Juliana Corrêa
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4 min readDec 8, 2018

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O que aprendemos com a tragédia do Museu Nacional: entenda a situação dos principais museus de Porto Alegre

Texto: Guilherme Estulano e Juliana Corrêa

Incêndio do Museu Nacional em setembro de 2018 (Imagem do jornal El País)

O ano de 2018 marca os 200 anos de história dos museus no Brasil e depois da grande tragédia ocorrida no Museu Nacional, no último setembro, uma grande interrogação foi colocada em cima do estado de conservação e manutenção de cada museu e espaço cultural no Brasil.

Segundo Carlos Savoldi, arquiteto e urbanista do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, no Rio Grande do Sul existe um adiantado “plano de contratação para execução de obras de manutenção” nos quatro principais museus de Porto Alegre: o MARGS, Júlio de Castilhos, Hipólito José da Costa e o Memorial do Rio Grande do Sul, com previsão de conclusão para março de 2019. “Existe um grupo formado entre várias entidades do Estado, incluindo os bombeiros para que seja feita a apreciação desses projetos e essas medidas com mais celeridade, para que as instituições não entrem na fila de espera dos bombeiros”, destacou Savoldi.

Enquanto, ainda segundo Savoldi, nos outros museus também administrados pela Secretaria da Cultura, Turismo e Lazer, apesar de já terem os projetos, a contratação está menos adiantada devidos a uma alteração na lei de captação de recursos, mas garante que isso não atrapalha, pois nenhuma das estruturas apresenta danos graves e risco iminente de qualquer acidente semelhante ao Museu Nacional. “Todos os prédios públicos que contenham acervos possam aderir à essa lei de incentivo e utilizar para fazer suas atualizações de plano de prevenção à incêndios. Nenhum museu gaúcho apresenta risco iminente comprovado”, afirmou o arquiteto.

Marcia Bertotto, doutora e professora de Museologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destaca a importância dessas instituições para a construção de identidade de uma nação e fortificação da sociedade em si. E apesar de existirem políticas públicas boas para incentivar a preservação de museus, ainda é preciso implementá-las.

De acordo ela, um dos problemas dos museus no Rio Grande do Sul é a falta de especialistas. “Há bons trabalhos sendo realizados, no nosso estado que, inclusive, é uma das unidades da federação que possuem um volume expressivo de museus, contudo, faltam profissionais capacitados nos lugares certos”, contou Marcia. Apesar de já existirem cursos que formam bacharéis e cursos de pós-graduação em Museologia, Patrimônio e Conservação em todas as regiões do país, ainda faltam museólogos, gestores de museus, conservadores e documentalistas.

Profissionais da área temem sobre o futuro dos museus no país. O Museu Nacional teve as manutenções de programas de prevenção a incêndios negligenciadas devido a falta de verba, resultado dos cortes de investimento feitos pelo Governo. No Rio Grande do Sul, conforme o Sistema Estadual de Museus, as manutenções estão em dia.

PRINCIPAIS MUSEUS DE PORTO ALEGRE

MUSEU DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA: É sediado em uma edificação histórica no centro de Porto Alegre, que abriga também espaços da CORAG — Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas.

Museu Hipólito José da Costa

MUSEU JULIO DE CASTILHOS: O imóvel foi construído em 1887 pelo comandante da Escola Militar do Rio Grande do Sul, Coronel Engenheiro Catão Augusto dos Santos Roxo, como sua residência.

Museu Julio de Castilhos

MARGS — O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli: é uma instituição da secretaria de Estado da Cultura. Criado em 1954 (decreto nº 5066) e organizado pelo artista e professor paulista Ado Malagoli, o Museu já ocupou diversos espaços em Porto alegre, entre eles o foyer do Theatro São Pedro. Somente em 1978 a instituição instalou-se na Praça da Alfândega, no prédio da antiga Delegacia Fiscal, onde permanece até hoje.

Museu de Arte do Rio Grande do Sul — MARGS

MUSEU DA ELETRICIDADE/Centro Cultural CEEE Erico Veríssimo: Concluído em 1928, Nele funcionava a Companhia Energia Elétrica Riograndense, mais tarde CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica).

Casa de Cultura Mario Quintana: O Hotel Majestic, construído entre os anos 1916 a 1933, hoje abriga o CCMQ. É um dos mais conhecidos centros culturais de Porto Alegre e vive uma intensa rotina de espetáculos (confira a matéria especial feita sobre a Casa de Cultura Mario Quintana).

“Visitar os museus e participar de suas discussões, de seus projetos, associar-se a eles é uma excelente forma de o público mudar a percepção dos espaços e de engajar-se na luta por melhores exposições e aplicações dos investimentos públicos”, reforça a doutora Marcia.

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