Educação a distância cresce 17,6% em 2018

Gabriela Couto
Arquivo 11
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5 min readNov 30, 2018
O aumento significativo é o maior salto desde 2008, em que os alunos matriculados nesta modalidade chegaram a quase 1,8 milhão

Segundo o Censo da Educação Superior divulgado em outubro deste ano pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), as matrículas no ensino superior subiram de 3 para 7 milhões no Brasil. Na atualidade, o ensino presencial vem apresentando queda nas matrículas, enquanto cresce o número de alunos estudando a distância (EaD).

Conforme o Censo do Inep, as matrículas em cursos de graduação EaD cresceram 27%, a maioria em instituições de ensino privado, enquanto na modalidade presencial o aumento foi de apenas 0,5%.

Impulsionamento do EaD no Brasil

No país, os cursos fornecidos na EaD vêm crescendo cada vez mais. As instituições de ensino, em especial as privadas, estão investindo no ensino a distância. Não só as grandes instituições estão “apostando” na EaD, os produtores de conteúdo individual também estão aderindo a esta modalidade de ensino, criando seus próprios cursos.

Atualmente, o ensino superior na EaD corresponde a mais de 1 milhão de alunos. Em 2005, o número de estudantes matriculados na modalidade era de aproximadamente, 100 mil. Hoje esse número cresceu cerca de 1000%. Alguns fatores ajudam a entender e são considerados os principais na expansão da EaD no Brasil, como:

Expansão da Tecnologia

Com o surgimento de novas tecnologias e novas mídias, passou-se a se alcançar um número maior de pessoas. A maioria dos novos aparelhos possuem conexão à internet, permitindo, assim, o acesso a diversas plataformas com maior facilidade e em qualquer lugar. Utilizar Smartphones, tablets, computadores e aparelhos de televisão para se conectar à internet faz parte do cotidiano de centenas de milhares de brasileiros.

A tecnologia e o avanço das telecomunicações são os principais fatores que impulsionaram o surgimento da EaD no Brasil.

Flexibilidade

Outra causa responsável pelo crescimento dos cursos em EaD é a flexibilidade. O curso a distância possibilita ao estudante estudar em qualquer lugar e quando quiser. Essa modalidade de ensino traz facilidade e flexibilidade ao aluno que prefere evitar grandes deslocamentos ou que possui horários limitados. Além disso, a EaD também permite o acesso à educação superior para pessoas que vivem em locais mais afastados dos grandes centros urbanos. Portanto, proporciona educação superior a um maior número de pessoas e é uma peça-chave para democratizar a educação no Brasil.

Matheus Luiz é estudante de Hotelaria e Turismo pela Faculdade Senac e afirma que a educação a distância tem prós e contras. É bom para quem tem dificuldades de comparecer a universidade, mas acredita que o ensino não é o mesmo do presencial.

Confira a entrevista com o aluno Matheus Luiz.

Valor Econômico

O fator econômico também é determinante para o crescimento do ensino na modalidade em EaD no Brasil. O valor da mensalidade de um curso de graduação desse tipo pode ser até 60% menor, menos da metade do preço que o mesmo curso presencial. Além do valor menor da mensalidade, o ensino a distância viabiliza uma maior economia tendo em vista os gastos que estão envolvidos na educação presencial, como combustível, passagens, alimentação, estacionamento etc.

Filipe Teixeira é aluno do curso de Gestão Financeira a distância pela Universidade Anhanguera e conta que escolheu a modalidade por esse motivo. “Mesmo sendo mais difícil, pois requer uma disciplina muito grande para estudar sozinho, é bem mais barato que uma faculdade presencial. Além disso, você pode assistir em qualquer horário e em qualquer lugar.”

Considerando esses fatores que as grandes e pequenas instituições de ensino de graduação, especialização, capacitação, pós-graduação e de outros cursos estão investindo cada vez mais na EaD.

“Acredito que depende da disciplina do aluno em estudar e se interessar pelo tema. Em sala de aula, se o aluno estiver dispenso, perde o conteúdo. Isto, por exemplo, não acontece no on-line”, completa Filipe.

Menos desconfiança

Nos dias de hoje, o diploma de graduação a distância não discrimina a modalidade e é validado pelo MEC, possuindo o mesmo valor que um curso presencial. A ausência de especificação da modalidade EaD no diploma de graduação e a validação pelo MEC colaboraram para a expansão atual do ensino a distância no país.

“O EaD é uma tendência dos próximos anos, mas ainda gera desconfiança para as pessoas e para algumas empresas no mercado. O diploma é o mesmo e não leva “EaD”, portanto o preconceito e indevido.” completa Filipe Teixeira.

Aluno migrando para a plataforma digital

Dos 3,2 milhões de novos alunos registrados no ensino superior em 2017, a maioria (2,1 milhões) optou pelo ensino presencial — aumento de 0,5% em relação a 2016. Os ingressantes passaram de 843 mil em 2016 para cerca de 1,1 milhão em 2017 — aumento de 27,3%.

Os cursos tecnológicos também aderiram a modalidade em EaD, com 46% do total das matrículas. Esses cursos equivalem a 12,1% do total de matrículas no ensino superior.

Confira os dados e perfil dos alunos de EaD. (Fonte: Inep/MEC)

Professores formados pela EaD

Em relação aos professores, o número de formados em cursos a distância cresceu em 2017, mais de 4% nos cursos de licenciatura, conforme o Censo do Inep. Na totalidade, as licenciaturas representam 19,3% das matrículas no ensino superior.

Em relação à formação dos professores que atuam nos cursos na modalidade a distância, conforme o Censo, eles são, na maioria, mestres. Na educação presencial, os professores com doutorado correspondem a 51,1% do total, já na EaD, eles representam 41,8%; e outros 46,5% têm mestrado.

O que diz o ministro da Educação?

Nas palavras do atual ministro da Educação, Rossieli Soares: “EaD ou presencial, ambas modalidades são possíveis e são importantes, considerando a realidade, a forma de acesso. Mas é importante também que trabalhe sempre dentro de uma perspectiva de qualidade seja ela presencial ou a distância, observada a regulação”.

Rossieli Soares, na coletiva de imprensa realizada em setembro deste ano, salientou, ainda, a necessidade de expansão do ensino superior, visto que 8,9 milhões de jovens de 18 a 24 anos terminaram o ensino médio, mas não estão estudando. “Não estão cursando um curso superior, seja ele tecnológico, seja licenciatura ou bacharelado. Nós precisamos avançar em acesso.”, disse o ministro.

Em relação ao aumento também de licenciaturas a distância, disse que a “EaD é, às vezes, a forma com que o professor que já está na sala de aula pode ter uma complementação pedagógica. Temos uma série de ofertas como a Universidade Aberta do Brasil, mantida pelo MEC e pela Capes, que traz a possibilidade de segunda licenciatura e atende regiões que, muitas vezes, não conseguiria ter condições de ter uma turma presencial.”, completa Soares.

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