Rafael e a Definição da Beleza

Amanda Euzébio
Araetá
Published in
3 min readNov 11, 2018

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Amanda Custódio Euzébio

Na exposição imperdível “Rafael e a Definição da Beleza — Da Divina proporção à graça”, o Centro Cultural FIESP ressalta a importância e influência de Rafael de Urbino (1483–1520), o maior representante da chamada Idade do Ouro, tendo como objetivo apresentar ao público as transformações sofridas pela ideia de beleza durante o Renascimento, através de um passeio pelo percurso criativo de Rafael.

Para isso, conta com uma coletânea de diversas obras de grandes mestres do Renascimento, assim como um conjunto de gravuras produzidas no ateliê de Rafael, utilizadas como meio de difusão de sua arte, que contribuem para o expectador compreender a elaboração dos trabalhos apresentados.

RAFAEL, Deposição, parte da sequência de 16 desenhos preparatórios, partindo de obra de mesmo tema de Perugino (Galleria Palatina, Florença)

Durante o Renascimento, Rafael de Urbino, o mais jovem da trindade encabeçada por Leonardo da Vinci e Michelangelo, foi considerado o mais perfeito entre eles, pois era capaz de unir as formas da Antiguidade Clássica com a naturalidade da expressão humana, formando um novo ideal de beleza, marcado, principalmente, pela elegância. Essa síntese de naturalidade, beleza e elegância é chamada pela crítica da época de “graça”.

A mostra é dividida, estrategicamente, em oito partes, levando o visitante a vivenciar, a partir de uma experiência única gerada com a apreciação de cada obra, a fusão entre arte e beleza, fator que antes era caracterizada não pelo artístico, mas sim pela precisão dos números.

A primeira parte, “A Divina proporção”, apresenta o ideal de beleza instituído pela matemática, através dos estudos de Luca Pacioli e dos tratados Virtrúvio e de Leon Battista Alberti. A segunda parte, “Virtude da imitação”, aborda o conceito crucial do Renascimento, a imitação, caracterizada não por uma mera cópia, mas pela assimilação de princípios, na qual o objeto imitado é a excelência a ser alcançada, ou até mesmo superada.

A terceira parte, “Idade do Ouro”, no começo destaca a famosa obra de Rafael “Escola de Atenas”, que decora a Stanza della Segnatura, no Vaticano. Esta parte também trata da rivalidade entre Rafael e Michelangelo, ressaltando as características das obras dos dois artistas. Na quarta parte, “Uma nova beleza”, a precisão da matemática é substituída pelo olhar artístico. Essa parte é aberta com três preciosas obras, três Madonas, ressaltando a “graça” do trabalho de Rafael.

Rafael, Escola de Atenas, 1509–1511

A quinta e a sexta parte, “Invenção e Execução” e “Instrumentos de Fama”, abordam, com pinturas a óleo e gravuras, a importância do ateliê na formação e difusão das obras, assim como na fama de Rafael. Na sétima parte, “Fortuna das Tapeçarias”, a versatilidade da arte de Rafael é destacada.

Rafael, Madonna com menino, São João Batista e Santa Elisabeth, primeira metade do século XVI. Tapeçaria com tramas de fios de lã, seda, prata e ouro. 310 x 210 cm. Coleção Museo — Antico Tesoro della Santa Casa di Loreto — Ancona / Itália.

E por último, “A difusão da maneira”, apresenta a influência do estilo de Rafael, através de obras de diversos artistas que se inspiraram nele.

Apesar de já reconhecer o talento e importância do artista antes de atender ao evento, a exposição “Rafael e a Definição da Beleza — Da Divina proporção à graça” foi fundamental para que eu pudesse entender a relevância de sua contribuição artística, que marcou diversos períodos posteriores aos seus, e a construção do conceito de beleza, que se altera ao longo do tempo, me fazendo refletir sobre o que é considerado belo não só no Renascimento, mas também na sociedade atual.

Curadoria: Elisa Byington

De 19 de setembro a 13 de janeiro
Terça a sábado, das 10h às 22h
Domingo, das 10h às 20h

Entrada gratuita

CENTRO CULTURAL FIESP
Galeria de Arte
Avenida Paulista, 1313

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