Rasga Coração
por Vicente Lacerda Xavier
Durante a 42 ª Mostra Internacional de Cinema houve a pré-estreia do novo filme do diretor gaúcho Jorge Furtado(Ilha das Flores), Rasga Coração. O filme é uma adaptação da peça de 1974 do dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, cuja trama consiste dos conflitos de ideias entre pai, Manguari “Pistolão”(Marco Ricca e João Pedro Zappa), e o filho, Luca(Chay Suede).
O filme se passa em dois momentos, no final dos anos 70, em plena ditadura militar, onde ele acompanha a juventude de Manguari, pondo em foco sua relação com seu pai, sua futura esposa Nena, e seus amigos Camargo Velho e Bundinha. Neste segmento do filme, acompanhamos a militância de “Pistolão”, como um dos principais pilares da sua formação, e justifica a sua empolgação quando em 2013, ele vê seu filho Luca se envolver com política.
O Manguari do futuro é completamente frustrado. Ele é profissionalmente frustrado, pois se sente o único funcionário da repartição que luta por uma melhoria das escolas públicas no Brasil. Se sente sexualmente frustrado com sua esposa Nena(Drica Moraes e , ao ponto de durante a noite ter seus momentos de voyerismo.
E então, o conflito do filme está nos encontros de desencontros de Manguari e Luca, quando Luca passa a questionar o autoritarismo das escolas, e junto com outros estudantes eles passam a iniciar um movimento de ocupação dos colégios a fim de buscar uma representatividade ignorada pelas relações. E então, o conflito geracional dos dois passa a pesar cada vez mais.
A beleza do filme está acima de tudo, no poder que um texto pode ter, que transcende gerações, e como o ponto de vista de Vianinha sobre conflitos geracionais, sobre essa relação pai e filho, e sobre política no Brasil está mostrado. O filme não é maniqueísta, não há certo e errado, ele apenas conta sua história sem tomar partidos, o que cada vez mais parece ser difícil.
O filme ainda está no circuito dos festivais e não possui data de estréia nos cinemas comerciais.
