MUSICAL
QUANDO: qui. e sex., às 20h30, sáb., às 16h e 20h, dom., às 17h; até 15/07
ONDE: Teatro Alfa, rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. (11) 5683–4000
QUANTO: R$ 50 a 210 inteiras (há sessão popular)
LINK RELACIONADO: http://www.teatroalfa.com.br/espetaculo/peter-pan-o-musical/