Lamento dizer, palmeirense: Contra Carille, Roger pode errar

Ulisses Lopresti Figueiredo
Arquibancada OCA
Published in
4 min readApr 6, 2018

Por Ulisses Lopresti Figueiredo

“Eu aprendi. Rodriguinho não tem vez”. Se o palmeirense entendeu isso de Roger Machado após a primeira partida da final, ou ele esqueceu o retrospecto de Carille contra o Palmeiras, ou o oba-oba mais uma vez domina a Barra Funda.

O treinador festejando o título do Brasileiro 2017 ( Foto- Divulgação- Corinthians).

O Palmeiras apresenta esse ano um elenco que há muito não víamos no futebol brasileiro, o último elenco tão recheado de contratações milionárias foi o próprio Palmeiras no ano passado. Por isso, me impressiona esse ano, pois a equipe alviverde contratou apenas nas posições que eram carentes no ano passado, e não só contratou, tirou Diogo Barbosa do Cruzeiro campeão da Copa do Brasil, Marcos Rocha, multicampeão pelo Atlético MG, fora os reservas de luxo, Gustavo Scarpa, Weverton.

Quem poderia bater de frente com essa equipe? Óbvio, ele mesmo. Corinthians esse ano perdeu a base da equipe que entrou para a história em 2017, ano em que diziam que “ a brincadeira havia acabado”, se perguntavam “ O Palmeiras pode ganhar do Real Madrid?”. O alvinegro, por outro lado, era colocado como concorrente a ser rebaixado. Craques corintianos não eram levados a sério nesse período do ano, Jô era aposentado, Pablo jogou aonde? Guilherme Arana, quem? Romero se corre não pensa, Carille seria demitido em 3 meses.

Eles diziam, mas como todos já sabem, Corinthians ganhou Paulistão e Brasileiro com sobras, Jô artilheiro, Romero virou xodó da torcida, Guilherme Arana foi consagrado, e Carille, bom, este escreveu seu nome na história do Corinthians.

Órfãos de Tite, os torcedores ansiavam por um comandante, medalhões eram especulados, ex-treinadores voltaram e decepcionaram. O fator fundamental da nossa campanha em 2017 foi Fábio Carille, auxiliar no Corinthians desde 2009, chegou com Mano Menezes e trabalhou todos os treinadores desse período. Em 2010, foi treinador interino em uma derrota contra O Vasco em São Januário, em 2016, chegou a ser efetivado mas perdeu o emprego com apenas 8 jogos no cargo. Não saiu, voltou a ser auxiliar e teve sua chance em 2017.

Sua campanha, em 2017, foi repleta de surpresas. A primeira foi justamente contra o Palmeiras. No dia 22/02/17, o Corinthians desacreditado venceu o Palmeiras por 1x0, com um a menos injustamente, gol de Jô, substituição de Carille já no final da partida. Nesse jogo, Carille lançou Arana, Maycon e Léo Jabá como titulares, foi a primeira mostra do que seria Carille à frente do Corinthians.

O treinador logo fez do time desacreditado uma equipe campeã paulista e recordista no brasileiro, o único na história do Brasileirão de pontos corridos que passou um turno inteiro sem perder. Destaque para o 2x0 alvinegro no Allianz Parque, jogo que fez o corintiano acreditar que o sonho era bem mais próximo do que parecia no começo de ano.

Algo a se destacar, também, durante a trajetória do técnico corintiano, é a forma que ele muda de esquema para jogos específicos, atingindo resultados. Assim foi contra o mesmo Palmeiras no segundo turno de 2017. Corinthians sendo pressionado pelo rival, que poderia chegar perto e tirar o título que parecia certo. Carille tirou Maycon e colocou Camacho. O time voltou a ter estabilidade no meio de campo e ganhou por 3x2 em uma partida memorável. Contra o mesmo rival, já no Paulistão desse ano, na falta de centroavante, jogou sem. Rodriguinho, sim o dominado pelo Roger, jogou na companhia de Jadson, Clayson e Romero, sem um 9 de ofício. O resultado foi um gol antológico de Rodriguinho, Timão ganhou por 2x0 no mais recente embate Carille x Palmeiras.

Esse ano o treinador ainda tem a missão de reconstruir um time que perdeu três titulares do ano passado, Pablo, Arana e o artilheiro Jô, além disso, não contratou a altura, bem diferente do roteiro desse ano do rival verde. A classificação para a segunda final seguida de Paulistão do Carille, em dois anos disputando, já é mais uma prova para cair nas graças do corintiano.

Essa final é o maior desafio da ainda curta carreira do treinador, entre a quarta-feira, contra o São Paulo, e sábado, na primeira decisão, o time não mostrou variedade tática e foi dominado pelo Palmeiras. Pode dar errado, faz parte do jogo, mas não está perdido. Analisando a trajetória do técnico contra o Palmeiras e a frente do Corinthians, sempre se pode acreditar em algo diferente. Portanto, palmeirenses, eu sei que vocês estão em ritmo de festa, mas não será fácil como pensam.

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