The Circle

De um simples filtro nas fotos para tornar a vida mais interessante até a criação de uma nova persona, "The Circle" é o novo reality show que põe à prova a (des)confiança dos usuários nas redes sociais.

Maria Beatriz Barboza
Araetá
3 min readApr 24, 2020

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Maria Beatriz Silva Barboza

Poster da série The Circle. (Foto: acervo online Twitter/@CircleNetflix)

The Circle é o novo reality show da Netflix. A série é a versão americana do show britânico de mesmo nome que estreou em 2018. A premissa do reality show é simples: oito competidores se mudam para o prédio criado para a série e cada um ocupa um apartamento diferente. Afastados uns dos outros, os integrantes só podem interagir entre si através da rede social chamada Circle. Ativada por voz, a plataforma permite que os jogadores criem seus perfis e se comuniquem por meio de chats em grupo ou privativos, porém não podendo se ver pessoalmente ou através de vídeos.

Ao longo do show, os participantes devem classificar um ao outro, de forma a colocar seu jogador favorito nas melhores posições. Ao final da classificação, os dois melhores colocados serão os novos influencers, que possuem o poder de bloquear (eliminar) qualquer um dos seis jogadores restantes. Ao ser bloqueado, o participante tem a chance de conhecer cara a cara algum outro jogador de sua preferência.

Seaburn, participante da série que decidiu jogar com fotos de sua namorada e usando o nome Rebecca (Foto: acervo online)

Pensado como um experimento para testar a confiança nas redes sociais, o programa permite que os integrantes do jogo decidam se vão jogar como si mesmos ou se irão jogar como catfishes (pessoas que usam perfis fictícios, com nomes e fotografias falsos). Mentiras sobre nomes, status de relacionamento, características físicas e comportamentais, vale tudo para alcançar o prêmio de 100 mil dólares. Como o próprio slogan da série diz: seja quem for preciso para vencer.

A série acaba levantando uma série de debates como a autoaceitação e a visão do outro sobre si mesmo, como quando alguns participantes decidem criar um novo personagem, pois acreditam que, se forem autênticos, não serão capazes de evoluir no jogo. Com a expulsão de um dos catfishes do programa, uma questão paira no ar entre os participantes e os espectadores do reality: será que se tivessem jogado com suas próprias identidades, tais participantes realmente teriam sofrido julgamentos presentes no “mundo externo”?

"Você teria falado comigo sabendo que eu sou assim? Eu participei como catfish porque fui julgada minha vida inteira. Eu não sou feia, mas não sou feminina" — fala de uma das participantes do programa ao ser bloqueada.

Shubham, participante da série (GIF: acervo online Twitter/@CircleNetflix)

The Circle quebra com alguns dos padrões que estamos acostumados a ver em outros realities. Um dos estereótipos quebrados é o do participante mais popular que, no caso, é um "nerdizinho" que odeia mídias sociais chamado Shubham (apelidado carinhosamente de Shooby pelos outros membros do programa). Ao invés de se passar por outra pessoa, ele decide ser autêntico e ninguém consegue resistir ao seu charme inocente.

E é nessa quebra de padrão que se esconde a ironia da nossa sociedade: enquanto que no "mundo externo" estamos constantemente lutando para passarmos uma visão ilusória de que somos os mais felizes, os mais ricos e os mais viajados, os participantes do reality que foram os mais autênticos e honestos com suas fotos e personalidades, também foram os mais populares na rede social do circle. Com isso dito, levanto aqui um questionamento: será que somos nossa melhor versão de nós mesmos online?

Trailer da série e outras informações

Trailer oficial da série The Circle

Onde: Netflix

Quanto:
BÁSICO R$21,90
PADRÃO R$32,90
PREMIUM R$45,90

Lançamento: 1º de janeiro de 2020 (Netflix)

Até quando: disponível por tempo indeterminado

Onde Assistir: https://www.netflix.com/browse

(Foto: acervo pessoal)

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Maria Beatriz Barboza
Araetá
Writer for

Cronista por diversão, poetisa por amor e jornalista por paixão.