Ação Pura

Projetos promovem ação de conscientização ambiental em Fortaleza

Instituto Meraki, Ciclo Jr e ONG Colmeia Vegan se reúnem com o intuito de orientar sobre o descarte do lixo produzido.

ana rita monteiro
Areia Limpa

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Como uma forma de iniciativa de conscientização sobre o descarte de lixo que produzimos diariamente, três projetos, atuantes nas redes sociais, — Instituto Meraki, Ciclo Jr e ONG Colmeia Vegan — se uniram numa tarde de um sábado, às 14h, no Dia Mundial dos Oceanos, em uma ação de educação ambiental na Praia dos Crush, em Fortaleza.

Aproximadamente, mais de 100 pessoas permaneceram reunidas próximas ao ponto de encontro, localizado no Instituto Belchior. Na ação, observava-se a presença de organizadores, voluntários dos projetos e pessoas de fora que descobriram a ação pelas mídias sociais. O sol e o calor não desanimaram os participantes. Todos se encontravam com o mesmo intuito de não apenas se conscientizar acerca da quantidade de lixo que produzimos, mas também de como isso pode afetar o Meio Ambiente no futuro.

Instituto Meraki

Solidariedade. Fazer com amor. Ação pura. Esses são alguns dos significados da palavra de origem grega “Meraki”. Foi, dessa forma, que surgiu o nome do Instituto Meraki, em que, atualmente, contando com mais de 400 voluntários no Instituto. Thaís Silva, diretora chefe de projetos do Instituto, foi uma das organizadoras da ação de sustentabilidade no último sábado, trabalhando em conjunto com Ciclo Jr e ONG Colmeia Vegan.

Thaís Silva, diretora chefe de projetos do Instituto Meraki | Foto: Ana Rita Monteiro

Thaís Silva, 22 anos, estudante de Psicologia, conta que sua principal função no Instituto Meraki é elaborar projetos em longo prazo, além de atividades externas e internas. Sobre o Instituto, a estudante comenta que, além de realizarem práticas voltadas ao Meio Ambiente, eles também desenvolvem ações com pessoas em situação de rua, crianças, idosos e realizam atividades com a causa animal. “A gente faz todo tipo de ação, atendendo diversos públicos”, pontua. Quando perguntada sobre como o Instituto surgiu, Thaís comenta que o projeto teve início a partir de uma ação realizada por um grupo de amigos que fizeram atividades em uma determinada instituição.

“E, no caso, eles gostaram da iniciativa e resolveram criar o grupo no intuito de fazer visitas e prestar assistências às pessoas”, explica.

Geralmente, no Instituto Meraki, as práticas voluntárias realizadas em instituições são fechadas apenas pelos membros do Meraki, mas Thaís conta que, geralmente, são abertas ao público as ações de limpeza, treinos solidários e rodas de conversa. Atualmente, devido às iniciativas realizadas, o Instituto desperta interesse de muitas pessoas de fora, em razão disso que acabou agregando uma grande quantidade de voluntários. A diretora chefe de projetos, Thaís, comenta que para se tornar um dos membros é só ficar atento à página do Instagram “InstitutoMeraki” para a chamada de novos voluntários por meio de um formulário realizado.

“Não tem uma frequência [de chamada]. A gente realiza duas vezes por ano, três vezes por ano. É uma demanda muito grande. Preenche o formulário quando estiver disponível e entra com a gente”, conclui Thaís.

Ciclo Jr

Desde os anos de 1950, o plástico tem sido utilizado em larga escala pela indústria, uma vez que é um material barato e fácil de ser produzido. Encontrado em sacolas plásticas, copos descartáveis, embalagens e em outros usos, o plástico é um material feito a partir de combustíveis fósseis que, sob a superfície, são poucos os fungos ou bactérias capazes de biodegradá-lo. De acordo com o aumento da produção, o acúmulo desse material na natureza também tem expandido, desenvolvendo, dessa forma, um problema ambiental em nosso planeta.

No início de 2016, um estudo divulgado pelo Fórum Econômico Mundial assegura que, se a produção de plástico continuar aumentando, os oceanos terão mais plásticos do que peixes até o ano de 2050. Devido a esses problemas, animais como peixes, tartarugas e pássaros podem confundir pedaços de plástico com alimento, além de ter o risco de se enroscarem no lixo flutuante. Como forma de conscientizar as pessoas sobre o lixo que descartamos diariamente, a estudante de Engenharia Química, Dayane Wendy, foi uma das responsáveis, inclusive, da ação de conscientização ambiental realizada na Praia dos Crush.

Dayane, 25 anos, participa, além do Instituto Meraki, da empresa júnior chamada Ciclo Jr, que realizam mensalmente projetos socioambientais. Sobre a ação feita no último sábado (08), Dayane explica que pensou em não apenas ser uma limpeza de praia, mas também promover uma conscientização ambiental.

“Só a limpeza de praia não tava nos ajudando. Então, o que a gente pensou ‘no lugar de só limpar, vamos conversar com as pessoas, levar cartazes, mostrar dados, [por exemplo] o tanto de tempo que o plástico demora a se decompor e, na verdade, ele nem se decompõe, ele vira microplástico que os peixes comem e a gente acaba comendo por comer os animais, né?”, comenta Dayane.

