Por que faz sentido investir em mineração?

Ray Nasser
ARTHUR Mining
Published in
5 min readDec 15, 2021

Nos últimos meses o movimento do bitcoin tem atraído diversos investidores. O interesse institucional pela moeda cresceu e novas formas de investir surgiram para suprir a demanda dos investidores.

Nesse sentido, as atividades que envolvem a criação de novos bitcoins, como a mineração, tem ganhado destaque. Por ser produtora de uma commoditie digital, a mineração apresenta desempenho superior ao bitcoin em diversos momentos.

Isso faz sentido quando percebemos que a mineração gera valor para o mercado e funciona como uma fonte de renda fixa. Além disso, a indústria de mineração está envolvida por diversas outras atividades que trazem valor secundário para as empresas de mineração.

Logo, investir na mineração de bitcoins envolve reconhecer os diversos processos que implicam em uma operação viável e como eles são importantes.

Energia na mineração

Embora as informações acerca da mineração de bitcoins apontadas pela mídia ainda sejam muito controversas, o custo e impacto energético desta indústria não é um bicho de sete cabeças para o meio ambiente.

As fontes energéticas que compõem a infraestrutura da mineração são, em sua maioria, renováveis. Além disso, a mineração se aproveita de toda energia que outrora seria desperdiçada ou queimada para compor seu processo produtivo.

Atualmente, mesmo com diversos acordos ambientais mundiais para a redução de carbono na atmosfera, a indústria de Óleo e Gás ainda é um grande emissor desse poluente.

Com isso, as mineradoras, como a Arthur, buscam estar geograficamente posicionadas em regiões estratégicas para captação desse excedente energético da indústria de O&G. Isso viabiliza a utilização de energia mais barata, ao passo que contribui para a implementação das políticas de ESG e mineração verde.

Teoricamente o lastro do bitcoin está atrelado a energia. Para uma operação de mineração ser viável e, dessa forma, contribuir com a rede, é preciso que as fontes energéticas sejam atraentes. Desse modo, sempre as empresas de mineração buscarão a melhor forma de produção e com menor custo.

Operação e infraestrutura

Obviamente, como toda operação industrial de larga escala, a mineração precisa de uma estrutura para operar as máquinas. Dessa forma, os gastos com infraestrutura são bem altos.

A estrutura de uma mineradora é feira por um Data Center. Desse modo, além do espaço, as máquinas são de suma importância para montar a infraestrutura do local. Atualmente as ASICs, máquinas de mineração, são caras e estão constantemente evoluindo tecnologicamente.

Uma das coisas mais importantes nesse sentido são os chips das máquinas de mineração. A medida que o bitcoin cresce, as pessoas veem mais oportunidades de fazer parte da rede. Por ser um negócio competitivo, várias empresas buscam soluções para serem mais eficientes na mineração.

Dessa forma, a indústria de tecnologia e informática também entra na competição e as mineradoras investem constantemente o capital em novos equipamentos e máquinas.

Um fator extremamente importante na infraestrutura da mineração é como as máquinas são refrigeradas. Devido à alta atividade e gasto energético, as ASICs dissipam muito calor no processo. Sendo assim, uma estrutura de refrigeração é construída.

O modelo mais comum atualmente é a refrigeração com coolers de ar, porém a mineração imersiva tem ganhado espaço, onde consiste em colocar as máquinas em tanques de água, para manter uma temperatura equilibrada.

O processo de imersão contém diversas vantagens para o setor, visto que diminui a emissão de carbono no ar, contribui para aumentar a vida útil e eficiência das máquinas, além de diminuir o barulho causado pela atividade.

Processo burocrático

Atualmente ainda existem muitos países que não reconhecem a mineração como uma atividade legal ou persistem nas narrativas ambientais acerca do processo. No entanto, este cenário vem diminuindo e existem jurisdições amigáveis a atividade dos mineradores.

Ir em busca de lugares geograficamente estratégicos em questão de energia é muito importante, mas, caso não seja burocraticamente legal, a mineração se torna inviável naquele país.

Apesar de a China, que era maior produtora de hashrate de mineração, ter proibido a atividade no país, várias outras jurisdições veem oportunidades lucrativas em aceitar a mineração no país. Afinal, o país se beneficia com a entrada de novas empresas, arrecadação de impostos e uso sustentável de energia.

Exposição ao bitcoin

O interesse institucional no bitcoin vem crescendo, pois a moeda vem se mostrando como um ótimo ativo para hedge na inflação. Além disso, os ganhos positivos do bitcoin ao longo de sua existência provam que os fundamentos da moeda são consistentes.

Nesse sentido, vários produtos estão sendo oferecidos aos institucionais que não podem ou não querem uma exposição direta ao bitcoin. Portanto, ETFs, títulos de emissão de carbono de mineração verde de demais outros produtos têm sido interessantes para inserir o investidor qualificado no mercado de criptoativos.

Dessa forma, a mineração de bitcoins é uma das maneiras mais promissoras para se expor a esse mercado, visto que a performance dessas empresas crescem cerca de duas vezes mais que do próprio ativo. Mesmo em períodos de baixa do bitcoin, a mineração mantém saldos positivos.

Mineradoras públicas e os investimentos institucionais

Ao longo dos últimos 24 meses algumas mineradoras de bitcoins lançaram seus IPOs e estão listadas na bolsa de valores.

Marathon Digital Holdings (NASDAQ: MARA), Riot Blockchain (NASDAQ: RIOT) e Cipher Mining Inc. (NASDAQ: CIFR) são exemplos de case de sucesso entre as públicas, das quais atrai o interesse de grandes gestores de ativos financeiros.

BlackRock, Fidelity, Morgan Stanley e Vanguard, são exemplos de gestoras de ativos que decidiram fazer aportes em empresas de mineração. Com investimentos pesados e retornos positivos, é evidente o interesse institucional nesse processo.

Fidelity, por exemplo, detém 7% de participação na Marathon. Além disso, os ETFs da Vanguard (Total Stock Market ETF e Information Technology ETF) estão entre os quarto e quinto maiores fundos de participação pela RIOT. Enquanto isso o Small-Cap ETF e o Small-Cap Growth ETF são o quarto e o quinto maiores detentores de ETFs de ações MARA pela Vanguard. Ademais, BlackRock, que também contém participações da Marathon, investiu quase 400 milhões de dólares em ações de mineração.

Além disso, a aceitação institucional do bitcoin por grandes empresas contribui para que a moeda tenha destaque e a mineração também. Inclusive, a entrada de grandes setores financeiros, como Visa, PayPal e Citibank demonstram como o bitcoin caminha para uma aceitação massiva de grandes investidores e pessoas globalmente.

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Ray Nasser
ARTHUR Mining

Economist from Babson College, USA, with more than 15 years of experience in the financial market as F.O. manager. Arthur CEO.