Foto promocional dos personagens principais da série lado a lado.

The Morning Show

Por: Luis Guilherme Zaratin

Luis Guilherme Zaratin
Published in
4 min readApr 28, 2020

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A primeira grande produção do novo serviço de streaming Apple TV+ segue o fictício jornal matinal homônimo da série, tendo como atores principais Jennifer Aniston, Reese Whiterspoon e Steve Carrel. O programa começa com a demissão de Mitch Kessler (Steve Carrel) depois de 15 anos como âncora do jornal quando denúncias de assédio e má conduta sexual dentro do local de trabalho chegam à porta da emissora e tem como foco a reestruturação do canal após esse choque.

Quando vi que a série, ainda em sua primeira temporada, estrelada por grandes nomes da comédia, achei que seria uma visão cômica do backstage de grandes emissoras da televisão e como todas as engrenagens se juntam para criar o programa de maior audiência daquela faixa de horário. Logo nos primeiros cinco minutos, pude ver que não seria nada do que estava esperando mas que já me encontrava imerso em uma série que me prenderia facilmente ao longo de seus dez episódios de uma hora cada.

Mitch Kessler e Alex Levy (Aniston) sentados na bancada do TMS.

Ao longo dos primeiros episódios, vemos a transição de Mitch de queridinho da América para um vilão ao olhar da sociedade e como isso começa a pesar na política interna da empresa, levantando o questionamento de “quem mais sabia sobre isso?” e “como esse comportamento foi acobertado por tanto tempo?”.

Quando ficamos íntimos do personagem interpretado por Carrel, começamos a pensar se aquilo tudo realmente aconteceu da maneira que estão falando que aconteceu e se não estavam apenas tentando derrubar um homem de sucesso que sempre foi muito querido por todos que assistiam a seu programa. Com o desenvolvimento do personagem e a introdução de Whiterspoon na série como a “truth-teller”, ou seja, como a que busca e conta a verdade, vamos ficando cada vez mais chocados com o que acontecia e como isso se tornou um fardo para as vítimas do predador sexual que estampava cartazes, ônibus e placas pela cidade de Nova Iorque.

Quando Bradley é contratada como âncora para substituir Kessler, podemos imaginar que ela irá buscar a fundo mudar a estrutura da UBA (emissora da série) trazendo à tona a verdade sobre seus corredores e punir aqueles, mesmo que do alto escalão, que auxiliaram e possibilitaram a criar um ambiente propício para essas práticas tóxicas.

A série me prendeu pelo fato de escancarar, mesmo que em formato de ficção, o que acontece nas grandes mídias e veículos de comunicação do mundo todo e como fazem de tudo para silenciar aqueles que tem algo a dizer sobre o ocorrido. Por meios de demissões e promoções, muitas mulheres deixaram de dizer publicamente o que acontecia lá dentro, apenas aumentando essa sensação de inocência e impunidade que o homem branco tem quando está em alguma posição de poder. O único momento cômico, por assim dizer, foi o meu riso de nervoso ao final da temporada ao saber que isso sempre ocorre no mundo real e levam anos para ser escancarados e os responsáveis punidos, como vemos nos casos de Harvey Weinstein, Bill Cosby, Kevin Spacey, entre outros.

Bradley Jackson (Reese Whiterspoon) no lugar de Mitch e Alex Levy ao seu lado.

Apesar de ser um tema delicado, a série não o apresenta de uma forma maçante, cheia de estereótipos e com muita dramatização. Indico a todos os homens que assistam a esse programa, já preparados para repensar se aquele seu conhecido, amigo, familiar, ou o que for, realmente é o cara que você imagina que ele seja.

Informações adicionais

ONDE: Apple TV+ (Serviço de streaming da Apple)

QUANTO: 7 dias grátis ou R$ 9,90/mês

QUANDO: Disponível em streaming por tempo indeterminado

Quer saber mais? Acesse os links abaixo

Livro que serviu de inspiração para a série

https://www.amazon.com.br/Top-Morning-Inside-Cutthroat-World/dp/1455512885

Sentado e esperando a quarentena acabar (Foto minha no Prédio 1 da FAAP)

TURMA 3APM20201

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