A sétima arte no Irã

Priscila Pacheco
Artes & reflexões
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2 min readNov 17, 2015
Cena do filme iraniano “A Separação”

Ao falar sobre cinema logo penso na influência que ele possui em nossas sociedades, pode ser algo apenas para entreter, um alienador ou uma arte reflexiva. Sendo assim, concordo quando Abbas Kiarostami, cineasta iraniano, diz: “Em minha opinião, tanto o cinema como as demais artes deveriam interferir na forma de pensar dos espectadores para fazê-los renegar os velhos valores e abrirem-se aos novos”.

Seguindo a linha da arte que vai além do entretenimento, encontramos diversos exemplos como Tempos Modernos, de Charles Chaplin; A Batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo; e Salaam Bombay, de Mira Nair. Enfim, poderia escrever uma imensa lista de filmes desse estilo, mas hoje o meu intuito é falar um pouco sobre o cinema iraniano.

Tempos Modernos, A Batalha de Argel e Salaam Bombay (esq. para dir.)

Quando alguém pergunta o que você sabe sobre o Irã qual é a sua resposta? É um lugar rico em petróleo, Mahmoud Ahmadinejad foi um dos presidentes, é inimigo de Israel, se envolveu em uma guerra contra o Iraque. E o cinema? O que você sabe sobre o cinema iraniano? Ele ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro por causa de “A Separação”? Sim! Todavia, antes de “A Separação”, o Irã já possuía um currículo imenso de produções cinematográficas.

O país persa é um dos maiores produtores cinematográficos do mundo. E o fato de muitas salas de cinema terem sido fechadas ou queimadas durante a Revolução Islâmica não diminuiu o interesse da população. Tanto que assistir a filmes é um lazer bastante praticado no Irã. Outra questão é o número crescente de diretores e escolas de cinema.

Mohsen Makhmalbaf, diretor de cinema que vive fora do Irã por causa da censura.

Muitas das produções apresentam uma crítica social. Algumas ainda usam a metáfora como ferramenta para escapar da censura, mas o apego a essa figura de linguagem vem caindo. A questão da censura é o que faz com que cineastas vivam exilados. Eles são considerados inimigos do próprio país, como é o caso de Mohsen Makhmalbaf.

Para saber mais sobre o cinema e a sociedade iraniana, recomendo a leitura dos livros “O novo cinema iraniano”, de Alessandra Meleiro, e “O Irão sob o chador — Duas brasileiras no país dos aiatolás”, escrito por Adriana Carranca e Márcia Camargos.

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Priscila Pacheco
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Journalist — I am an independent journalist and I am interested in human rights, social actions, culture and environment. Instagram: @pricspacheco