Cruzeiro estreia na Libertadores com copo meio-cheio

Luigi Primavera
Arquibancada OCA
Published in
3 min readMar 1, 2018
(Foto/Twitter oficial da Conmebol)

O Cruzeiro não rendeu tudo que podia na estreia do maior e mais desejado torneio de clubes da América. Sorte não é uma palavra que se pode dizer sobre o time mineiro no que se refere à estreia, dentro ou fora do campo. Nosso arqueiro, Fábio, deixou a concentração devido ao falecimento de seu pai. Dois outros integrantes do sistema defensivo não puderam jogar por estarem suspensos. Considerando Fred, que se lesionou nos primeiros minutos e Thiago Neves, que entrou apenas no final por não estar em plenas condições físicas, o Cruzeiro contou com cinco desfalques.

Claro que isso não é uma desculpa, não para os torcedores que com orgulho se gabam de possuir um elenco altamente versátil e equilibrado. Infelizmente, as peças que entraram não souberam dar conta do recado, assim como os titulares não tiveram seu melhor dia.

Rafael estava um tanto quanto displicente. Em uma noite segura, ele impediria ao menos 2 dos 4 gols sofridos. Um sistema defensivo sofrível, Manoel lento e com o tempo de bola aéreo pífio, Murilo sem conseguir dar a solidez defensiva que estamos acostumados, Henrique numa atuação desastrosa e Ariel Cabral errando muitos passes. Egídio sendo o mesmo de 2013/14, apoiando bem, mas precisando de muita cobertura na defesa. Ao Lucas Romero, melhor do Cruzeiro no jogo, só existem elogios.

Defensivamente o time de azul estava muito longe do ideal. Um time que toma três gols de bola parada na mesma partida não merece vencer, mesmo tendo sido superior a maior parte do jogo. A noite inspirada de Lautaro Martínez não poderia ser suficiente para apagar as estrelas que um clube do tamanho e tradição do Cruzeiro estampa no escudo.

Ofensivamente, faltou calibrar o pé. Sóbis e Rafinha tiveram chances claríssimas de marcar e desperdiçaram, sendo que o segundo teve uma partida fraquíssima, bem abaixo do que vem mostrando no Estadual. Robinho foi o melhor ofensivamente e seria mesmo sem o belíssimo gol de falta. Seria desonesto dizer que Arrascaeta foi omisso na partida, mas definitivamente falta o protagonismo que se espera dele, já que qualidade todos nós sabemos que o uruguaio tem de sobra. Thiago Neves e Mancuello entraram no final e não mudaram muito a cara do jogo.

Feitas as críticas, é hora de enaltecer os pontos fortes e olhar para o futuro. Vimos um Cruzeiro trabalhando bem a bola desde o goleiro, boas viradas de jogo, envolvimento ofensivo e poder de reação. Olhando o copo do Cruzeiro com a perspectiva de “meio cheio”, dá até pra ficar animado para as próximas partidas da Libertadores.

Até o próximo jogo pela competição continental, os jogadores terão mais de um mês sem jogos importantes, Mano Menezes é experiente e deve saber corrigir os erros cometidos na Argentina. Esse choque de realidade pode desencadear “a parte que falta” ao time: o entendimento de que, às vezes, a raça supera a técnica. Para fazer jus à fama de La Bestia Negra, o Cruzeiro precisa harmonizar essas duas características com maestria.

No título da Copa do Brasil ano passado o Cruzeiro cresceu gradativamente na competição, é preciso crescer bastante para levar o troféu da Taça Libertadores para casa esse ano. E o caminho é longo.

Força Fábio! Força, Cruzeiro!

ARQUIBANCADA OCA apresenta: “Ah, ser Cruzeiro, é bom demais!”, uma coluna do Cruzeiro.

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