The Midnight Gospel

por Alejandro Puerta

Alejandro Puerta
Araetá
4 min readMay 21, 2020

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Imagem oficial da capa de The Midnight Gospel. (Foto/Reprodução: Internet)

The Midnight Gospel é a mais nova animação produzida e lançada pela Netflix. Criada e dirigida por Pendleton Ward (criador de Hora de Aventura) com a ajuda do comediante Duncan Trussell, co-creator que também dubla a série, The Midnight Gospel teve sua estreia na plataforma dia 20 de abril de 2020. Com classificação indicativa para maiores de 18 anos, entra na categoria de animação para adultos, mas o que a diferencia das demais nessa categoria é seu formato em podcast e os assuntos abordados por episódio. Sua primeira temporada contém 8 episódios de aproximadamente 25 minutos cada, mas por conta de sua apresentação ao público ser muito recente, a Netflix ainda não foi capaz de confirmar se haverá uma continuação para a história.

The Midnight Gospel — Trailer oficial legendado (YouTube/Netflix)

A narrativa gira em torno das aventuras de Clancy Gilroy, um interlocutor de um spacecast — um podcast espacial transmitido para o universo — cujo o nome é o próprio título da série. Clancy abandona o conforto de sua casa e vai viver em uma dimensão chamada The Chromatic Ribbon, na qual ele e os outros habitantes possuem computadores com inteligência artificial capazes de simular multiversos. Assim, em cada episódio Clancy escolhe um universo diferente para conhecer e coloca sua cabeça dentro de um aparelho tecnológico que o lança em direção ao planeta escolhido desse universo. Ao adentrar o planeta, Clancy procura algum ser nativo do lugar que aceite ser entrevistado para seu spacecast, porém os mundos que ele visita sempre estão em estado de caos apocalíptico, e as entrevistas acontecem em meio a uma extrema desordem. Os assuntos abordados nas conversas entre Clancy e os seres são sobre temas complexos e profundos, como drogas, religião, meditação, morte, consciência etc; e ao final de cada episódio, segundos antes de experienciar a morte nas simulações, Clancy volta para sua realidade.

A série foi baseada em podcasts reais produzidos pelo próprio Duncan Trussell em seu show chamado Family Hour, no qual ele entrevista pessoas com experiência nos assuntos discutidos. Ao ouvir a esses podcasts, Pendleton Ward teve a ideia de recriá-los em uma animação e entrou em contato com Trussell que gostou da ideia, dando origem a The Midnight Gospel. Assim, o roteiro da série foi escrito em cima desses diálogos pré-existentes, o que dá certa autoridade a ela para aprofundá-los e apresentar aos espectadores.

The Midnight Gospel — Vídeo musical oficial (YouTube/Netflix)

A animação tem características marcantes que definem bem seu estilo; sempre com muitas cores em diferentes tons, diversos formatos e acontecimentos inimagináveis, TMG possui um ar psicodélico que imerge o espectador em uma realidade alucinante e enigmática. A onda de informações visuais e sonoras é tão grande que é impossível focar em tudo que se passa, o cérebro não consegue responder a velocidade e quantidade de estímulos exibidos. Assim, a série transmite uma de suas mensagens em forma de metalinguagem, ao abordar a meditação como um de seus assuntos principais e instigar o foco do espectador ao submetê-lo a um turbilhão de coisas acontecendo ao mesmo tempo. É o tipo de série que se precisa ver mais de uma vez para entender, pois a partir dos temas que aborda é capaz de mudar a maneira como enxergamos certos conceitos que abrangem nossas vidas como seres humanos, e que muitas vezes passam despercebidos em nosso dia-a-dia ou são ignorados como forma de fugir do sofrimento inevitável que teríamos se eles viessem à tona. TMG é, então, um show que requer mais do que apenas idade para ser assistido, é necessário ter muito foco e mente aberta para entrar na “brisa” que o seriado nos propõe a viajar.

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