Isabela Braz
ARTE e DESIGN
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4 min readOct 7, 2021

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Vida e obra de Camille Claudel

A artista esmagada pela sociedade de seu tempo deixou sua marca na história da arte com sacrifício próprio

Por Isabela Braz e Marcela Liserre

Camille Claudel, nasceu em uma pequena cidade da França no dia 8 de dezembro de 1864. Desde criança, era fascinada por pedras e rochas. Incentivada pelo pai, começa a investir na arte e tem como seu primeiro instrutor, Alfred Boucher que, mais tarde, aconselha que ela se mude para Paris pois o local seria uma espécie de núcleo cultural que ajudaria Camille a atingir seus objetivos profissionais. Sendo assim, se matrícula na Académie Colarossi, uma das poucas academias de arte abertas para mulheres na época.

Já em 1882, ela abre um ateliê para produzir suas obras. Lá, conhece duas artistas inglesas, as quais passam a trabalhar com ela e dividir custos dos modelos e aluguel. Mesmo distante, seu professor continuava enviando lições gratuitas algumas vezes na semana. Essas orientações se encerram quando precisou partir para Florença depois de ganhar o “prêmio de Roma”. No entanto, antes de sua partida, ele pediu que Rodin, seu amigo e artista já renomado, ocupasse seu lugar. Dessa forma, Rodin chama Camille e uma de suas amigas para que ajudassem como assistentes em suas obras. Durante praticamente todo o período em que estiveram convivendo, foram amantes. Inclusive, Camille engravidou e logo depois sofreu um aborto.

Depois disso, ela encera seu relacionamento com Rodin, se encontra na miséria e entra em depressão. Ela expôs suas obras no SALON des Artistes Français e no Salon d’Automne.

A partir de 1905, Claudel, teoricamente, começou a apresentar problemas psicológicos. Ela destruiu muitas de suas obras, desapareceu por longos períodos, acusou Rodin de roubar suas ideias e liderar uma conspiração para matá-la. Após 8 dias da morte de seu pai, Camille foi internada pelo irmão, a pedido da mãe, em um hospício.

Camille Claudel faleceu no dia 19 de outubro de 1943, depois de ter vivido 30 anos no asilo em Montfavet, sem nunca ter recebido a visita de sua mãe ou irmã. Seu corpo foi enterrado no cemitério do local.

Ademais, Camille foi vítima de uma sociedade extremamente machista, a qual desvalorizava e não reconhecia a figura e a arte feminina. Ela passou anos sendo descredibilizada e vivendo “às sombras” de Rodin. Há inclusive relatos em que ela diz que teve suas obras roubadas, assinadas e vendidas com o nome dele. Além disso, é perceptível a diferença de tratamento em relação a ela e ao irmão, que também era artista na época.

Camille Claudel, Vertumnus e Pamona, escultura em mármore, 1905, Museu Rodin, Paris.

A obra “Vertumnus e Pomona”, exposta no Museu Rodin, em Paris, foi terminada em 1905. Modelada inicialmente em 1886, em gesso, teve como título inicial “Sakandula”, nome de uma personagem que reencontra seu marido após um longo período enfeitiçado, inspirado por um conto indiano.

Após um período, conseguiu financiamento de uma aristocrata. Ela utilizou mármore e renomeou a obra para “Vertumnus e Pomona”. O primeiro nome se refere a um Deus romano que personifica a ideia de metamorfose. Já o segundo, a uma divindade das frutas. Essa arte também é conhecida por alguns como “O Abandono “.

Com a união de cabeças, a escultora buscou retratar o amor como uma força da mente, atração. De acordo com o historiador de arte Angelo Caranfa, a obra expressa a preocupação de Claudel ao fato de nunca poder se separar mentalmente de Rodin. Não representa um amor idealizado, mas sim o amor que está sempre sofrendo transformações conforme o tempo.

Análise Pessoal

Segundo o dicionário, arte é uma “habilidade ou disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica, realizada de forma consciente e controlada”. De forma menos racional, pode-se defini-la como um reflexo da cultura de uma época e da história. É fato que desde a pré-história o homem sente a necessidade de representar o mundo e o que há nele de acordo com suas perspectivas.

Já no livro “A transfiguração do Lugar-Comum”, o autor cita uma das teorias da ação: “uma obra de arte é um objeto apropriadamente chamado de expressão porque sua causa é um sentimento ou uma emoção particular de quem a realizou e que ela efetivamente expressa.”

A partir dessa citação podemos afirmar que todas as obras de Camille carregam grande expressão de seus sentimentos e caráter autobiográfico. Nas esculturas é possível notar a sua concepção do amor e seus sentimentos de angústia que o tema lhe traz. Com a utilização de simbologias clássicas, de maioria greco-romana, ela emprega o uso de expressões faciais e movimentos para expressar suas particularidades e reflexões, promovendo um caráter simbolista as suas obras. A artista não utilizava padrões estéticos estabelecidos para as mulheres da época, retratava de forma realista o corpo feminino, incorporando pensamentos feministas as suas obras.

Atualmente não há pesquisas sobre Camille Claudel dentro de um movimento estético específico, na maioria dos artigos escritos suas obras são analisadas de forma pessoal e atreladas ao seu antigo relacionamento com Rodin. Entretanto, existe um museu com seu próprio nome. Ele foi construído na antiga casa da família dela, em Nogent-sur-Seine, a cerca de 100 km de Paris e traz 44 trabalhos dela — metade dos que sobreviveram ao tempo, às cópias e à própria artista, que no fim da vida destruiu muitas de suas obras

Recomendações

https://youtu.be/ibjPoEcDJ-U

Livro: Camille Claudel, uma Mulher — Anne Delbée | Estante Virtual

Filme: https://g.co/kgs/tvXLRT

Bibliografia

https://www.19thc-artworldwide.org/autumn17/gindhart-reviews-camille-claudel-museum

https://totenart.com/noticias/obras-importantes-camille-claudel/

https://www.theartstory.org/artist/claudel-camille/

https://www.dailyartmagazine.com/love-and-despait-camille-claudel-rodin/

https://artschaft.com/2018/03/02/camille-claudel-the-abandonment-1905/

silva_la_dr_ia.pdf

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