‘Ranking of Kings’

O mangá ficou tão popular no final de 2021 que estrearam sua adaptação para um anime pelo estúdio Wit, com 23 episódios

Lucas Choe
Araetá
5 min readJun 17, 2022

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Ranking of kings é uma série de mangás (quadrinhos japoneses) de fantasia escrita e ilustrada por Sosuke Toka. Os primeiros capítulos foram disponibilizados a partir de maio de 2017. Após alguns lançamentos, o mangá ficou tão popular que no final de 2021 eles estrearam sua adaptação para um anime (animação japonesa), pelo estúdio Wit, no bloco de programação Noitama da Fuji TV, contendo 23 episódios.

O anime se passa em um reino do universo medieval controlado pelo Rei Boss. Lá existem dois príncipes que são cotados para suceder o trono real, Daida e Bojji, porém somente um é o “favorito” do reino. Embora todo mundo acredite que Daida seja um jovem prodígio e ideal para assumir o legado do pai, na verdade a sucessão virá através de seu irmão mais velho Bojji, que ninguém considerava como candidato à vaga, pois Bojji nasceu surdo, é fraco e mal conseguia empunhar uma espada. Apesar disso, ele faz o seu melhor e sonha em se tornar o maior dos reis. Por ser deficiente, Bojji se comunica apenas com linguagem de sinais e alguns sons emitidos por sua boca. Embora seja o mais velho da família, o príncipe é muito menor que seu irmão mais novo e é constantemente motivo de piada por parte dos moradores do reino. Certo dia, ele conhece Kage (Shadow), um sobrevivente de um clã assassino exterminado, que entende suas palavras apesar de Bojji estar em silêncio. Kage ve a situação em que Bojji se encontra, e suas dificuldades, porém kage fica perplexo por observar o Bojji enfrentando todas as suas dificuldades, e descriminações, com um sorriso, e determinação. Kage então resolve ajudar Bojji a ser o escolhido e o melhor rei de todos.

O anime Ranking of Kings possui uma estética visual muito divergente aos animes habituais, com traços suaves, e infantilizados, dando a entender que seria um anime mais leve e tranquilo, porém após assistir os primeiros episódios, nota-se que a animação possui um trama muito tenso, repleto de lições sobre a morte, superação e amizades inesperadas.

No início do anime já podemos acompanhar as descriminações e dificuldades passadas pelo protagonista Bojji, por ser uma pessoa PCD com audição prejudicada, as pessoas aproveitam de sua condição e o julgam em voz alta, sem saber que o Bojji de tanto ter convivido com as pessoas, aprendeu a ler os lábios, compreendendo cada xingamento proferidas a ele. Ao decorrer do anime começamos a submergir cada vez mais na história de Bojji, e a torcer pelo sucesso dele.

Além disso, Bojji está longe de ser o garoto bobo que a população enxerga. Ele não é só o dono de um coração enorme, mas ele também é corajoso e tem uma excelente habilidade de esquiva. O príncipe está ciente de suas funções como filho mais velho de Boss, e se esforça para conseguir ter as habilidades necessárias para ser o novo rei, inclusive em batalha. Praticando exaustivamente todos os dias.

A produção dos traços e cenários destoa totalmente do que esperamos de um anime televisivo, como a utilização de fundos desenhados à mão e um character design mais cartunesco, mesmo bebendo muito dos principais elementos da animação japonesa. O anime de Ranking of Kings aposta em cenas que falam conosco através das atitudes e olhares dos personagens. Possuindo uma paleta de cores vivas, e tons pastéis, trazem uma sensação de conforto e imersão ao ambiente. Tendo em conta um trabalho impecável nas direções de som e trilha, gerando muito mais emoção as cenas de drama, e aos atores de vozes, trazendo vida e carisma aos personagens do anime. A voz do príncipe é feita por Minami Hinata, uma atriz de voz novata no meio, enquanto o drama da sombra Kage ganha bastante peso com a interpretação de Ayumu Murase.

Ranking of kings é um projeto do WIT Studio, e surpreende por ter em sua equipe de produção pessoas com menos experiência. A direção, por exemplo, é assinada por Yousuke Hatta, que nunca havia desempenhado a função de diretor geral até então. Mesmo assim, ele contribuiu com o estilo “infantilizado” de Ranking of Kings com a experiência conquistada na direção de dois longa-metragens de Doraemon, uma das mais populares franquias de anime para crianças do Japão.

Um dos elementos mais interessantes de Ranking of Kings é como estamos constantemente sendo “enganados” pela série, já que o anime joga muito em nossas expectativas e realidade. Os personagens até desprezam as habilidades de Bojji por causa de suas limitações, mas ao mesmo tempo menosprezam a coragem, a força ou a capacidade de se expressar do menino. As dificuldades de comunicação não são um obstáculo, Bojji é capaz de forjar laços muito fortes de outras maneiras. Até a Rainha Hiling, madrasta de Bojji, que é apresentada como megera na trama, está revelando outro lado para o público. Ninguém é o que parece, e as surpresas ao longo do episódio vêm daí. É normal que os personagens tomem algumas decisões inesperadas, é apenas o roteiro da história que explica isso. Nada é de graça, portanto, torna-se um anime imperdível.

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