Robert Frank: Os americanos + Os livros e Os filmes
O Instituto Moreira Salles (IMS) apresenta, em sua nova sede na Avenida Paulista, uma mostra celebrando os mais de 70 anos de carreira do fotógrafo, escritor e cineasta experimental, Robert Frank. Robert Frank: Os americanos + Os livros e Os filmes contempla duas fases do artista: sua obra mais célebre, o livro The Americans completo; e segmentos de filmes dirigidos por ele.
A primeira parte: um corredor composto pelas 83 fotos originais que compõem a obra icônica The Americans, respeitando a ordem originalmente proposta pelo autor. Trata-se de uma viagem pelos Estados Unidos de 1955, expondo as contradições da pax americana. Literalmente uma viagem, dado que Frank realmente se propôs a dirigir através dos EUA com sua família, financiado pela bolsa Guggenheim, por meses meses até capturar 27000 fotos.
Não coincidentemente, a introdução do livro é de Jack Kerouak, celebrado autor de “On The Road”. Bons amigos, ambos seriam lembrados por discutir aspectos da sociedade americana que não cabiam nas revistas, publicidades ou televisão: Kerouac pelo underground e Frank pelo mainstream tão mainstream que não cativava quem não prestasse atenção.
Com isso, uma parte relevante na citação de Jack Kerouac: a opção de primeiramente descrever o fotógrafo pela sua nacionalidade. Realmente, é curioso que a testemunha absoluta de uma sociedade seria um estrangeiro nela. Me parece, porém, que só por esse olhar distante Robert Frank pôde, ao mergulhar nos EUA, exclamar gentilmente “isso é tão americano…”, e assim bater uma fotografia antológica atrás de outra.
E para canalizar este olhar estrangeiro, técnica. A influência de outros nomes fortes da fotografia, como Walker Evans (seu mentor) e Henri Cartier-Bresson, em seu trabalho. A peça a seguir, por exemplo, U.S. Metropolitan Life Insurance, NYC (1955): um cenário urbano vazio, inócuo, à la Bresson, consumido pela publicidade, tema típico de Evans.
A fotografia de Robert Frank, assim, capturou elementos da sociedade americana que ocupam sua cultura até hoje, desde enquadramentos e composição até, mais notavelmente, a temática. São bons exemplos: “Vista da Janela de Hotel”, “Rodovia US30” e “Ranch Market” (abaixo).
Finalmente, um comentário a respeito da segunda parte da exposição. A carreira de Robert Frank o levou pelo mundo do cinema experimental e da literatura. Em 1971 criou a capa do albúm Exile on Main St. dos Rolling Stones, a partir de fotografias que capturou deles enquanto os acompanhava nas gravações.
Serviço de exposição:
Onde: IMS Instituto Moreira Salles
Quanto: Grátis
Até quando: 30 de Dezembro
Horários: Terça a domingo, das 10h às 20h, quinta das 10h às 22h
Contato: (11) 2842–9120 — imspaulista@ims.com.brx
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