Explorando o conceito de Pop Art

GIULIA LAMAS DE SOUZA
Arte em Debate
Published in
4 min readFeb 5, 2021

O movimento artístico da Pop Art nasce no pós Segunda Guerra Mundial, momento histórico em que as grandes empresas, até então afetadas pela crise do período dos conflitos, começam a se reerguer e fazem emergir uma sociedade do consumo, marcada pelos anúncios de televisão, revistas e jornais.

Nesse cenário, os artistas tomam como inspiração os grandes centros urbanos e a visível explosão da cultura de massa (perceptível nas cada vez mais populares campanhas publicitárias e logomarcas) e começam a usá-los como material artístico, transformando em arte os aspectos familiares para os consumidores dessa cultura.

Os integrantes do movimento chamavam a atenção das pessoas por englobarem símbolos e signos já conhecidos por elas, se recusando a fazer uma separação entre a arte e a vida cotidiana. Isso fica bem claro na menção do artista Robert Rochenberg de que “Um par de meias não é menos adequado para um quadro do que óleo sobre tela” e em algumas icônicas obras de Andy Warhol como “Banana” e “Campbell’s Soup Cans”.

Essa tendência representava muito mais do que uma desconstrução do conceito tradicional de arte. Nesse sentido, o objetivo das obras era expor os traços de uma sociedade marcada pela industrialização, reprodução em série e a efemeridade do que era oferecido pela era industrial e criticar o forte consumismo promovido pela publicidade presente no mundo capitalista.

Kiss V (1964) de Roy Lichtenstein. Inspiração nos desenhos das histórias em quadrinho.

A utilização dos símbolos de consumo para formar a crítica era combinada a uma estética muito característica, marcada por cores vibrantes e intensas; a utilização das técnicas de serigrafia e litografia; a inspiração no universo das histórias em quadrinho; o uso da imagem de celebridades; a serialização das imagens nas obras e a reprodução de peças publicitárias.

Marilyn Monroe (1962) de Andy Warhol. Técnica da serigrafia com o uso da imagem da celebridade.

Além disso, era utilizado como meio artístico o chamado Happening (do inglês, acontecimento), uma forma de expressão que incorporava elementos da improvisação e contava com a participação direta ou indireta do espectador. Na Pop Art, artistas como Allan Kaprow e Jim Dine foram responsáveis por famosos happenings, com o intuito de tirar a arte das telas e trazê-las para a vida, visando testar os limites formais da arte.

Happening de Allan Kaprow.

No Brasil, os principais nomes do movimento foram: Antônio Dias, cujo conteúdo era marcado por críticas políticas na forma típica da Pop Art; Rubens Gerchman, que utilizava técnicas de litografia e happenings para retratar principalmente o cenário urbano; e Claudio Tozzi, famoso por abordar temas políticos e urbanos, utilizando elementos como sinais de trânsito, bandeiras e letreiros.

Usa e Abusa (1966) de Claudio Tozzi.

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