QUEER EYE - “Dá pra conciliar”
Giulia Miranda Monetta
Queer Eye, série inspirada na antiga série da “Bravo” “Queer eye for the straight guy” é uma série da Netflix lançada em 2018 que mistura design, moda, cultura, culinária e estética em capítulos individuais onde em cada episódio um homem (hétero) tem sua vida transformada por 5 rapazes gays.
A série inteira, que por enquanto está no oitavo episódio da primeira temporada, é incrível, não só por quebrar paradigmas quanto à gênero e sexualidade, mas também por conseguir misturar duas polaridades, que geralmente se consideram opostas, ou até inimigas, mostrando que o mundo não precisa se dividir, como está dividido hoje em dia, em lados opostos, “dois times”, “eu e os outros”, “iguais e diferentes a mim” “amigo, inimigo”, enfim, mostra que dá, sim, pra pessoas diferentes se aceitarem e até se amarem como são.
Cada episódio, por meio de conversas entre os participantes, choque de personalidades e até pelas próprias mudanças propostas pela série, trazem as evoluções citadas no parágrafo acima, mas escolhi especialmente o episódio 3 “Dega Don’t”- tradução livre “ Dá pra conciliar”, por que é o exemplo mais incrível que a séria traz, de como a arte (seja design, moda, cultura, culinária ou estética) podem transformar tanto.
No episódio 3, o homem que será transformado é um americano, hétero, branco, policial, que apóia Donald Trump. Um homem completamente de direita, em contato com 5 homens gays, sendo um deles de família estrangeira (paquistanês), e outro, negro. O atrito aparece quando, no início do episódio, um colega policial, branco, de Cory faz uma “brincadeira”, ao parar o carro dos apresentadores, e pedir pra que Karamo, o rapaz negro, desça do carro. Em seguida, ao entrar na casa do participante, os rapazes encontram bandeiras e chapéus apoiando Trump, com frases como “Make America great again”. Karamo comenta em tom leve que não é uma boa escolha política.
Em seguida, Karamo e Cory ficam sozinhos no carro, e é quando aparece a melhor parte: é abordada uma questão social importantíssima americana, que
é o conflito entre policiais e negros nos Estados Unidos. Karamo abre seu coração dizendo que não se sentiu confortável com a brincadeira de ser parado pela polícia, e comenta que seu filho não tirou a carteira de motorista, por medo de ser morto por algum policial no trânsito. Cory coloca seu ponto, citando um caso onde um policial chutou o rosto de um rapaz negro já algemado, e diz ser inaceitável aquele e qualquer tipo de violência, acrescentando o contraponto de que não gosta que achem que os policiais americanos são todos vilões. A conversa se desenvolve até que ambos concordam que a violência não é válida em nenhum dos lados, e que ambos os esteriótipos de que negros são bandidos, e policiais vilões, precisam parar de ser propagados, devendo ficar apenas, então, o respeito mútuo.
Enfim, cada episódio traz uma reflexão e acaba abordando, densa ou superficialmente, algum tema importante, e todos, sem exceção, fazem aquele espectador que ainda tem paradigmas sobre gays, perceber que são pessoas como outras quaisquer, que querem e merecem o mais puro respeito.
A série está disponível no Netflix desde fevereiro de 2018 e não tem previsão de saída, embora deva ficar um bom tempo ainda pois foi lançado há pouco menos de 3 meses. Quem quiser ver a série em que foi inspirada essa, pode assisstir um episódio de “Queer Eye for the straight guy” neste link: https://www.youtube.com/watch?v=koX43Oq2IHY
Assistam, vale muito a pena!