Felippe Silveira

Gabriel Freire
Art Journey
Published in
18 min readJan 16, 2018

Como 2018 não veio pra brincadeira e nós também não, nosso ano já vai começar já daquele jeito. Trouxemos pro ARJO, o senhor dos mil jobs, o susserano mais cheio de scripts e keyframes das terras MOWEsticas e pulador de muros pseudo-profissional, Felippe Silveira. E o menino já veio com sangue no zóio trazendo a maior entrevista até hoje do blog!

Felippe Silveira — Fundador/Animation Director na Mowe Studio

Felippe, você estudou na PUC-RJ e depois fez Master na área de Motion em Barcelona. Escutamos algumas vezes muitos reclamando do ensino superior e da academia em geral. Ao lado desses comentários, o ensino informal vem crescendo largamente. Como você vê isso tudo? Todo dinheiro investido em ensino formal vale realmente a pena? Se não tivesse tido oportunidade de passar pelas instituições que passou, como acha que mudaria o que é hoje como profissional?

“Vejo que minha formação ajudou a moldar muito meu conhecimento com relação à processos, conceitualização e apresentação de projeto. Vejo nas faculdades um lugar excelente principalmente para se fazer bons contatos(não é a toa que eu e meu sócio na MOWE nos conhecemos na faculdade).

(Sempre que converso com alguém que tenha acabado de entrar na faculdade, ou que esteja em qualquer instituição de ensino superior, eu digo para nunca imaginar que você sairá de lá como um profissional na ferramenta X ou Y. A faculdade não é pra isso.)

Quanto ao ensino “informal” na verdade eu vejo como a norma do futuro. Em muitos cursos acadêmicos, como o de Design por exemplo, não faz sentido ter uma faculdade como obrigação. A verdade é que pra maioria das profissões, a faculdade é desnecessária. Vejo que no futuro teremos as instituições de ensino voltada para as profissões clássicas como as da área Médica e do Direito, por exemplo, e que para as demais profissões, como a nossa, valerá mais a penas cursos específicos e até mesmo a prática e atuação no mercado.

Se não tivesse a oportunidade de passar pelas instituições que passei eu diria a princípio que não tenho certeza se seria um Motion Designer, pois foi por meio da faculdade que fui aprender mais e me aprofundar na área. Porém, ao mesmo tempo, eu imagino que teria conseguido aprender muito bem qualquer coisa em que eu me dedicasse a estudar por conta própria, porque isso é meio que algo natural meu. Sem dúvida eu teria uma dificuldade muito maior de falar em público, e principalmente não conheceria tantas pessoas bacanas dessa área, se não tivesse frequentado esses locais.”

O que tem estudado ultimamente? Pode falar um pouco do seu processo de estudo?

“Meu processo de estudo eu diria que é bem aleatório. Existem momentos em que estou mais vidrado em estudar técnicas novas e em outros eu estou mesmo é produzindo. Gosto muito de estudar sobre negócios, marketing, e toda essa área do trabalho criativo que nenhuma faculdade te ensina. Muitos ignoram essa parte, mas se você quer trabalhar como freelancer ou até mesmo ter um Studio algum dia, isso é fundamental.

Quanto a parte técnica do Motion Design, eu costumo estudar muito dependendo do projeto em que estou inserido. Uso sempre os trabalhos que tenho para experimentar uma técnica nova. Normalmente, como também sou responsável pelo conceito dos projetos, eu acabo definindo muita coisa que nem faço ideia de como fazer, apenas por considerar aquilo como a melhor solução para uma determinada cena. Isso se torna uma espécie de desafio para mim e faz com que eu busque soluções e estude novos métodos para executar aquilo que planejei.

Fora isso, atualmente tenho estudado, e também escrito muito, sobre a área de UX Motion Design, que é também o nome do curso que estou desenvolvendo junto com o Pedro Aquino. Como temos esta obrigação e responsabilidade de trazer um conteúdo válido e de qualidade pros alunos do curso, eu tenho me aprofundado bem mais, buscando aprender muitas coisas além do que eu inicialmente já sabia e já havia trabalhado quando me juntei ao Pedro para produzirmos este curso.”

