Sai X (insira aqui uma maioria privilegiada)

Gabriel Gastaldo
Arddhu
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3 min readDec 20, 2016

Algumas coisas são curiosas como se desenvolvem.

O dito empoderamento que esse tipo de argumento da esquerda promove acontece em um claro cumprimento da visão de que quando a educação não é libertadora, o objetivo do oprimido é virar o opressor.

Enquanto a imagem da direita seria claramente vista como homofobia, racismo e misoginia, a da esquerda é vista com aplausos através de uma atitude para equalizar o poder. Falácia, completa falta de entendimento dessas pobres pessoas que ainda se encontram na caverna do macho, branco (mas provavelmente gay) de alguns milênios atras.

Em uma busca pela equalização o principal objetivo lúcido, em busca de resultados reais, construtivos e duradouros, é elucidar o opressor, é conscientizá-lo de sua opressão e humanizar tanto a si mesmo, deixando de ser o “outro” aos olhos do opressor, quanto a ele mesmo, embutindo empatia ao fazer com que ele deixe entenda sua posição e o quão daninho é o seu comportamento.

Em momento algum, uma guerra, uma batalha, será favorável a uma minoria. Basta exercitar a lógica, quem, em sã consciência, abdicaria de seus privilégios em prol de outro, pelo qual sequer nutre o valor e visão de que esse seja um “igual” um “humano”? É uma questão simples de sobrevivência e instinto humano, dos mais baixos, mas mais encrustados em sua persona.

Não estou falando de protagonismo, não estou falando de abdicação de valores ou de subserviência ao “poder” que deseja ser derrubado. Eu falo da batalha que cada ativista tem de fazer consigo mesmo para não cair na tentação de, na verve de buscar a equalização, tentar tomar o lugar do opressor.

Pois é assim que o opressor enxerga essa batalha agressiva, como uma tentativa de ter seu lugar privilegiado tomado de assalto e não compartilhado.

Sem elucidação, sem empatia, o próprio ativismo pode tropeçar em se tornar opressor e, como já se sabe, nessa batalha a minoria tende a perder a disputa, exatamente pelos motivos que fazem o privilegiado estar em sua posição.

Por isso essa imagem da esquerda embora possa parecer bonita a um primeiro momento, para aqueles que comungam com as causas em questão, com ela se mostra um tiro no próprio pé, apenas alimentando a falsa impressão daninha de que as minorias querem privilégio, quando de fato elas buscam apenas o que lhes é devido de direito.

Claro, esse é meu pensamento nesse momento, sem buscar a fundo a causa dessa imagem e a história por trás desse momento em particular, mas creio que meu raciocínio seja válido para muitas questões; Eu tenho meus privilégios por ser branco (embora não tanto), macho e heterossexual e tenho noção disso, também tenho empatia para entender as causas e lutas de minorias; Posso ampliar minha percepção futuramente, vir a discordar desse texto em outro momento ou considerá-lo bem raso.

Tudo isso acontece pois ao invés de terem jogado na minha cara meus privilégios, procurado me tirar eles à força, eu tive contato com pessoas pacientes e que desejavam algo transformador e duradouro, me mostrando e ensinando, me convertendo sim em um simpatizante de suas causas sem que para isso eu precisasse abdicar de minha capacidade de raciocinar, conseguindo criar em mim empatia pelas suas lutas.

Então antes de me xingar ou responder a esse texto com pedras, peço que reflitam a respeito. Após isso, sou todo ouvidos para esclarecimentos e a tentativa de melhorar cada vez mais minha consciência e percepção além de ajudar a tentar a transformar o mundo em um lugar melhor.

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Gabriel Gastaldo
Arddhu
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.(R)egular guy in (P)resent time.(C)lose this world open the n(EXT).