O livro ou o filme?

O que é melhor, o filme baseado no livro, ou o livro que foi derivado do filme?

Gabriel Gastaldo
Arddhu
3 min readNov 25, 2015

--

É lugar comum na internet a discussão acalorada sobre o que é melhor: o livro ou o filme; o filme, ou o quadrinho; a série, ou o filme… insira o debate ideológico sobre produto pop, que for de sua preferência.

Sim, concordo que muitas vezes as adaptações são sofríveis, isso não é incomum, ainda assim, muitas vezes a discussão surge no âmbito livro vs filme onde, dependendo do meio, temos a predileção de um em detrimento do outro, como se fossem rivais e não pudessem ser devidamente apreciados cada um da sua forma, cada qual, pertinente à sua mídia.

Logo, com o tempo e a atenção, reuni alguns fatos nada científicos, obtidos pela pura observação de relatos e coleção de impressões de terceiros:

1 — A mídia em que uma obra é experimentada pela primeira vez, será considerada a melhor. Se for o filme de um livro, não importa a ordem de lançamento, o primeiro contato será melhor. Se for o livro de um filme, idem.

1.1 — Uma exceção desse fato é, caso seja um livro e o filme faça muito sucesso, eventualmente a maioria irá demonstrar predileção pelo livro, mesmo que tenha tido experiência com o filme primeiramente.

1.2 — Outra exceção é, caso o livro seja muito apreciado por intelectuais, a exceção anterior procede, os relatos primarão por preferência pelo livro, mesmo que a experiência com o filme seja a primeira e, ainda, mesmo que a pessoa realmente tenha gostado mais do filme.

2 — Raros são os casos onde as obras são entendidas como mídias diferentes, portanto, obras diferentes (por mais que uma derive da outra) e cada uma tem seu valor, a exceção dessa raridade se faz quando um grande cineasta filma tal obra (nesse caso, se for um cineasta amado pelos intelectuais, o filme pode ganhar a primazia).

3 — Por mais que a obra não faça parte da vida de X, mas faça parte da de Y, se Y falar sobre a obra a X, este automaticamente assumirá seu papel de defensor da obra, optando pela sequência de regras anterior e ridicularizando Y caso ele não corrobore com a regra.

4 — Em qualquer círculo onde a obra seja cultuada ou estudada, qualquer menção à mesma sem dar a importância que o círculo atribui, resultará em ojeriza por quem não acatar tal regra.

5 — Impressões pessoais não contam. A única coisa que vale sobre uma determinada obra é a impressão de algum intelectual, embasada mesmo que unicamente numa comparação esdrúxula que o mesmo fez embasando-se nos artifícios mais aleatórios da vida (por mais que opere completamente através do non-sense).

6 — A expectativa diante de uma obra é diretamente responsável pela sua aceitação e pela capacidade de “agradabilidade”. O tempo após o lançamento da obra será coroado por amantes que irão elevar tal obra a ponto de criar expectativas ainda maiores ou frustrados pela experiência que tiveram.

7 — Caso a obra em questão seja experimentada após o Hype, o contato com amantes ou frustrados irá gerar uma quebra na equação de expectativa, podendo fazer com que uma obra considerada ruim seja vista como boa ou até normal, e com que uma obra que seja considerada boa seja vista como normal, ou até ruim, por não corroborar com a expectativa resultada na equação da expectativa inicial, expectativa coletiva e expectativa pós contato com a expectativa particular de pessoas que formem opinião.

8 — Esses fatos, ou regras, valem para qualquer mídia, seja ela literária, cinematográfica, televisiva seriada, quadrinhada ou o raio que o parta.

9 — A Colher não existe.

--

--

Gabriel Gastaldo
Arddhu
Editor for

.(R)egular guy in (P)resent time.(C)lose this world open the n(EXT).