Videoarte: A arte da experimentação

CAROLINA WAMSER FERREIRA
Arte em Debate
Published in
3 min readMar 2, 2021

A popularização das câmeras, videotapes e monitores permitiu o surgimento de uma nova vertente artística: a videoarte. Mas, afinal, o que é videoarte?

Criada no final de 1960, (se popularizando apenas em 1970) buscava interagir e criar arte a partir do uso das câmeras. Criando diferentes formas, conteúdos e com a quebra de paradigmas das artes anteriores, os artistas da época brincavam com a construção da arte. No final, é muito difícil entender o que era teste e o que era arte nesse início do movimento. O conceito de videoarte, na verdade, é não possuir um conceito fixo.

Logo depois, já em 1970, o movimento começa a pegar forma. É nessa época que aparecem as características com outras vertentes, com a popart, o minimalismo e a arte conceitual. Sem se deixar prender por regras, o movimento buscava ampliar o campo perceptivo do interlocutor, priorizando a relação do observador com a obra, como podemos ver no vídeo abaixo.

Videoarte no Brasil

Influenciados por esse movimento que só crescia no exterior, os artistas brasileiros buscaram acrescentar esse novo estilo em suas obras. Com os poderes que os vídeos dão, os artistas os usam tanto para a criação de conteúdo quanto como uma ferramenta crítica para se firmar em um contexto de ditadura e censura.

Aqui, o movimento surgiu em 1980 e foi incorporado ao movimento da Tropicália, já que possuíam muito em comum. Ambos buscavam a quebra das regras e uma arte contraventora. A videoarte só favoreceu a propagação das ideias criadas pela Tropicália, além de se fazer presente em diferentes movimentos.

Podemos citar como uma das principais imagens do movimento no Brasil o Cassino do Chacrinha. Contrariando todos os paradigmas antes criados para um programa de auditório, Chacrinha buscou fazer o programa à cara dele, irreverente, animado e sem nenhum roteiro seguido à risca. Podemos ter uma amostra disso apenas pela abertura do programa, logo abaixo.

Grupo Fluxus

Criado em 1968 George Maciunas, o grupo Fluxus era um conjunto de diferentes vertentes da arte (visuais, musicais e literatura) e teve seu auge nos anos 70–80. Presente nos Eua, Europa, Japão, esses artistas buscavam se firmar como anti-arte e contra esse “status quo” da burguesia. Associados aos movimentos do Dadaísmo e da popart, eles estavam presentes nos grandes centros urbanos e a partir dos anos 90 eles passam a se expressar através da internet.

Segundo seu criador, “tudo poderia ser arte e arte poderia ser feita por todos”, e é nisso que o grupo se forma. Buscando se distanciar da arte moderna produzida pela burguesia, seus artistas constroem suas obras buscando um efeito de irritar, incomodar, chocar e perturbar. O uso dos happenings (arte feita na hora) caracterizou o período dos anos 70 do grupo, como o vídeo apresentado a seguir.

Assim, a videoarte não foi um movimento simples, mas complexo e que visava a criação do senso crítico da sociedade. Ele, em sua maioria, foi conceituado pela sua quebra de paradigma e sua subversão aos sistemas criados. Enfim, a videoarte é a arte que contraria tudo o que conhecíamos como arte anteriormente.

Referencias

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