Julie Zhuo: cientista da computação e designer de produtos

Rubens De Souza Junior
Arbeit Studio

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Um pouco de sua história, conselhos e a síndrome do impostor.

Nesse mês fui encorajado a falar de mulheres da nossa área de tecnologia e design. Então resolvi falar um pouco da Julie Zhuo.

Ela teve participação direta na elaboração do conteúdo do seu feed de notícias, na maneira como você reage às postagens, como você compartilha fotos e muito mais . Tudo isso enquanto estava em um estágio de engenharia a vice-presidente de design de produto, no Facebook.

Julie Zhuo é uma empresária e cientista da computação sino-americana. É uma das principais executivas de design e produto no Vale do Sílicio . Foi vice-presidente de design de produto do Facebook, onde trabalhou por 11 anos e atualmente umas das fundadoras da Sundial.

Também é autora do livro The Making of a Manager (2019), em português: Os Bastidores de um Líder: o que Fazer Quando Você é o Foco de Todos os Olhares (2022).

Livro de Julie, em português. Lançado em 2022.

Zhuo é de Xangai, com 5 anos ela e sua família se mudaram para o Texas.

No começo da sua vida, por influência dos seus pais, se imaginava em três empregos: advogada, engenheira ou médica.

Durante o ensino fundamental ela descobriu que amava desenhar, mais especificamente arte digital. Achava que não levava jeito com desenho, a razão era por conta que suas mãos que tremiam muito e todo seu processo era estressante para ela.

Nessa época descobriu o MS Paint, foi o primeiro aplicativo de design, e se surpreendeu com o controle que podia ter com seus desenhos. Esse processo a fez uma profissional em oficinas de pintura. E então conseguiu uma versão pirata do Photoshop, pois não tinha dinheiro para comprar a licença. E partiu para a corrida da carreira de arte digital. E foi através da arte digital que realizou e fez bastantes trabalhos, mas como e o que fazer com essas artes? Se perguntou.

Via outros colegas publicando seus trabalhos em sites. Foi ai que Julie decidiu construir um site e mostrar seu portfólio. Começou a aprender html e construir o site. E essa foi a sua entrada para o mundo de design. Mas nessa época ainda não sabia ao certo o que era design. Isso foi durante o ensino fundamental e médio.

Quando Julie entrou na faculdade, entrou e estudou ciência da computação. Na época ela gostava de construir sites e o mais próximo disso era a engenharia da computação e que pudesse trabalhar para uma dessas grandes empresas de tecnologia.

E foi apenas em uma aula no último ano, que lhe ensinou, o que é o Vale do Silício, o que é empreendedorismo, e todas aquelas histórias que “duas pessoas na garagem fizeram algo grande”. Foi ai que ela pensou “não quero trabalhar para uma grande empresa, quero descobrir se posso fazer uma startup, transformar algo pequeno em algo grande”.

Nessa época de 2006, Julie diz que foi sorte ter uma startup na rua da sua universidade. Era um produto que usava há dois anos, o Facebook.

Ainda era um produto de rede social para escolas de ensino médio e universidades, na época oito milhões de usuários. Estavam fazendo muitos recrutamentos em Stanford e foi assim que Julie decidiu fazer um estágio.

Foi ali no Facebook, sentando e trabalhando próximos dos designers, foi a primeira vez que ouviu que designer era uma profissão, um trabalho. Os engenheiros front-end também eram designers, e foi nesse momento que ela encontrou sua tribo. E que tinha muita coisa pra aprender sobre design, nunca foi formalmente treinada para isso. Só havia desenhado pra si mesma.

Zhuo, classificou o tema do primeiro capítulo da sua vida no Facebook como “Aprendizado”; como ser um designer, aprender sobre usabilidade, sobre nomenclaturas e como o usuário não é algo separado do produto.

5 lições da Julie, adquiridas durante processo:

  1. Um bom design é a criação de uma experiência agradável , útil, fácil e acessível, mas é difícil adicionar funcionalidade sem aumentar a complexidade.
  2. As escolhas certas de design raramente são óbvias para os próprios designers, mas devem parecer óbvias para o usuário final.
  3. Quando se trata de formação de equipes em produtos, não existe uma proporção ideal entre designers e engenheiros . Ele muda dependendo de onde você está para alcançar a adequação do produto ao mercado.
  4. Princípios fortes de design devem ser controversos , porque devem explicar por que sua empresa tomou uma decisão que outra não tomaria.
  5. Quando dois produtos realizam uma tarefa com facilidade relativamente semelhante e por um preço semelhante, o diferencial final será como o produto faz o usuário se sentir . O design desempenha um papel importante nisso.

