‘X’

Ti West e um slasher pouco fundamentado

Felipe Rodrigues da Costa
Araetá
3 min readMay 15, 2022

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Por Felipe Rodrigues da Costa

“X” mostra jovens com o propósito de gravar um filme pornográfico, filme este que será rodado em uma edícula alugada pelo grupo. Ao chegarem na fazenda, se surpreendem com os donos do local, um casal de idosos esquisitos. No desenrolar do longa, o grupo começa a gravação de seu filme, mas os proprietários ficam relutantes e frustrados, mais especificamente a mulher, que há tempos está também frustrada sexualmente. Assim, os dois começam a se vingar do grupo.

Produzido executivamente por Sam Levinson, diretor da notável série “Euphoria” e protagonizado por Mia Goth, o longa trata de um slasher, subgênero de terror caracterizado por mortes massivas e com um assassino misterioso por trás delas.

Grupo de jovens que protagonizam “X” de Ti West

O filme tenta seguir os fundamentos do slasher, trazendo elementos tradicionais dessa categoria de filme, se assemelhando muito a um grande clássico do subgênero, “O Massacre da Serra Elétrica”. Mesmo assim, o longa sucede de maneira mínima, quase inexistente ao tema, explorando demasiadamente os assassinos. Além disso, o filme falha com o principal do slasher, tendo foco maior em uma narrativa e deixa um pouco para trás toda a violência que faz o subgênero ser o que é.

A indústria pornográfica vem se modernizando atualmente usufruindo de maneiras persuasivas para introduzir jovens a associarem pornografia como uma maneira de empoderamento individual. Porém, essa romantização da área tem como consequência a exploração e submissão da mulher por livre arbítrio. A utilização da mídia e do audiovisual como fator para explorar essa romantização pode ser constatada na maneira que o filme explora as personagens femininas.

Desde um “desenvolvimento de personagem” que envolve a elaboração do interesse de uma das personagens para participar do filme pornográfico. Isso se dá partir de diálogos que justificam o empoderamento das atrizes, que comentam suas sedes por fama, que serão saciadas introduzindo a carreira delas a partir da pornografia, que “abrirá portas”, segundo elas.

Essa reflexão, que alguns poderiam desenvolver sem uma elaboração mais complexa do filme, para quem reconhece os trabalhos prévios da equipe de filmagem, se desenvolve ainda mais. Sam Levinson, produtor executivo do filme, vem sido duramente criticado por forçar nudez em suas produções, nudez essa muitas vezes indesejadas e dispensáveis. Mais uma vez, esse fenômeno se repete em “X”.

Cena onde Mia Goth (atriz de ambas personagens) é assediada pela dona da casa em “X”, de Ti West

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Onde assistir?

O filme ficará nos cinemas, sem previsão para entrar nos streamings.

Quanto para assistir?

O ingresso geralmente custa em torno de 35 a 40 reais (entrada inteira) ou entre 15 a 20 reais (meia entada).

Quando?

O filme fica em cartaz no Brasil ao longo do segundo semestre de 2022.

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Felipe Rodrigues da Costa

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