Sing me to bed

Flávia Queiroz Pimentel

Flávia Queiroz Pimentel
Araetá
4 min readJun 7, 2020

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“Sing me to bed” é o nome do último EP (do inglês “extended play” como é chamado um conjunto de 4 a 6 faixas musicais, sendo considerado o formato intermediário entre um álbum e um single) de Lukey Storey, compositor e cantor londrino de rap. O EP foi lançado no dia 3 de maio de 2020 na plataforma bandcamp, onde as pessoas têm acesso gratuito a músicas de artistas independentes, sendo incentivadas a contribuir com um valor sugerido do qual 80–85% vai para o músico. Descrito como “um álbum de beleza pura com demos completas diretas da fonte”, Sing me to bed é o terceiro EP da discografia de Lukey, sendo antecedido por “HeartWork” e “I’m as shocked as you are”.

Capa do EP “Sing me to bed”
Capa do EP “Heartwork”
Capa do EP “I’m as shocked as you are”

As faixas foram compostas e produzidas em sua maioria durante o período de isolamento social sendo compartilhadas em seu instagram com a hashtag “musicinisolation” (em português, música em isolamento). Como o próprio cantor diz só estar vivo graças sua capacidade de expressar-se por meio da música, ele aproveitou esse momento conturbado da quarentena para dedicar-se a sua produção musical. Com uma carreira de DJ que começou cedo demais, Lukey sofreu as consequências da fama e do uso abusivo de drogas que o levou à dependência química, sendo seus 4 anos de sobriedade motivo de celebração em suas composições.

Seu último lançamento, que tem como capa um auto retrato seu feito na infância, apresenta 5 genuína faixas: beautiful prison, too easy, casual sex, fake e so so. Desde o início da carreira sempre produziu músicas muito honestas que transparecem sua visão de si, ao abordar seus relacionamentos afetivos, a forma como se relaciona com o mundo e seus questionamentos pessoais de forma muito sincera. Lukey admite seus erros, reconhece padrões de comportamento, vícios e aqueles sentimentos humanos que são normalmente rotulados como ruins, chegando às vezes a fazer uma análise mais profunda, de caráter psicológico, em que busca compreender a razão de agir da forma como age.

Fotografia de Lukey Storey para promoção de sua música “Made for love”

Na música que introduz o EP, Beautiful prison, Lukey vê-se preso a uma pessoa que já tem pouco ou nenhum amor para lhe oferecer, reconhece que a relação sempre fora desigual e que agora contenta-se com o mínimo, porque apesar de tudo, sente-se florescer ao lado dela. Na sequência, em Too easy, lamenta-se por ter abandonado um relacionamento que gostava e que poderia ser duradouro simplesmente por ele ser fácil demais, admite sua trágica condição de sempre esquivar-se do amor e implora para que ela não se aproxime muito, para que ele então não fuja. Em Casual sex, terceira canção, afirma ser impossível manter uma parceira sexual sem envolver-se emocionalmente e arrepende-se da decisão que fizera ao vê-la magoada, mas ao fim relembra que tinham combinado tratar-se apenas de “sexo casual”.

A penúltima faixa do EP, Fake, carece do detalhamento e profundidade das anteriores, expressando mais puramente a mágoa do cantor que parece precisar afirmar para si mesmo que aquele amor era falso e que ela mentiu quando disse que o amava. Por fim, em So so, Lukey apresenta uma canção mais voltada para sua saúde e bem-estar, em que reflete sobre seus sentimentos com o refrão “Você me pergunta como eu estou e eu digo mais ou menos”. Afirma ao som de uma melodia mais melancólica que ainda sente muita dor, mostra-se surpreso por seu cérebro ainda funcionar depois de tanto abusar das drogas e diz ter lembranças embaçadas do passado.

Vá lá:

Onde? na plataforma online bandcamp;

Quanto? pode ouvir de graça, mas se gostar das músicas e puder seria legal contribuir com £5 ou mais;

Quando? disponível por tempo ilimitado em streaming e para download desde 3 de maio de 2020;

Saiba mais em

Foto minha

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