Desafios e tendências para o futuro cooperativista

Guilbert Corrêa Trendt
Arquivo 11
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3 min readOct 9, 2018

Reportagem de Andréia Ramires, Guilbert Trendt, Liliane Franco e Maicon Parizotto.

Apesar do crescimento, o cooperativismo ainda enfrenta dificuldades, principalmente em relação à falta de informação e educação, como conta a professora de Desenvolvimento Regional da Escoop, Cinara Neumann. “Esse processo é necessário até para entender situações, como por exemplo, ‘por que eu vou comprar um produto de uma cooperativa e não de uma empresa?’, eu só vou entender por que o [produto] da cooperativa vai ser melhor, se eu entender o que é o cooperativismo”, indaga a professora.

Para Carlos de Oliveira, coordenador da graduação de Gestão em Cooperativas da Escoop, ainda há espaço para divulgar o que é o cooperativismo. “A comunicação é um fator que precisamos caminhar mais. Se fizermos uma pesquisa de rua perguntando o que é o cooperativismo, muitas vezes ouviremos afirmações equivocadas, então precisamos ampliar ainda mais o acesso à informação”, afirma.

O coordenador também ressalta a falta de conhecimento dos clientes na hora da compra dos produtos. “Quando você vai ao supermercado e para em frente aos leites, por exemplo, se você não é muito próximo ao cooperativismo você não sabe se determinado produto é de uma cooperativa ou não, então, ainda há espaço para reforçarmos os meios de comunicação, seja visual, seja na imprensa. Precisamos explorar mais o fator positivo que é ser uma cooperativa”, diz.

Já para o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Perius, o estado do Rio Grande do Sul sempre foi colaborador das cooperativas, pois o cooperativismo se enraizou muito cedo e com grande influência. Ele destaca que os 55 deputados estaduais integram a frente parlamentar de apoio ao
Cooperativismo (FRENCOOP/RS). Entre os candidatos a governo do estado, todos são parceiros e apoiam o Cooperativismo, mas ele pede compromisso com as seguintes propostas para o setor:

  • Ampliação da disponibilidade de energia elétrica e internet aos pequenos municípios do estado;
  • Credito fiscal presumido em 50% do valor investido na assistência técnica, pois o setor não possui nenhum crédito para dar subsídio técnico aos produtores rurais do RS;
  • Realização de convênios com as cooperativas de saúde, visando a prestação de serviços;
  • Investimento na logística de transportes, priorizando a integração das ferrovias, rodovias, hidrovias e portos.

Por outro lado, a professora e coordenadora do programa de pós-graduação da Escoop, Paola Londero, cita um ponto positivo: a intercooperação. “A ideia é que as cooperativas trabalhem juntas. Por exemplo, a Piá, Dália, Languiru, Santa Clara, em vez de cada uma ter a sua indústria de leite, elas se unem em um parque industrial de última tecnologia e produzem lá. Assim baixam os custos, compram do mesmo fornecedor e cada uma bota a sua marca. Isso já acontece no setor Vitivinícola e funciona muito bem”, explica.

A coordenadora afirma que os indícios para isso já estão surgindo, já que anualmente, quando ocorre os encontros de presidentes de cooperativas, é feito uma pesquisa prévia para saber os temas e os mais recorrentes estão sendo sobre intercooperação. ”Debatemos esse assunto em 2017 e neste ano em Brasília também. O seminário gaúcho de 2018, que será em Bento Gonçalves, será sobre inovação, então eles mesmos apontam que querem caminhar nesse sentido”, conta.

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