Ep 2, Campanha ARKHI Armadilha.
Texto 1 por: Fer Slvera
Texto 2 por: Dani Marques
Arte por: Yuri Perkowski
Privilégio
Elmyra sentia-se corajosa. Os temidos perigos do deserto já não pareciam assim tão impossíveis de serem superados. Dois novos viajantes se juntaram ao grupo e com eles, mais coragem para seguir em frente. Tomou a frente diante de novas descobertas, sentiu o frio e o medo diante de criaturas massivas, descobriu cidades perdidas que deixou pra trás e encontrou refúgio para mais descobertas. Arkhi te joga no desconhecido e inesperado, te oferece a chance do desafio da sobrevivência.
Viver Arkhi é o privilégio.
A visão de Nadya
Um odor pungente pairava no ar, pútrido e doce como o perfume da morte. Ao superar mais uma duna avistei sua origem hedionda: cactos com dezenas de pés de altura, de proporções colossais, emergiam da areia negra. Seus espinhos se erguiam contra o céu branco como espadas; estavam de fato banhados em sangue e ainda continham os restos de suas vítimas. Pássaros negros se banqueteavam, emitindo sons que pareciam risos de escárnio. Era difícil desviar os olhos do horror, da natureza cruel que só poderia se originar nesse deserto amaldiçoado… Mas quando foi possível quebrar o encanto uma nova maravilha se desenrolou.
Os pontos de brilho fortes e regulares nas montanhas chamaram atenção primeiro. Ao aguçar meu olhar percebi; na rocha castigada pelas tempestades de areia haviam várias entradas triagulares de proporções titânicas, entalhadas com tamanha precisão que contrastavam com a irregularidade do entorno. O brilho vinha dos espelhos, que eram ovais e tinham vários pés de altura, posicionados em cada entrada. Funcionavam como faróis, refletindo a luz pálida do sol, se guiavam viajantes para a esperança ou para a morte ainda não sabia. No sopé da montanha se formava um pátio natural onde um monolito descansava. A rocha clara se evidenciava na areia escura mas os rastros de sangue em sua face sul captaram ainda mais a minha atenção.
Cansados e temerosos de pernoitar ao léo nesse cenário nós rumamos em direção à fortaleza entalhada na pedra. No caminho nos deparamos com formas cônicas que emergiam da areia e aparentavam ser de obsidiana, provavelmente o cume de uma edificação tão antiga quanto o próprio deserto, soterrada pelo tempo. Apesar da curiosidade causada pela estranheza dessa descoberta seguimos viagem, pois logo a noite cairia.
Ao nos aproximarmos daquela fortaleza mais detalhes nos foram revelados; no cume da montanha um homem hasteava uma bandeira, sinalizando aos viajantes. Uma prática distinta dos Jaonidas, o que nos causou certo alívio. Gring, um dos nossos companheiros, é Jaonida e reconheceu tal edificação de histórias que ouvira há muito tempo. Relatou com fascínio que a Cidade Velada é famosa mas considerada por muitos apenas uma lenda. Chegamos ao pátio nervosos à presença daquele monolito; as marcas de mãos ensanguentadas na pedra clara eram de tamanhos diversos, deixadas por pessoas de todas as idades. Ao olhar com atenção, no entanto, nos deparamos com inscrições que nos deixaram esperançosos:
“Desarme-se. Beba, coma e descanse.”
“Não traga pra dentro da cidade a animalidade do instinto. Entre desarmado. Em paz.”
Entregamos nossas armas e entramos naquela estranha cidade. Exploramos os corredores retangulares montanha adentro, descobriundo uma variedade de atividades e pessoas, festa e luto conviviam ali. A sensação de segurança e calmaria passou quando, na segunda lua, a Cidade Velada recebeu uma visita sombria…