Futebol para todxs: Torcedor com sexo frágil
Nossa masculinidade deveria ser tratada com luvas e precisão cirúrgica, envolta por plástico bolha e armazenadas em uma caixa bem resistente com um aviso em caixa alta e letras vermelhas dizendo: “cuidado, torcedor com sexo frágil”.
Arquibancada, palco de homofobia
As arquibancadas que boa parte ocupadas por homens faz do futebol palco constante de homofobia; Um jogador por mais empenhado e raçudo que seja dentro das quatro linhas não pode em circunstâncias alguma declarar-se gay.
Me lembro claramente do volante Richarlyson, jogava muito, sempre em auto nível, zagueiro, lateral, volante e armador com maestria mas esquecido por sua torcida que recusava cantar seu nome.
Me lembro também de alguns camaradas que faziam questão de sempre acrescentar o “gay” no nome do time rival e às vezes nem tão rival, com uma entonação de sarro me disseram “amanhã é contra o Gayias” (em alusão ao Goiás na época que ainda estava na série A).
Legado da Copa
A copa de 2014 nos deixou um maldito legado que perdura até os dias atuais em nossos estádios, é quase impossível assistir a um jogo de futebol sem ter de ouvir boa parte de torcida gritando “O bicha!”. Recentemente algumas torcidas organizadas distribuíram notas dizendo que tal ação passava a ser desconsiderada nas arquibancadas, ainda não exercida por boa parte, mas inicialmente acatada ou jamais praticada por outra parte reduziu-se os incidentes, reduziu, mas não acabou.
Talvez na cabeça dessa gente, chamar alguém de gay é como se fosse uma baita ofensa, seria como um homossexual chegar para um homem hetero e dizer: “Vai seu hominho”, francamente, é muita fraqueza de espírito e muita falta de sentido nisso tudo.
Futebol para todxs
O futebol é para todos e por todos, porém mais nosso, periféricos, suburbanos e operários do que para o restante; A capacidade de unir no mesmo ambiente gente da periferia com os afortunados dos bairros nobres sempre foi uma das características do futebol brasileiro. A homofobia é um puta gol contra e além do mais, é crime; E cá pra nós, cercar-se de um monte de homens para assistir outros 22 homens correndo atrás de uma bola e ainda ter a audácia de chamar o camarada de bicha como se fosse uma ofensa está correto, não?
Vá ao estádio, leve tua família, teus camaradas, tua cerveja, fogos e bandeira, leve tua paixão pelo teu time do coração e pelo futebol, mas em momento algum leve tua homofobia!
Ame o futebol, odeie a homofobia!