“A persistência da Memória”, Obra surreal

O destaque da espontaneidade

Quadro “A persistência da Memória” — Salvador Dalí. / https://www.google.com.br/amp/s/www.culturagenial.com/a-persistencia-da-memoria-de-salvador-dali/amp/

Por Gustavo Lacerda e Enricomonzo

A histórica obra “A Persistência da Memória” que está, desde 1934, exposta na coleção do Museu de Arte Moderna(MoMA) de Nova Iorque (www.moma.org), foi feita pelo famoso pintor espanhol Salvador Dalí. Vindo da Escola de Belas-Artes de San Fernando, em Madrid, ele tinha um estilo excêntrico e único, tinha interesse em roupas com cores vibrantes, possuía um bigode longo e inconfundível, gostava de chamar a atenção e de ser extravagante. Talvez até por isso, Dalí tenha se interessado e se especializado no movimento artístico surrealista, que valorizava a fantasia, a loucura e a utilização da técnica de reação automática. Nessa perspectiva, o pintor não deveria se preocupar com a lógica, ou seja, deveria registrar tudo o que viesse em sua cabeça. Na época desta obra, o movimento surrealista ainda vivia um processo de internacionalização, de conquista de adeptos, e uma busca pela total liberdade na arte. Salvador Dalí foi um dos artistas que mais criou obras reconhecidas do movimento, e é, por isso, um dos principais e mais importantes artistas surrealistas que existiu. Dentre as principais obras do movimento, “A Persistência da Memória” possui um destaque único, sendo uma das obras de referência.

Existe até os dias de hoje uma discussão sobre o conceito da arte que já tem há centenas de anos. A arte é um conceito muito difícil de ser explicado e, achamos que por isso, muitos se questionam a respeito. Mas afinal de contas, o que é arte? Lendo e analisando algumas tentativas de respostas, e algumas definições sobre isso, acreditamos que a arte esteja muito ligada no que ela vai causar no seu espectador. Muitos dizem que o objetivo claro do artista é causar algum sentimento e até incomodar o observador. Por isso, sentimos que a arte esteja muito ligada às emoções que ela causa nas pessoas. Em um trecho do prefácio “a edição brasileira” do livro “A transfiguração do Lugar Comum”, é dito que: “A obra é o objeto mais o significado, e a interpretação explica como o objeto traz em si o significado que o observador -no caso das artes visuais- percebe e ao qual reage de acordo com o modo como o objeto o apresenta.” Baseado nisso, é fácil de acreditar que a obra vai muito além do objeto em si, e tem todo o fator da interpretação de quem a vê.

A partir disso, concluímos que uma obra de arte pode até ser algo muito rico de detalhes e de beleza. Porém, não é necessariamente dessa forma. Por exemplo, na obra “A Persistência da Memória”, que tem alguns elementos, como os relógios, que estão desfigurados em relação à realidade. Porém, isso é feito de forma proposital para chamar a atenção, e tem também um significado por trás daquilo.

Apesar de existirem diversas formas diferentes de arte, entendemos que todas, ou a maioria delas, estão baseadas nesse aspecto da interpretação do observador, e o que vai diferenciar mesmo as obras são os sentimentos e emoções que moveram os artistas a realizá-las. Em um outro trecho do livro “A transfiguração do Lugar Comum”, na parte “Obras de arte e meras coisas reais” é dito que “uma obra de arte é um objeto apropriadamente chamado de expressão porque sua causa é um sentimento ou uma emoção particular de quem a realizou e que ela efetivamente expressa. Segundo essa concepção, uma ação e uma obra de arte se distinguem por suas respectivas ordens de causas mentais e, além disso, pela diferença entre corresponder a uma intenção e exprimir um sentimento.” Nesse sentido, interpretamos que, além de cada sentimento que será causado nos espectadores, a emoção do autor também vai ser totalmente levada em consideração na análise daquela obra. Afinal de contas, é importante entendermos o que o artista quis expressar com aquilo, para que se tenha um melhor entendimento do que está sendo expressado.

A partir de todos esses pensamentos, acreditamos que a arte é a combinação do objeto com as emoções e sentimentos, sejam eles do autor, ou do espectador.

Fontes: https://www.google.com.br/amp/s/www.todamateria.com.br/surrealismo/amp/; Salvador Dalí — Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org); Surrealismo — Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org); A Persistência da Memória — Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Vídeo do Salvador Dalí no canal do MoMA: https://youtu.be/-7fnCm6tlEY