Sketch film #1

Giulia Zanini

Giulia Zanini
Araetá
3 min readMay 30, 2020

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Tomonari Nishikawa é um vídeo-artista japonês que reside nos EUA lecionando no curso de Cinema da Universidade de Binghamton. Sketch film #1 é o primeiro de uma série de curtas-metragem experimentais feitos em 2005 em Nova York. Nele, o artista carrega sua Super-8 pela cidade e documenta frames propondo a animação simbiótica entre as linhas geométricas urbanas. O filme foi editado na câmera e processado manualmente.

Frame de Sketch Film #1 (Tomonari Nishikawa, 2005) — um poste com fios de telefone.

Em sua obra, Nishikawa caminha pela cidade e detecta padrões angulares, produzindo uma visão frenética de como a vida na cidade é repleta de linhas e ângulos complementares. Como no desenho de linha, a unidade visual primordial é o traço; perde-se a noção de cor, sombra e preenchimento. A crescente valorização dos contornos e arestas geométricas, traz a atenção para os ângulos construídos entre essas linhas, logo, a solidificação dessas formas apontam para a composição cruzada na paisagem cotidiana.

Um frame de Sketch Film #1 (Tomonari Nishikawa, 2005) — o que aparenta ser uma guarnição de azulejo.

A partir da valorização da linha, a cidade perde seu preenchimento, as formas se repetem e perdem a autonomia. Os olhos se acostumam com a movimentação em flashes e os elementos se tornam abstratos ao olhar. Frame a frame, as linhas da cidade constituem uma relação simbiótica; sozinhas, as fotos representam pouco quando comparadas com o movimento provido por elas quando sequenciadas. Assim, cada quadro é universal em sua relação arquitetônica normatizada, mas é da relação entre eles que surge o efeito orgânico da sincronia e articulação simultânea desse ambiente urbano moldado.

Nishikawa ressalta também a importância do processo de criação enquanto imersão no meio tecnológico. O elemento analógico e manual do trabalho em Super-8 (que em 2005 completava 40 anos) ressalta a relação do autor com o meio de captação que é articulado também para a montagem. A intimidade entre autor, câmera e cidade é indissociável da obra final, uma vez que é dela que a simbiose entre os elementos visuais surge.

VAI LÁ (sem sair de casa, por favor)! :)

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Filme na íntegra [1min e 58s]

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