Unos cuantos piquetitos’, de 1935

Frida Khalo — Vida e Obra

Manuela Bianchi
ARTE e DESIGN
Published in
4 min readOct 7, 2021

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A artista que teve sua trajetória marcada por força de vontade, sofrimento, paixões e luta.

Conhecida internacionalmente como Frida Kahlo, Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón nasceu em Coyoacán, no México, em 6 de julho de 1907. Foi uma artista que teve sua trajetória marcada por força de vontade, sofrimento, paixões e luta.

Filha do fotógrafo alemão Wilhelm Kahlo, Frida acreditava que pudesse mostrar com seus “retratos feitos a mão”, ou seja, suas pinturas, tudo que passava em sua vida, nas mais variadas circunstâncias. Reconhecia-se como “filha da revolução”, já que passou parte da infância entre tiroteios ocorridos durante a Revolução Mexicana de 1910.

Quando jovem, estudou na Escola Nacional Preparatória de San Ildefonso, na Cidade do México, tendo acesso a diferentes grupos estudantis das mais variadas áreas, identificando-se mais com aqueles ligados às artes e à filosofia.

Frida sofreu de poliomielite aos seis anos e, com isso, teve sequelas em uma de suas pernas. Devido à doença, também adotou o uso de saias longas, que, anos mais tarde, tornaram-se coloridas e chamativas e uma das marcas registradas da artista. Com 18 anos, sofreu um grave acidente de ônibus que a deixou um longo período no hospital. Foi nesse período que a pintura entrou em sua vida, já que foi por essa arte que Frida conseguia passar o tempo e extravasar seus sentimentos e pensamentos. O primeiro quadro de Frida foi o ‘Autorretrato em vestido de veludo’, de 1926, obra que fez para presentear seu então namorado, Alejandro Gómez Arias, utilizando cores fortes e traços marcantes.

Ademais, retratava artisticamente aspectos íntimos e femininos, como abortos e feminicídios, algo considerado um tabu na época. O último tema foi retratado, por exemplo, em uma de suas obras mais impactantes e intitulada ‘Unos cuantos piquetitos’, de 1935 que faz alusão à violência sofrida por mulheres e que costuma ser diminuída pelo machismo estrutural na sociedade.

Para essa obra, a pintora baseou-se em um caso do qual ela teve conhecimento e no qual um marido havia matado a esposa por ciúme, alegando ao juiz que lhe havia feito apenas alguns cortes pequenos como justificativa para ser absolvido do crime.

Por causa disso, decidiu retratar a cena em uma obra de arte bastante perturbadora. Nela, exibe o corpo ensanguentado de uma mulher nua e sem vida. Ela estava em uma cama com os olhos semicerrados e um fio de sangue escorrendo pela boca. O marido está ao lado dela segurando uma faca com um leve sorriso no rosto.

Há marcas de sangue por todo o ambiente, inclusive em uma espécie de moldura pintada na tela. Acima, há uma pomba branca e uma andorinha negra, que provavelmente fazem alusão aos aspectos claros e escuros do amor. Os pássaros sustentam uma faixa com os dizeres: Unos cuantos piquetitos.

É uma pintura de gênero que faz parte dos movimentos de Arte Moderna, que tem como principal característica o rompimento com os padrões vigentes. Tal aspecto se dá principalmente por conta de seu momento histórico, arte naif e realismo mágico. Hoje, se encontra no Museu Dolores Olmedo. Possui dimensões de 48cm x 38cm e utilizou a técnica de tinta a óleo.

Além disso, para dar um efeito ainda mais dramático ao óleo, Frida pediu que a moldura dessa pintura fosse totalmente lisa. Ela se encarregou de apunhalá-lo e colocar

Percebe-se então, nessa obra, a importância que a arte tem também nos assuntos sociais e cotidianos. Ela usou seu trabalho para se posicionar e fazer uma denúncia aos muitos casos de assassinatos de mulheres, o que por muito tempo foi chamado de “crime passional”. Esse tipo de crime, que homens cometem contra mulheres pelo sentimento de “posse”, atualmente é chamado de feminicídio.

Análise:

De acordo com o dicionário, “arte” é uma palavra que se origina do vocábulo latino ars e significa técnica ou habilidade. Pode-se dizer que é uma manifestação humana comunicativa muito antiga. Ela também está intimamente relacionada com as sensações e emoções dos indivíduos. Como exemplo, a pintura, a dança, a música, o cinema, a literatura, a arquitetura.

Suas obras eram classificadas por André Breton e Salvador Dalí como Surrealistas, mas a artista, que não concordava, dizia: “Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade”. Segundo ela, “Pintar completou minha vida. Perdi três filhos e uma série de outras coisas, que teriam preenchido minha vida pavorosa. Minha pintura tomou o lugar de tudo isso. Creio que trabalhar é o melhor”.

Nota-se no trecho “A interpretação de obras de arte é o cerne do exercício da crítica de arte. O crítico procura identificar o significado de uma obra e mostrar como o objeto em que o significado está corporificado efetivamente o incorpora.” do livro “A transfiguração do Lugar Comum” que a arte tem uma importante função social na medida que expõe características históricas e culturais de determinada sociedade, tornando-se um reflexo da essência humana assim como as obras de Frida que carregam pensamentos, opiniões e vivências dela.

Referências bibliográficas:

https://artsandculture.google.com/asset/unos-cuantos-piquetitos-frida-kahlo/oQG_590SEeTDaw?hl=es-419 https://pt.wikipedia.org/wiki/Unos_cuantos_piquetitos

Pintura Moderna — Toda Matéria (todamateria.com.br)

Frida Kahlo: história e obras da pintora mexicana — Toda Matéria (todamateria.com.br)

Por Rafaela Braz e Manuela Bianchi

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