René Magritte e suas obras surrealistas

Murilo Coelho Macedo
5 min readFeb 1, 2021

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Nascido em Lessines ,Bélgica, em novembro de 1898, René Magritte foi um dos principais artistas do Surrealismo, movimento iniciado em 1924 com o Manifesto Surrealista, publicado por André Breton. Com 12 anos de idade o artista começou a explorar seus talentos artísticos, até aos 14, quando sua mãe cometeu suicídio. Apesar do trauma, René Magritte ingressou na Académie Royale des Beaux-Arts de Bruxelas, na qual permaneceu por dois anos (1916–1918). A primeira exposição profissional do pintor ocorreu em 1920, na Centre d’Art de Bruxelas.

O jóquei perdido (1926)
O jóquei perdido,1926, óleo sobre tela ,René Magritte

Primeiros passos e firmação no Surrealismo

René Magritte criava suas obras com influências do Cubismo e do Futurismo, até que em 1926-mesmo ano que assinou contrato com a Galerie la Centaure em Bruxelas- o artista confecciona sua primeira obra surrealista, O jóquei perdido, inspirado nos trabalhos do italiano Giorgio de Chirico.

Apesar de sua primeira obra surrealista não ser bem recebida, René desenvolveu seus principais trabalhos com elementos desse movimento artístico. Magritte praticava o Surrealismo realista, com elementos reais expostos em contextos inimagináveis, e o Realismo mágico, no qual elementos da realidade são distorcidos e causam estranheza. Em 1927 muda-se para Paris e tem contato com artistas surrealistas, como o célebre André Breton. As obras de René Magritte passaram a expressar um estilo próprio do artista, atmosferas inesperadas e confusas, semelhantes com os sonhos.

´´Isso não é um cachimbo``/A Traição das Imagens, 1928–9, óleo sobre tela, 60 cm x 81 cm, René Magrite

Em 1929 o contrato de René Magritte com a galeria chega aos fim. No ano seguinte o artista retorna para Bruxelas e continua produzindo quadros, dentre eles O Retrato (1935) e O Tempo Trespassado (1939). Em 1967, aos 68 anos, faleceu de câncer.

O retrato, 1935, óleo sobre tela, 73 cm x 50 cm, René Magritte // O Tempo Trespassado, 1938–9, óleo sobre tela, 147 cm x 98,7 cm, René Magritte

Um pouco mais sobre a vida de René Magritte

Filho de um tecelão, Léopold Magritte, e de uma chapeleira, Régina Magritte, artista foi apelidado pela crítica de Pintor Cerebral, e seu estilo particular de pintura foi chamado de Visual Thinking.

O artista, casado com Georgette Berger, era agnóstico(acreditava que é impossível afirmar com certeza se Deus existe ou não) e nunca escondeu seu posicionamento político, vinculado diretamente com o partido comunista.

René tinha alguns elementos característicos em suas obras, dentre eles homens com chapéu-coco, céus e mares. Além de suas obras surrealistas, o artistas trabalhou confeccionando anúncios publicitários, com a única finalidade de conseguir sustento.

René Magritte

Algumas obras do artista:

O Filho do Homem, 1946, óleo sobre tela, 116cm x 89 cm, René Magritte

O filho do homem é uma das obras mais famosas do artista e já foi diversas vezes reproduzida.

Curiosamente, a obra seria um autorretrato de Magritte, mas o artista transformou em algo talvez incompreensível para muitos. A obra desperta a curiosidade, fazendo um jogo entre o visível e oculto.

Golconda, 1953, óleo sobre tela, 81 cm × 100 cm, René Magritte

Golconda, a obra na qual os homens de chapéu-coco estão mais presentes. Assim como gotas de chuvas os homens despencam do céu e aparentam ser semelhantes, porém ao analisar a obra com um olhar mais detalhado é possível observar que cada um apresenta sua particularidade. A obra questiona a individualidade substituída pelo comportamento padronizado das massas.

O Espelho Falso, 1928, óleo sobre tela, 54cm x 81cm, René Magritte

O Espelho Falso apresenta o olho humano de forma detalhada. A íris é substituída pelo céu, e é impossível afirmar se o céu está sendo refletido na íris ou emoldurado pelo olho.

Os amantes, 1928, óleo sobre tela, 54cm x 73,4 cm, René Magritte

Os amantes, a obra que levanta uma série de questionamentos sobre a identidade do casal e do motivo pelo qual seus rostos estão tampados.

Os rostos escondidos podem afirmar que o amor é cego, retratar a necessidade de esconder-se da sociedade ou deles mesmos. O fato é que a estranheza que a obra causa intriga e cativa o observador.

A Reprodução Interdita, 1937, óleo sobre tela, 79cm x 65,5cm, René Magritte

A Reprodução Interdita apresenta um espelho que não reflete a imagem humana, e sim duplica. O curioso é que ao reparar no livro que está na bancada é possível perceber que todos os elementos da imagem são refletidos com perfeição, menos o homem. A curiosidade causada pelo anonimato do individuo e a estranheza da cena intrigam o observador.

Conclusão

René Magritte é talvez um dos nomes mais influentes no movimento surrealista. Seu estilo, apesar de bem próprio e característico, traduz muito bem diversos ideais surrealistas, como a incoerência que se assemelha com sonhos, a liberdade artística e a ruptura com o estilo convencional de fazer arte. Suas obras, muito populares também no anos 60, são referência em diversos âmbitos da arte e parte da cultura pop até os dias atuais. As obras do artista chegaram em diversos salões de renome, dentre eles a London Gallery (Inglaterra) e o Museum of Modern Art (Nova Iorque).

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