Miolos Explodidos e Prata Perniciosa

Samuel De Carvalho Hernandez
ARKHI
Published in
6 min readSep 17, 2023

Por: Rogério Paiva (Texto 1 em 3 partes) e André Yamamoto (Texto 2)

Parte 1:

A tensão era grande no aposento. Zander acordou os companheiros por conta das batidas na porta do lado de fora. Alguns do grupo se tocaiaram outros ficaram próximos ao trono, enquanto que o velho mandava os visitantes entrarem. Eram anões agmistas e, ao que parece, vinham cuidar da alimentação e asseio do velho. Assim que nos viram ordenaram que ficássemos em silêncio e mandaram que nós saíssemos do aposento. Dois anões nos acompanharam enquanto que dois ficaram na sala cuidando do velho. A pequenina Flora manteve-se escondida atrás do trono.

“QUE PORRA É ESSA? QUEM SÃO VOCÊS E O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO AQUI?” vociferou o agmista que parecia ser o líder do grupo. Lucim “Zóio de Cabra” tentou explicar para os anões que éramos amigos do velho, mas as palavras não foram muito convincentes e logo uma escaramuça começou. Eles disparam virotes contra o Lucim, mas parece que não eram bons de mira. Eu (Balmund) quebre o punho do líder deles com uma pancada da minha clava de fêmur. Em seguida, tudo aconteceu muito rápido, enquanto o líder gemia o Zander, nosso feiticeiro, proferiu palavras agourentas e disparou um jorro de luz explosiva que acertou o líder (e aparentemente também filho do velho Absolon) na cabeça. Onde tinha um rosto, restou apenas uma massa disforme pendurada no pescoço. Foi aterrador. Os outros anões se acovardaram diante do poder do feiticeiro e se renderam. A sorte sorriu para nós.

O grupo rapidamente pegou os equipamentos dos anões, os amarraram e os jogaram num canto na sala. Antes de sairmos, eu fui buscar aquilo que me chama atenção desde que cheguei no quarto do velho, o BAÚ. Desviei do lagarto que estava na coleira segurada pelo velho e arrastei o baú para fora. Em seguida, fechamos a sala e levamos o baú para a saída desse lugar maldito. O Zander, que tinha conseguido duas chaves que estavam com o líder abatido do grupo de anões testou elas no baú e, para a nossa sorte, uma funcionou. Antes dele abrir eu adverti para que ele não abrisse o baú pela frente, ficando assim na sua linha de fogo, mas sim o abrisse por trás (essa foi uma dica que um velho ladrão obeso do deserto de Lumn me deu a algumas semanas), essa precaução salvou a vida do mago pois assim que o baú foi aberta um jato de pó espirrou e foi projetado para a frente dele. Era de um cheiro nauseante e com certeza seria mortal caso nos atingisse. Mas tudo ocorreu bem. O baú estava entulhado de prata dos agmistas além de conter uma varinha misteriosa que ficou com o Zander. Após essa rápida conferência, nos dirigimos à saída da construção.

Passar pela porta de entrada foi arriscado, pois vermes prateados nadavam nas areias que inundavam a passagem, mas a sorte estava ao nosso lado e conseguirmos sair sem sermos incomodados.

O Rastejante das Trevas

Parte 2

Ao sairmos da construção começamos a descer a duna. Tive a ideia de empurrar o baú lá de cima para que seu peso não comprometesse a integridade da duna enquanto andávamos. Descemos à duna sem problemas, ou quase… a pequenina flora escorregou por conta de um desmoronamento e ficou presa nas areias da duna. Regressei até ela e a ergui das areias. A pestinha era sortuda, milagrosamente estava ilesa da queda.

Varamos o deserto determinados a chegar num assentamento para que pudéssemos descansar e gozar dos nossos lucros. Mas o deserto de Lumn é impiedoso… A temida HORA DO ASSOMBRO estava chegando… precisaríamos de cautela. Ao fazer uma pequena vistoria no local percebi marcas de rastejamento, aparentemente realizado por uma cobra gigante que tentava nos cercar. Estávamos em apuros. Me afastei um pouco do grupo e deixei alguns pedaços da carne do falecido Carlos Adão e da Dona Ercina (que Rasmund os tenha) num canto afastado para tentar servir como isca ao predador. Voltei para o grupo e nos reunirmos em volta do baú, um guardando a retaguarda do outro. A tensão eram grande. O ASSOMBRO veio e junto com ele trouxe a serpente diabólica. O suor escorria pelo nosso rosto. Zander apontou a varinha (que aparentemente estava relacionada com fogo) para onde deixamos a isca para tentar algo desesperado caso a cobra tentasse nos atacar. Estávamos a um passo da carnificina, mas Rasmun (e Osmir, O Santo Velho do Saco) olhou por nós e a cobra focou apenas em se alimentar da isca. Passado o assombro nós, aliviados, pegamos o baú e retomamos a marcha em direção ao norte.