Não sabemos se já passou por isso, mas quando os jobs não vem, os boletos vão se empilhando e o medo, ansiedade e nervosismo tomam lugar. O que você acha que foi/seria a melhor saída? O que você faria/fez se estivesse nesse estado?

“Aqui é um bom exemplo do que mencionei anteriormente sobre estudar sobre negócios, marketing, etc. Quando se é um freelancer ou um Studio, é preciso entender que isso tem que andar sempre constante com tudo que você produz. Não dá para deixar chegar em um momento que o “desespero” reine, pois são nesses momentos que tomamos as piores decisões. Tive momentos em que isso ocorreu, e que não me orgulho de ter deixado acontecer mas que serviram de lições e aprendizagem sobre como me preparar adequadamente. O principal é entender que existem basicamente 3 modos de se obter dinheiro com qualquer profissão dentro do Design:

1 — Trabalhar para clientes

2 — Desenvolver Produtos

3 — Ensinar

É preciso diversificar a maneira como você recebe dinheiro dentro da nossa área, para que a escassez momentânea de uma delas, não cause um impacto tão grande na tua vida.

Dentro da parte de trabalhos para clientes, e que foi na situação em que encontrei a um tempo atrás, a solução foi exatamente fazer aquilo que deveria ser constante:

Produzir conteúdo

Estar ativo na comunidade de Motion

Trabalhar dentro do Marketing da empresa

Entre outros

Fora isso, algo que muitos não se tocam, é o poder que clientes passados possuem. Eles são a pessoas mais dispostas a trabalhar com você, pois já conhecem seu trabalho. Com isso, entrar em contato com esses clientes, perguntar sobre o projeto que você fez pra eles e entender os resultados que isso trouxe é bem importante. Além disso, não existe nenhum problema em pedir para um cliente indicar você para alguém que ele conheça. Algumas vezes as pessoas que precisam dos nossos serviços estão apenas a um contato de distância.

Resumindo: não deixe para tomar uma ação quando se encontrar no desespero. Esquematize seu trabalho para desenvolver constantemente um relacionamento com seu público e seus clientes. Diversifique sua forma de trabalhar e trabalhe nos relacionamentos de forma constante.

O que significa pra você a frase: “É o motion que coloca comida na mesa na minha casa!”

“Confesso que fiquei meio confuso aqui, hehehe. Se seria algo como, se “é o meu trabalho como Motion que paga as minhas contas”, sem dúvida ele é. Com ele consegui morar sozinho, casar, e viajar para diversos países. Dá para se viver de Motion e ter uma boa vida, da mesma maneira em que acredito que seja possível com qualquer profissão. Basta se dedicar, trabalhar duro e investir muito em si mesmo que você consegue isso. O segredo está no aprendizado constante, não apenas das técnicas mas de tudo que envolve o trabalho profissional.”

Qual você acha que é um valor aceitável e um valor mínimo para trabalho como motion designer em uma produtora/empresa hoje? (No caso, no Brasil)

“Essa é uma pergunta bem difícil. O Brasil é imenso e sei que cada lugar tem sua demanda, seu custo de vida, e suas particularidades. Também tem tempo desde que trabalhei em uma produtora e ultimamente tenho trabalhado junto com diferentes freelancers na MOWE, o que acaba dando uma ideia diferente de valor do que seria o de alguém trabalhando como fixo.

Acredito que um valor aceitável para um trabalhador de Motion seria entre os 4,000–6,000 para o Motion Designer padrão. Sem dúvida, conforme a experiência e capacidade do profissional eu vejo que a faixa de 10,000–12,000 é bem justificável também. Claro que não acredito que esses valores se aplicam a quem está começando, até porque muitas das vezes é complicado medir o conhecimento em uma área que não necessita de uma educação formal para atuar.

