Torcedor do Boca Juniors durante a partida da segunda rodada da Copa Libertadores, contra o River Plate disputada em “La Bombonera” — Foto: Xinhua

Libertadores, tradição e grandes interesses

Gabriel
Arquibancada Antifa
3 min readAug 17, 2018

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Nessa ultima semana a CONMEBOL anunciou que a final da Libertadores de 2019 será em jogo único, com abertura em 22 de janeiro de 2019 e fechamento em 23 de novembro do mesmo ano, o mesmo acontece com a Copa Sul-Americana porém em datas diferentes; Segundo o presidente Alejandro Domínguez “as finais únicas da Libertadores e da Sul-Americana serão eventos que inspirarão todos os sul-americanos a sonhar grande”.

Grandes interesses

A proposta de Domínguez parece ousada e grandiosa, muitos chegam a comparar com o modelo utilizado pela UEFA para a competição europeia; O futebol há tempos tornou-se pelas mãos da globalização um grande mercado financeiro com grandes interesses; Financeiramente para investidores, patrocinadores e todo o restante envolvidos direta ou indiretamente no caixa da competição será um grande avanço, já que anualmente uma nova capital será escolhida possibilitando o desenvolvimento do turismo e alavancando o lucro local.

Custa mais que um salário mínimo

Na última final do campeonato continental, o Grêmio jogou contra o Lanús, o ingresso mais barato para o jogo na Arena custava R$130 para não associados, no mesmo ano o salário mínimo era de R$937, um ingresso representava em torno de 14% da renda mínima de um assalariado mínimo; No jogo em Buenos Aires o foram disponibilizados 4.000 ingressos no valor de 68 dólares, algo em torno de R$223 representando 23% de um salário mínimo, além dos 2.600 kilômetros percorridos de avião ou ônibus por meio de caravanas.
Com base nos times brasileiros competindo na final de 2018 e simulando que a final fosse em Santiago, a média de passagem aérea seria algo em torno de R$1500, sem contar a hospedagem que está por volta de R$200 a diária, claro, valores que podem subir significativamente durante a data da final.

Tradição

Talvez a maior competição da América Latina, a Libertadores da América tem clubes de tradição como Nacional, Peñarol e Olimpia além de ser palco de espetáculos como Cruz Azul e River Plate em 2001 no Estádio Azteca para 114.500 pessoas. Uma das maiores vitrines do futebol europeu, com 57 edições (6 a menos que a competição europeia) passa por fase de adaptação e seguirá um formato de final igual a do velho continente. A Libertadores segue sendo fantástica com seus bandeirões, sinalizadores, rolos de papel, torcedores (ou Las Hinchadas) e câmera de transmissão tremendo no momento do gol; Ir nas próximas finais na América do Sul não será uma tarefa tão simples como para quem vai na próxima final da liga europeia, são culturas, condições, valores sociais e financeiros completamente diferentes.

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