Comerciante Comerciado

Parte 3

Seguindo ao Norte, nos deparamos com uma figura que vinha num Yeldra sentido sul (na nossa direção). Ele se apresentou como Haram, um comerciante e nós, de maneira amigável, começamos a interagir com ele. É amigos… no fim os deuses olharam para nós. O comerciante trazia mantimentos e alguns itens do nosso interesse (como poções mágicas e adagas de prata). Após negociarmos bastante, compramos alguns itens dele em troca de nossa prata (que valia o dobro da prata normal por ser uma prata agmista). Como o comerciante estava sozinho, sugeri ao meu grupo que poderíamos abatê-lo e saqueá-lo, mas eles não quiseram fazer isso. Por medo ou precaução eu não sei, mas algo não cheirava bem nesse comerciante. Após realizarmos as transações o comerciante demonstrou interesse em “Pó de Ossos de Gigante”. Falei para ele que no futuro, caso conseguíssemos essa iguaria, iríamos guardar para transacionar com ele.

O comerciante seguiu o seu caminho que, segundo ele, era para as ruínas agmistas pois ia visitar um velho amigo cego. Uma coincidência infortuna… Mas dane-se, ele que se siga o seu caminho! Em seguida o grupo se dirigiu ao norte. No caminho nos deparamos com dois corpos caídos no deserto. Aparentemente tinha sido degolados. Essa situação estranha nos deixou receosos, por isso preferimos não vasculhar os corpos e seguir por outra trilha até o norte. Por fim, chegamos na Cidade Velada com seus espelhos maravilhosos e sua estrutura acolhedora entalhada nas pedras.

Uns comerciantes de montarias estavam vendendo algumas criaturas exóticas o que despertou o interesse do Junim, mas não tínhamos dinheiro para comprá-la, pois ficamos apenas com 9 moedas de ouro depois da transação com o Haram. Na cidade velada procuramos um lugar para descansar. Dividimos os espólios, onde a Flora ficou as adagas prateadas e um cota de malha do anões eu com a besta, as espadas e a cota de malha dos anões, o Lucim Zóio de Cabra com uma cota de malha e o Zander com a varinha misteriosa. Bebemos, conversamos e relaxamos. Adquirimos alguns sacos para dormir e fomos ter o nosso merecido descanso.

Na tenda que estávamos, antes de dormir, vimos pregado um cartaz. “PROCURA-SE ASSASSINO PERIGOSO. VIVO OU MORTO, 20.000 PEÇAS DE PRATA” e com uma desenho que claramente era do maldito Haram…

FIM

— — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — — -

Medo do Estranho

Por Zander

Naquela sala abafada e hostil somos acordados por uma batida na porta, aparentemente, apenas o chamado para a rotina matinal do velho. Muitas e muitas vezes fui chamado de covarde, algumas até com razão, porém sinto algo estranho ao ver o jovem anão pedindo, quase em segredo para sairmos da sala. Saio. Apreensivo, sigo olhando, junto com meus companheiros, para dentro da sala.

Ser desconfiado e ter medo do estranho não é sempre ruim. Repentinamente somos atacados por um dos anões. A magia corre mais uma vez por mim, misturando medo e excitação na tentativa de ajudar o estranho grupo que me ofereceu companhia e proteção, relembro de palavras, entonações e gestos, voltando à realidade apenas quando percebo o cheiro de carne queimada e pedaços de couro cabeludo e cérebro escorrendo do corpo sem vida do anão que, dizia, ser filho do velho. Ao perceber o que estava acontecendo, agindo no impulso, pego duas chaves que estavam em um colar, com pedaços ainda quentes do que era sua cabeça.

Não é um mundo justo e agradável, mas é onde sobrevivemos. Amarramos os que restaram, garantindo que não soariam nenhum alarme e fugimos, carregando o baú e alguns mantimentos.

Por duas vezes evitamos monstros espreitando na escuridão, por duas vezes mais, nós sobrevivemos. O tolo sempre acha alegria, e seu fim, no combate.

A varinha que encontramos emana uma energia estranha, as runas e entalhes parecem fumaça emanando de um animal, preciso de mais tempo para examinar e entender ela.

Encontramos um mercador, conseguimos poções, água, armas e dinheiro corrente. Ao chegar na cidade, descobrimos quem é, realmente, o mercador. Ainda estou decidindo se vou mesmo usar essa poção. Medroso, covarde, sorrateiro… mas ainda vivo.

--

--