Queer Eye

Júlia de Agostini Rolim

Julia Rolim
Araetá
5 min readApr 23, 2019

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Cinco homens. Cada um especializado em uma área diferente: vestuário, culinária, design de interiores, cultura e beleza. O objetivo é: ajudar outra pessoa a organizar a sua vida. É disso que se trata Queer Eye, uma série original do Netflix. Mas não se engane! Não é um daqueles reality shows clichês que estamos cansados de assistir. O programa espalha amor, aceitação ao próximo e valoriza as relações humanas em um mundo completamente maluco e intolerante, principalmente com a comunidade LGBTQ+.

Hobby Berl (design de interiores), Antoni Porowski (culinária), Jonathan Van Ness (beleza), Tan France (vestuário) e Karamo Brown (cultura) formam os “cinco fabulosos” e viajam pelo estado norte-americano da Georgia ajudando, inicialmente homens héteros a mudarem seus estilos de vida, sua auto-estima e claro, sua aparência. Fazer o bom e velho, extreme makeover.

Integrantes: Hobby Berl (design de interiores), Antoni Porowski (culinária), Jonathan Van Ness (beleza), Tan France (vestuário) e Karamo Brown (cultura)

A série é um reboot do programa Queer Eye for the Straight Guy, que ficou ao ar nos Estados Unidos entre 2003 e 2006. Foi lançada em 2018 e contou com 8 episódios. Este ano, a série lança sua terceira temporada, onde as mulheres também puderam ser transformadas e contarem com a ajuda dos cinco fabulosos.

Integrantes do Queer Eye original.

E não é a toa que eles escolheram o estado de Georgia como cenário do reality. O estado ainda tem muito preconceito e intolerância com os homossexuais.

Segundo um dos integrantes do reality, Tan France, se no início dos anos 2000 eles buscavam tolerância, hoje eles buscam aceitação. E não só os integrantes querem ser bem recebidos na sociedade desses homens héteros como também querem que os homens héteros se aceitem como eles são.

A principal mensagem dessa série é o amor e o respeito a qualquer tipo de diferença, para que possamos viver em harmonia em uma sociedade. Mas antes de amar e respeitar ao próximo, amar e respeitar a si mesmo. Reconhecer que você é digno de um amor lindo. Por isso, o que mais impressiona em Queer Eye é a sua capacidade do olhar humano. Em nenhum momento o público se sente manipulado já que todas as reações, desde dos apresentadores até dos participantes, são verdadeiras.

Vai além da estrutura básica de um reality show, onde os apresentadores ajudam alguém com determinados problemas — sejam eles sociais, de beleza, moradia — e tentam o recompor de acordo com o que o programa considera ser o ideal de vida. Mas o que faz esse reality ser tão especial é que, por trás das transformações, o que importa mesmo é as histórias daqueles personagens e como cada um reflete sua visão de mundo, as vezes até um pouco conservadora.

Integrantes do reality show Queer Eye.

O novo Queer Eye traz as vibes do Queer Eye for the Straight Guy, mas dessa vez com muita mais amor. Ao assistir a série como um todo, você entende que eles estão ali para ajudar e não para zoar pelo o que a pessoa veste ou como se comporta. Claro que eles ainda tem algumas brincadeirinhas, como por exemplo em um dos episódios que um um dos participantes usa Crocs. #desapega. Mas é uma brincadeirinha que aceita como a pessoa é tentando tranformá-la na melhor versão de si.

Queer Eye mostra que existem diversas oportunidade na vida para aprender e crescer a fim de melhorar nossa percepção de mundo. Basta exercitarmos a empatia.

O programa ainda se preocupa em se aprofundar em temas polêmicas como questões raciais, de aceitação, bullying, intolerância religiosa, conservadorismo, entre outros.

Em um dos episódios, um dos participantes que é policial conversa com Karamo (cultura) sobre o quão é desagradável a relação entre os policiais e os negros na sociedade. Karamo, que é negro diz que estava aflito e com medo de estar nessa situação. Em outro episódio, um dos participantes é apoiador do Presidente Donald Trump e a série mostra a preocupação que os cinco fabulosos tiveram ao entrar na vida dele.

Problemas que assombram e muito a comunidade norte-americana. E que finalmente ganham voz, graças a Queer Eye.

Além disso, é um programa que pode se perceber que o machismo atrapalha os próprios homens. Os participantes do reality show são, em sua maioria homens com dificuldades de se abrir com seus familiares, amigos e companheiras(os), e também de cuidar de si mesmos com medo do que a sociedade vai dizer e achar se forem “vaidosos”demais. Vivemos em um mundo onde, desde pequenos, os homens são estimulado a não demonstrar fraqueza ou simplesmente, externalizar os seus sentimentos. Para os homens, é quase impensável pedir ajuda.

Por isso, Queer Eye é uma série de extrema importância para a sociedade que vivemos hoje. Ela quebra inúmeros tabus do nosso mundo. É uma série divertida que te arrancará sorrisos mas também lágrimas. Você, não só se emociona mas também se apega pelos integrantes e participantes do reality. E o melhor de tudo é um série de aprendizado, que lhe fará refletir sobre a sua vida mostrando novas perspectivas de mundo.

Título: Queer Eye

Dirigido por: David Collins

Ano de produção : 2018

Data da estreia: 7 de fevereiro de 2018

Até quando: tempo indeterminado

Gênero: Show

País de Origem: EUA

Elenco: Karamo Brown, Bobby Berk, Tan France, Antoni Porowski, Jonathan van Ness

Duração: 3 temporadas, 8 epiódios em cada e cada minuto com duração de 47–59 minutos

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