Uma Manhã de Verão e o Chamado à Aventura

Gabriela Gouvêa
ARKHI
Published in
3 min readJul 11, 2024

Por: Luis Otávio

Acordei ansioso na madrugada. O primeiro dia do verão alvoreceu quente e com ventos poderosos, mas para mim era a mais linda das manhãs. Me lembro da viagem tortuosa nas caravanas vindo da Velada para recolonizar a cidade Zenitar, minhas entranhas remoendo de impotência por não poder fazer nada enquanto os demais guerreiros elfos arriscavam suas vidas. Eu era novo demais…, mas não mais, agora finalmente poderei provar meu valor e mostrar aos anciões pessimistas que os Plomeriel podem reconquistar o deserto.

Me juntei com meu tutor Gareb e meus amigos da cidade, o mãozinha Astra e o pequenino Aneu. Procurando por outros aventureiros, montamos um bando eclético e duvidoso de estrangeiros com nomes estranhos, Nenezinho do Jegue, Sr Miyagi e Alma Penada. Apesar de um certo frio nas tripas, estava ansioso por glória!

Resolvemos ir atrás da caça da doce carne dos Caranguejos Cabeça, um dos estrangeiros tendo avistado bandos das criaturas nas dunas próximas. Com a Zenitar precisando de comida, poderíamos juntar algum butim e ajudar a comunidade. Planos feitos e preparados, saímos pelo portão Oeste com espíritos cheios.

Tudo parecia seguir bem. Após uma breve caminhada, encontramos os buracos onde nossa caça se escondia, ao sul vislumbramos mistério na imensidão do deserto. Acampamentos desconhecidos, enormes fissuras nas areias escondendo estruturas desconhecidas, formações de gigantescas pedras e redondas e seria aquilo uma preciosa de água ao horizonte?!? Tantas possibilidades! Apesar da cabeça cheia de sonhos, focamos na tarefa a nossa frente e prontamente fisgamos um bom caranguejo com iscas de carne envenenada. A criatura drogada cai facilmente duna abaixo, rendendo boa carne e líquidos. Se tudo seguisse assim poderíamos voltar pesados de caça e mais ricos.

Como os andarilhos do deserto dizem, “nunca é tão fácil”. Quando percebi, a morte nos observava. Das rochas ao sul uma imponente criatura alada avançou em nossa direção, um monstro réptil de seis patas e múltiplos olhos. Corremos em direção a Cidade, buscando segurança e mandando Astra na frente para avisar os guardas de um ataque iminente. Não vou morrer no meu primeiro dia!

Infelizmente, um único erro pode custar sua vida no deserto. O guerreiro incauto Alma Penada havia se separado do grupo, andando duna acima. A criatura notou o homem isolado e avançou. Pensei que o mesmo certamente seria um lanche saboroso, mas apesar de ser fisgado como um petisco pelo monstro, no meio da confusão de ataques de sua espada e nossas magias e arcos, a criatura acabou o abandonando e fugindo, deixando parte de um estranho colar que portava.

Depois de altos e baixos voltamos a cidade. O butim do caranguejo foi magro, mas o perigoso réptil que fugiu possui uma recompensa polpuda, com os restos de seu colar valendo uma soma pesada de platina. Perigo extremo de um lado e enormes tesouros do outro, talvez esse caminho de aventureiro realmente seja a resposta para vida pacata que os anciões elfos tentam enfiar pela minha goela. Vou domar este deserto ou morrer tentando.

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