Com o crescimento do Facebook, Julie teve a oportunidade de gerenciar uma equipe de designers. Estava totalmente despreparada com isso, não tinha ideia do que estava fazendo.

Processo de recrutamento, o que é um bom design? Como vamos projetar o design nessa empresa? Escalas, estratégia. Como o design trabalha com todas as outras áreas para construir algo incrível? Diversos aprendizados em diversos capítulos.

“Nos primeiros 8 anos no Facebook, todas as semanas eu me sentia como uma impostora”.

Diversas perguntas pairavam sua cabeça:

Será que você merece estar aqui? Você sabe o que está acontecendo? Você nunca fez esse trabalho antes? Isso era um refrão constante em sua cabeça.

Depois desses anos ela pode se sentir confortável, olhar para trás e ver todas as coisas que trabalhou, aprendeu, e fez crescer. E nesse momento algo clicou em sua cabeça. Que se constantemente se colocar em uma situação que não estava anteriormente e ter contato esses problemas, isso vai me levar a crescer e aprender. Na sua visão, estar no Facebook no momento que o Facebook estava, foi sorte para esse momento de aprendizado e de testar novas coisas, se voluntariar para ajudar em outras áreas.

Seu primeiro conselho é estar em empresas pequenas que estejam passando por esse crescimento.

O segundo é, aceite o fato que não há problema em estar em uma posição que você não saiba o que fazer e não foi treinado para isso. Isso vai de encontro com o aprendizado intenso, talvez abordar isso com o senso de curiosidade.

O que confortou era descobrir que muitas pessoas passavam por isso, independente do título que a pessoa tinha ou o cargo. Achava que antes as pessoas sabiam exatamente o que estavam fazendo, mas nem sempre é o caso.

Se você vai fazer alguma coisa nova, pela primeira vez, como se sentir totalmente confortável? Ou totalmente preparado? Sempre vai existir algo novo. Só fazendo múltiplas vezes a mesma coisa, você começara a ver os padrões e “ok, vai ficar tudo bem”.

Ainda mais na área de tecnologia que isso é a normalidade, sempre existe algo novo, diariamente.

Então Julie aprendeu a ter ferramentas melhores para lidar com isso, uma delas é lembrando que se eu se sentir desconfortável, está tudo bem, outras pessoas também se sentem assim, todo mundo sente e é totalmente natural.

Outra ferramenta é pedir ajuda.

Antigamente Julie segurava tudo para si, “é melhor fingir até conseguir. Se todos esperam que eu vou saber, é melhor enganá-los.”

Estava apenas impedindo de ser capaz de conseguir apoio, camaradagem e empatia. Mudar isso foi algo que a ajudou a crescer muito rápido e com menos dor nesse processo.

Uma coisa que aprendeu é que não há problema em pedir ajuda, podendo alcançar pessoas que tem ou tiveram o mesmo problema. E as vezes apenas ouvir das pessoas um “vai ficar tudo bem”, é o que precisamos.

Outro conselho é que não há problema em ser vulnerável e apenas conversar com as pessoas. Dizer o que está sendo difícil, o que você acha e com o que estamos lidando. Dessa forma criamos conexões mais profundas e as pessoas são mais capazes de ajudar, e podemos distribuir e compartilhar um pouco dessa carga.

“Nunca terei todas as respostas sozinhas”

As vezes apenas compartilhando qual é o problema, o que estamos lidando, compartilhando a carga vamos conseguir chegar em uma solução melhor em conjunto.

Julie saiu do Facebook e agora tem sua própria Startup, a Sundial. Que era algo que sempre teve interesse. Em voltar as fases iniciais e trabalhar do zero em um produto. A Sundial faz analises de dados de produto, e como os dados podem nos ajudar a criar produtos melhores, reduzindo o preconceito em nossas intuições.

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Referências:

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