Dayane, participante do Instituto Meraki e CicloJr, Thaís, diretora chefe de projeto do Meraki e Marcela, participante do Ciclo Jr | Foto: Ana Rita Monteiro

A Ciclo Jr faz parte do Movimento Júnior em parceria com a Universidade Federal do Ceará, em que vários cursos do Centro de Tecnologia possuem empresas júnior com intuito de promover vivências empresariais e de gerência no campo de mercado. E, Dayane explica que um dos valores da empresa Ciclo Jr é a responsabilidade socioambiental. “Vendemos serviços ambientais, fazemos licenciamento ambiental, plano de gerenciamento de resíduos sólidos, além de promovemos aulas de educação ambiental nas escolas”, explica a estudante sobre quais atividades são realizadas na empresa júnior.

Colmeia Vegan

Marcelo, que mora em Fortaleza há pouco mais de 5 meses, foi convidado pela artista e presidente da ONG Colmeia Vegan, Bruna Dias, a coordenar a expansão da instituição em Fortaleza. Originada no ano de 2015 na cidade de São Paulo, a ONG oferece diversos projetos, como o Semente Yoga, que busca expandir a prática dessa atividade, e o Rango Vegano Solidário, que distribui marmitas totalmente veganas para a população em situação de vulnerabilidade social. Além desses, a ONG também é responsável pelo Projeto Aia, que promove parcerias com instituições que resgatam animais em situação de rua, com campanhas para doação de valores e rações, mutirões de limpeza e construção de novos espaços.

Marcelo, coordenador da ONG Colmeia Vegan em Fortaleza. | Foto: Ana Rita Monteiro

Em parceria com o Instituto Meraki, a ONG Colmeia Vegan se juntou à Ciclo Jr para a realização de uma ação de limpeza na orla da Praia de Iracema no último sábado (8). Segundo a organização, a previsão é de que ocorram mais atividades futuramente.

“O ato em si da gente colocar placas e falar “não jogue lixo aqui!” não faz a pessoa mudar essa atitude. A gente precisa impactar de forma pessoal e mostrar a quantidade de lixo produzida aqui em Fortaleza. Através dessas ações as pessoas ficam impactadas”, comenta Marcelo.

Participantes

A ação, que reuniu mais de 100 pessoas teve a participação de Geovanna, 22 anos, e Vitória, ambas estudantes de Psicologia e de Thaís, 24 anos, professora formada em Letras, que logo nos afirmou que sempre quis participar de uma limpeza de praia e viu na ação uma possibilidade de ajudar o meio ambiente.

Geovanna, Vitória e Thaís, participantes da limpeza na praia | Foto: Ana Rita Monteiro

Das três, duas souberam pelas redes sociais do Instituto Meraki, mostrando como a internet facilita a difusão de informações. Ao serem questionadas sobre o que estavam sentindo, a resposta foi imediata e surpresa: revolta. “Muito revoltante, pois o que juntamos, em apenas 30 minutos, de lacre de vinho, palito de pirulito e bitucas de cigarros é inadmissível”, conclui Thaís.

Estudantes de Engenharia Química da UFC e participantes da Empresa Júnior CicloJr também marcaram presença na ação. Foi a primeira vez que trabalharam em conjunto com o Instituto Meraki e com a Colmeia Vegana, mas já tinham feito ações socioambientais nas praias no ano passado.

Victor e Roulo, 23 anos, estudante de Engenharia Química da UFC

Satisfeitos com a parceria com os institutos, os estudantes acham que o resultado foi muito bom, devido a área que conseguiram cobrir, a quantidade de pessoas engajadas e a qualidade das atividades, que foram bem desenvolvidas, e, de acordo com eles, tudo isso contribuiu para que a ação fosse muito positiva.

Roulo ressalta a importância de agir para tentar lutar contra a crise ambiental que o mundo está enfrentando:

“A gente tem que ser agentes comunicantes de sustentabilidade para todo mundo […] então essa é a importância do que a gente tá fazendo aqui hoje: é sensibilizar o máximo de gente possível.”

Após a coleta, o que é feito com o lixo?

Dayane, voluntária do Instituto Meraki e participante da Ciclo Jr, explica que é feito uma triagem do lixo coletado na ação de acordo com o que pode ou não ser reciclado.

“Tudo que não estiver contaminado com matéria orgânica, ou seja, um palitinho de pirulito, apesar de ser plástico, aquela ponta está contaminada com o pirulito, então não é considerado reciclável. Fortaleza não tem como lavar e fazer um pré-tratamento pra esse tipo de lixo. Um copinho de plástico descartável, se [você] bebeu um vinho nele, não serve mais”.

Organizadores separando o lixo coletado na praia | Foto: Kelly Batista

Por fim, Dayane comenta sobre o que é feito com esse material coletado, e ela explica que os plásticos de uso único que são contaminados com matéria orgânica são levados para coleta da Prefeitura. Enquanto os outros matérias que não foram contaminados, nem com bituca de cigarro e nem com matéria orgânica, os organizadores mandam para Ecopontos.

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ana rita monteiro
Areia Limpa

cearense, pisciana, estudante de comunicação social — jornalismo e gosta de falar sobre séries de tv e musicais