‘The Rape of Europe’
Maxim Kantor e o movimento artístico de resistência aos conflitos Rússia x Ucrânia
Mayara Lana Gouveia Silva
Em uma exposição desenvolvida durante seis semanas, “The rape of Europe” , que junta pinturas a óleo do artista russo-alemão-argentino Maxim Kantor se marca por uma tentativa para desmascarar o regime russo de Valdimir Putin, conforme a invasão à Ucrânia se intensificou. O artista, nascido em 1957, desenvolveu as obras a partir de suas vivências crescendo na Rússia e se mudando para diversos países europeus, assim como estudos pela sua formação como artista e historiador formado.
As obras expostas, criadas durante 30 anos, refletem não só os conflitos atuais que vemos entre a Rússia e Ucrânia, mas também sobre à cumplicidade dos governos europeus, coniventes com o enraizamento de políticas que permitiram o estopim dessa guerra.
Maxim Kantor dedica a coletânea de obras às “pessoas que foram oprimidas pelo Estado Russo” — que segundo autoridade da Otan, apesar de valores incertos e inferiores à realidade, já ultrapassam de 15.000 mortes. Mais que um ato anti-guerra, a explícita e comovente sensibilidade do artista permite ao observador entrar no ambiente distorcido das obras. Assim como entender melhor as maneiras que conflitos ideológicos colocam as populações vulneráveis como peões de um jogo de mesa, ignorando as singulares vidas e as histórias locais, que serão devastados para sempre.
Utilizando deformações de perspectiva e cores vibrantes, realça a intensidade de seus sentimentos numa iminência artística completa de angústia. Entre escombros que se estendem pelo horizonte, a obra “Эразм Роттерамский и Томас Мор” retrata a extensão do caos que deixa marcas não só à Ucrânia, mas como toda a Europa.
“The war was not a surprise to me,” Kantor says. “It is one of the links in the chain. It is not the first event and will not be the last event.”
Mais do que a polêmica entre posicionamentos de política internacional, é de suma importância se tornar a par do momento que vivenciamos. Estes eventos, citados por Kantor não serão as últimas tragédias que veremos nos próximos anos, como acompanhamos pelas tensões econômicas pós-pandêmicas e agora, com os conflitos envolvendo o governo de Putin; portanto, a luta contra ignorância e resistência artística não será efetuada somente com os artistas, e sim com a população que deve contribuir tendo em vista a existência destes.
SERVIÇO
Onde? MNHA (Museu Nacional de História e Arte de Luxemburgo).
Quando? 27/04 à 16/10.
Quanto? Entrada franca.