Sergio

Romântico Ou Político?

Pedro Junqueira Caldas Marques
Araetá
Published in
2 min readJun 3, 2020

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Bom Dia/Boa Tarde/Boa Noite

Recentemente a Netflix lançou uma produção que busca retratar parte da vida de um dos maiores diplomatas da ONU, o Brasileiro Sergio Vieira de Melo, morto no atentado de Bagdá, no Iraque. A obra tem como proposta contar parte da narrativa de Sergio como diplomata e traz parte de seus momento finais no Iraque, buscando uma narrativa lírica onde alterna entre o atentado e momentos relevantes em sua vida pessoal.

Como um dos criadores do projeto está Wagner Moura, que interpreta o próprio Sergio. Além da direção de Fernando Velázquez, já anteriormente diretor do documentário sobre o diplomata. E ainda conta com a participação de Ana de Armas, no papel de Carolina, argentina, mulher de Sérgio na época de sua morte.

Partindo para uma análise crítica, apesar de ser muito intrigante e instigante, o filme ao mesmo tempo que acerta, é de certa forma fraco. Primeiro abordando o quesito direção. Apesar de acertar como documentarista, Fernando Velázquez peca muitas vezes no ritmo e na construção estética e sonora do filme, mesmo tendo ideias boas, como a arrebentação do mar, e nas falas do povo, acaba por deixar a desejar e não ter um “estilo” de filmagem, por assim dizer. Além de recortar muitas vezes e perder o ritmo das passagens, dificultando uma construção emocional para o telespectador.

MAS esse não chega a ser o problema principal da obra. Acredito que o que mais deixou a desejar foi o tom buscado ao retratar Sergio de Melo. Tratando-se de um diplomata com uma carreira brilhante, e que foi ASSASSINADO quando chamado para resolver os conflitos entre Estados Unidos e Iraque, o filme apresente um baixo índice de abordagem realmente política, e isso acaba por ser seu maior erro. No geral, apresenta mais elementos de um romance do que uma crítica social e política. Desaponta no que se diz o método Sergio de trabalhar e buscar a diplomacia. Acaba por atentar na superficialidade.

Para aqueles que têm interesse, como dito anteriormente, o filme se encontra na Netflix. Lá também é possível encontrar o documentário, dirigido também por Velázquez. E que, na minha opinião, funciona mais como obra, apesar de seguirem uma mesma lógica de construção.

Como conclusão, o filme não chega a ser ruim, apenas desaponta, dada a seriedade e relevância do objeto retratado.

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