Pra mim, se o cara tem 6 meses ou 6 anos de atuação, tanto faz. Se o trabalho dele tiver qualidade, ele sem dúvida merece ser mais valorizado, por isso acredito muito também que vai da qualidade do trabalho de cada um.”

A área de audiovisual como um todo tem sofrido com os famigerados gurus e seus cursos “se torne motion designer/editor em 3 semanas”. O que acha disso? Como acha que isso atrapalha/prejudica o mercado de ensino em audiovisual?

“Não acredito que a área tenha “sofrido” com esses cursos. Sem dúvidas existe uma galera que atua de má fé e promete coisas que muitas das vezes são surreais. Porém o pessoal que sai desses cursos estão longe de atuar no mercado e de ser qualquer concorrência para quem já atua na área. Eu acredito que o futuro sem dúvida são os cursos online, porém, como em qualquer área do conhecimento, é preciso fazer uma pesquisa antes de encarar qualquer curso desses.

Em geral, cursos que prometem que você aprenderá tudo, são bem falhos. Nós sabemos que cada ramificação do Motion Design é uma área de conhecimento a parte. Para mim, os cursos de maior valor, são aqueles voltados para nichos específicos da nossa área (character animation, modelagem 3d, ux motion design, lyric video, rigging, etc).

Por mais que esses cursos — que prometem tudo — possam “se dar bem” no início, o tempo vai mostrar a relevância desses para a comunidade e o mercado. Vejo que há oportunidade para muita gente ensinar sobre Motion. A maneira que cada um ensina é muito individual e se relaciona de maneira diferente com diferentes pessoas. Como eu mesmo já te falei uma vez Gabriel, você não precisa estar num nível super alto para ensinar algo e fazer com que isso seja válido. Muita das vezes, os que estão no “topo”, desconhecem as dificuldades que enfrentam quem está começando ou até mesmo quem já tem um trabalho um pouco mais desenvolvido. Nesses casos, pessoas que não são os “f***” da indústria, muita das vezes são os melhores para se ensinar. A oportunidade existe para todos, e quanto mais compartilharmos conhecimento, mais iremos crescer profissionalmente e como comunidade.”

Já ví que tem conta no Videohive e você mesmo comentou no podcast que já usou dinheiro ganhado lá para recursos em outros jobs. Você acha que plataformas como videohive podem sustentar um motion designer ou são apenas meios de receita secundárias?“É bem difícil, porque a maioria das empresas não pagam salários justos, a verdade é essa. Mas é importante você sempre melhorar profissionalmente, criar um diferencial, porque assim você se torna um profissional raro e as empresas começam a disputar pelo seu trabalho.”

“Como falei anteriormente, é possível fazer dinheiro como Motion Designer de diversas maneiras, e uma delas é com produtos, como é o caso do Videohive. Plataformas como essa podem atuar tanto como um meio de receita secundária, até mesmo como a principal fonte de renda de um Motion Designer. Conheço estúdio que tiram seu sustento 100% de plataformas como essa.”

"Quando iniciei no Videohive e criei meus dois projetos que tenho lá, eu estava terminando a faculdade e usei isso como um método de praticar animação, entender como se organiza um projeto (já que é preciso organizar os templates a serem vendidos) e como um pequeno projeto pessoal. Se não me engano, o primeiro template que criei para lá eu fiz a partir de um projeto para um cliente que não foi pra frente e ao invés de engavetar ele, eu transformei num template que fez com que eu ficasse nos top 8 novos usuários de toda a plataforma naquela época, e ainda fiz algumas vendas ;)

Se você parar para estudar tendências e o que as pessoas têm buscado no mercado, você consegue direcionar projetos voltados para isso e garantir melhor umas vendas, ao invés de criar templates e pacotes sem muito propósito. Basta estudar o mercado, ver aquilo que tem uma boa demanda e entender o que estão buscando para criar seu projetos e garantir boas vendas nessas plataformas"

Diz pra gente… Usa/Já Usou template?

