The Perfection

Por: Carolina Bonformagio da Silva

Carolina Bonformagio
Araetá
5 min readJun 3, 2019

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Poster oficial do filme

The Perfection é um filme original Netflix de terror/suspense psicológico do diretor Richard Shepard, que estreou no dia 24 de maio de 2019. O filme começa contando a história de Charlotte Willmore, vivida por Allison Williams, de Corra!, uma violoncelista excepcional que teve de deixar a prestigiada escola de música Bachoff para cuidar de sua mãe doente. Após a morte da mãe, Charlotte entra em contato com seus antigos mentores, Anton (Steven Weber) e Paloma (Alaina Huffman), e conhece a violoncelista prodígio que ficou em seu lugar e que está fazendo muito sucesso, Elizabeth Wells (Lizzie), vivida por Logan Browning, de Cara Gente Branca.

Lizzie (Logan Browning) à esquerda e Charlotte (Allison Williams) em cena do filme. Netflix/Tumblr

Tanto o trailer de The Perfection, como sua premissa, dão a entender que essa será apenas mais uma história sobre vingança e a rivalidade dentro do mundo da música, que colocará suas duas protagonistas femininas uma contra a outra. Porém, durante os quatro atos no qual o filme foi dividido e suas infinitas reviravoltas, ele apresenta um desenvolvimento muito maior do que promete o trailer.

Os olhares contribuem para a intensidade. Netflix/Tumblr

Aliás, a divisão em quatro atos — Missão; Atalho; Lar; e Dueto — foi uma das coisas das quais mais gostei, pois cada um apresenta um ritmo diferente ou introduz um novo gênero ao filme, que apesar de ser um suspense psicológico, traz elementos de drama, terror e até de romance. Essa separação também ajuda na imprevisibilidade da história, minha parte favorita, uma vez que não só cada capítulo tem os seus próprios twists, mas como um ato pode mudar completamente o sentido do anterior, ao mesmo tempo em que o complementa.

Richard Shepard também faz um trabalho incrível em ocultar as principais características dos personagens e suas verdadeiras motivações e intenções, que vão aparecendo aos poucos no desenvolver da história, tornando praticamente impossível adivinhar as próximas ações dos personagens, deixando um ar de desconfiança e de incômodo. Mas não podemos nos esquecer de creditar a atuação impecável das duas atrizes, Williams e Browning trazem uma performance de tirar o fôlego explicitando as sensações de desespero e falta de controle, além do sentimento de que não podemos confiar em absolutamente ninguém. Ademais, contribuem com o fator cômico da narrativa quando suas personagens tomam ações completamente absurdas e extremas para resolver certas situações.

Charlotte e Lizzie em cenas do 2º e 4º atos, respectivamente. Netflix/Tumblr

A mensagem que The Perfection quer passar e as críticas que faz só são expostas ao público próximo ao final do filme, quando se tem o desfecho.

É necessário destacar o ótimo trabalho da equipe técnica, que através de excelentes recursos cinematográficos, como fotografia, edição e trilha sonora, conseguiram desenvolver e manter o controle sobre essa narrativa maluca.

O diretor de fotografia opta pelo uso de cores fortes e vibrantes, como o vermelho, o azul e, principalmente, o amarelo, para ressaltar a intensidade do filme e suas emoções e para mostrar o alcance da perfeição. Ele também utiliza tipos de enquadramentos imprevisíveis e posições de elementos nos quadros que destacam a dinâmica entre Charlotte e Lizzie ou suas expressões e que são essenciais para o desenrolar da história.

O uso de cores vibrantes, como o amarelo, muito presentes no filme. Richard Shepard/Netflix

Como uma amante de trilha sonora, eu não poderia deixar de mencionar a trilha de The Perfection. Apesar de ter músicas contemporâneas, a maior parte do filme é acompanhada do violoncelo que dita o ritmo e as emoções da narrativa. Cenas mais intensas, por exemplo, são seguidas de um violoncelo nervoso que aumenta ainda mais a tensão e o suspense. Os sons são de arrepiar e o mais impressionante é que as atrizes aprenderam a tocar o instrumento e gravaram todas as suas cenas.

“Cello Duet no.3” composta por Rolfe Kent e Paul Haslinger. Performance por Logan Browning e Allison Williams

Para concluir, The Perfection é um filme brilhantemente insano e absurdo, com reviravoltas imprevisíveis que manipulam o público e nos deixam completamente sem reação, mas não é para todo mundo. O filme apresenta cenas bem violentas e fortes para algumas pessoas, como cenas de vômito, insetos, mutilação, sangue, tentativa de suicídio, entre outros tópicos sensíveis que podem ser muito chocantes e acabar por desencadear emoções ou memórias muito ruins e desagradáveis.

Aliás, uma das principais críticas em relação a esse filme, foi na verdade direcionada à Netflix. A empresa de streaming colocou a faixa etária para maiores de 16 anos, mas não colocou nenhum trigger warning (avisos) sobre as cenas possivelmente sensíveis, fazendo com que um número grande de pessoas relatasse que passaram mal durante ou após o filme.

Charlotte em cena do filme. Netflix/Tumblr

De qualquer maneira, se esse é um tipo de filme que te agrada, eu recomendo muito. Os plot twists, as atuações, a direção, a montagem, a sensação de “o que foi que eu acabei de ver?”, tudo vale muito a pena. Vale lembrar também que esse é o tipo de filme que quanto menos você sabe melhor vai ser sua experiência, então cuidado com os spoilers.

The Perfection. Netflix/Tumblr

Serviço:

Onde: O filme está disponível na Netflix.

Quanto: A partir de R$21,90 por mês.

Quando: Estreou no dia 24 de maio de 2019.

Até quando: O filme estará disponível por tempo ilimitado.

Links relacionados: Trailer legendado do filme.

Eu :)

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