“The Promised Neverland”, mudando de perspectiva para entender a sociedade

Por Matheus Augusto Tavares dos Santos

Matheus Augusto
Araetá
4 min readMay 4, 2020

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Com o nome original de “Yakusoku no Neverland”, é uma série de mangá desenvolvida por Kaiu Shirai e ilustrada por Posuka Demizu que teve seu lançamento em 1 de agosto de 2016 e foi publicada pela na revista “Weekly Shōnen Jump”. Em janeiro de 2019, ganhou uma adaptação para uma série animada pelo estúdio “Clover Works”, conquistando um grande público por todo o globo.

Cartaz de divulgação do série.

“The Promised Neverland” se passa em um mundo em que humanos e misteriosas criaturas chamadas de demônios, as quais são uma espécie que evolui adquirindo as características do que comiam e que precisam ingerir constantemente esse mesmo alimento para manter tais fatores, viviam em constante guerra. O motivo por detrás deste intenso conflito é que a humanidade era uma fonte única de alimento por conta de sua inteligência, por conseguinte se tornaram o alvo perfeito para os monstros. Após séculos de batalhas, a fim de alcançar a paz, resolvem separar o mundo em dois através de uma promessa com uma entidade sagrada, criando, desta forma, uma realidade exclusiva para cada espécie.

A narrativa é desenvolvida em torno da personagem Emma e de seus amigos Norman e Ray, os quais fazem parte de pequeno grupo de crianças que são criadas em um orfanato que está inserido no mundo dos demônios, ou seja, trata-se de um lugar para a produção de sua comida, seu gado. No entanto, as crianças vivem uma vida tranquila, brincando, estudando e indo para a adoção de tempos em tempos, sem nenhum conhecimento do lugar em que vivem. As três personagens viviam pacificamente em seu pequeno mundo, até que um dia uma das crianças que estava sendo adotada esquece uma importante lembrança e Emma resolve ir até o portão para devolver o objeto. Com isso, descobre a terrível verdade, sua amiga não tinha sido acolhida e sim morta.

Depois deste grande choque, com a ajuda de Gray e Norman, decide que iria salvar todos os seus irmão através de uma grande fuga. Desta forma, o roteiro canta toda sua aventura e descobertas, desde sua fuga com seus amigos até a tentativa de voltar ao mundo humano. Além disso, discute uma complexa relação socioeconômica presente na própria realidade dos demônios, servindo como um meio para expor os problemas de nossa sociedade.

Um conto filosófico:

Conota-se que a distopia é fortemente inspirado pela alegoria da Caverna de Platão, a qual trabalha com esta questão da ignorância em relação a realidade e ao choque que o indivíduo tem ao descobrir a verdade. Além disso, desenvolve brilhantemente a questão da exploração dos animais pela a humanidade ao trocar os papéis dos dominantes pelos dominados por meio de um universo que é esculpido por ilustrações e cenários com exímio domínio técnico e uma ambientação extremamente complexa, emergindo por completo o espectador na narrativa. Também elucida a complexa relação de religião e política e como que ela afeta a sociedade através de uma maneira criativa e intrigante. Vale ressaltar que como a história é contada do ponto de vista de Emma, alguém que adentrou recentemente na sociedade dos demônios, observa claramente todos os problemas e injustiças que os assolam e faz questão de explanar e ponderar sobre cada questão, os quais remetem a situação da nossa sociedade.

Emma e sua amiga Mujika, um demônio, a qual defende a liberdade dos humanos.

Além disso, relembra outros pontos relacionados à política poucos tratados na atualidade, como o domínio através do controle da distribuição de alimentos por meio do domínio das linhagens mais fortes sobre a produção de comida e, consequentemente, sobre o resto da sociedade, pois caso eles cortassem a distribuição todos iriam definhar. Fazendo uma alusão a delicada situação de grupos sociais menos favorecidos, os quais se estendem desde favelas até maiores ambientes como a África.

Ademais, contempla sutilmente uma discussão sobre a disparidade sociocultural, através de Emma, a qual seria um produto de alta qualidade por ter sido criada solta, recebendo ótima educação e outros privilégios e dos demais criadores, os quais produzem uma quantidade em massa de pessoas em uma situação desumana, sequer sendo capazes de pensar. Portanto, caso esteja procurando uma obra que contemple complexas discussões da sociedade, com uma estética agradável e exótica, “The Promised Neverland” certamente não te decepcionará.

Orfanato em que Emma e seus amigos foram criados/criação em massa de pessoas.

Onde, como e quanto custa para assistir?

A série é oficialmente distribuída pelo serviço de streamig “Crunchyroll”, com uma assinatura custando R$ 25,00 reais mensalmente, podendo ser acessado a qualquer momento e sendo amparado pelas plataformas Android e iPhone, consoles (Xbox, Play Station e Nintendo) e computadores (Windows e Mac).

Interessado? Confira o trailer da primeira temporada e saiba mais em:

Site oficial da Crunchyroll:

https://www.crunchyroll.com/pt-br

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