“Claro que já usei, se não nunca terei criado um! No começo da minha carreira, eu baixava, e também comprava templates, principalmente para entender como uma certa animação ou efeito havia sido criado. Analisar projetos é uma excelente maneira para se aprender novas técnicas.

Agora se tratando de algo comercial, para algum cliente, o máximo que usei foram imagens e vídeos Stock, quando trabalhava em uma produtora, mas nunca um projeto desses completo de template. No meu posicionamento como profissional, a criação de algo 100% customizado para meus clientes é a base de meu trabalho. Com isso, não uso nem nunca usei templates em meus projetos como freelancer ou como MOWE Studio.

Vejo que em alguns mercados como o da publicidade mais “rápida”, existe uma oportunidade e um certo nicho para o uso de templates. Isso depende muito do mercado em que você atua e do seu posicionamento nele. Existe utilidade para tudo, e pessoas dispostas a pagar tanto por um projeto de template quanto a um 100% único. A única coisa que recomendo é que os Motion designers aprendam a fazer de fato as animações e não usarem templates apenas como uma forma de “mascarar” seu trabalho, mas sim de acelerar um processo que muitas das vezes se repete inúmeras vezes como costuma ser nesses tipos de mercado.”

Dentro da comunidade temos alguns motion designers que vivem na gringa e preferem ficar por lá. Você mesmo já morou e estudou fora. O que te prende no Brasil?

“Sinceramente, a única que me prende aqui é o fato de que ainda estou construindo uma empresa sólida dentro do mercado do Motion Design. Com 2 anos e meio de MOWE Studio, ainda estamos bem no início comparado ao que seremos em alguns anos. Empreendedorismo é uma maratona, e não um tiro de 100 metros. Nesses últimos anos o que fizemos foi investir muito na gente e nas pessoas que trabalham com a gente. Conforme chegarmos no próximo nível na Mowe, eu conseguirei viver na gringa sem problemas, tendo como sustento uma base sólida construída por mim.

Digo para todos que tiverem uma oportunidade de ir para fora do Brasil, nem que seja pra estudar, para que o façam. Experimentar uma nova cultura e até um novo mercado nos faz crescer muito tanto como pessoa quanto como profissionais. Estados Unidos, Canadá e a Europa são muito ricos em design e em oportunidades de conhecer outras pessoas. Cada vez que viajo para fora do Brasil, eu faço questão de conhecer outros profissionais da área e trocar experiências.

Para mim, o maior atrativo de viver fora do Brasil é a qualidade de vida que não temos aqui, além do que a todo momento é possível ver um novo evento de design ou de motion surgindo.”

Profissionalmente, como viver e estudar fora te mudou e moldou?

“Viver em uma nova cultura é incrivelmente rico e te faz crescer muito. Um novo país, uma nova língua, e uma cultura totalmente diferente me fizeram ser muito mais aberto às diferenças que existem entre pessoas e também a entender muito mais como o outro pode ter um pensamento bem diferente do meu.

Viver em uma outra cultura também faz com que você se torne muito mais humilde, já que você precisa pedir muita ajuda pra entender como as coisas funcionam a princípio em outros países. Por mais que isso sejam coisas pessoais, eu vejo que o mesmo se aplica no âmbito profissional.

Estar aberto a receber outras culturas, outras referências, e também experimentar coisas novas. Tem muita relação disso com o design.”

A MOWE é juridicamente sediada nos EUA… Como co-founder você acha toda cultura e burocracia/taxas/encargos brasileira impede o crescimento de mais produtoras/estúdios da área audiovisual?

“Sem dúvida. No nosso caso, os Estados Unidos são bem mais abertos e facilitam a todos que querem empreender nele. Eles entendem que os empreendedores são os que geram empregos e fazem a economia do país rodar. Logo, se você quer investir, trazer dinheiro pro país, e gerar empregos, o governos está aí de portas abertas para você.

Já no Brasil, as barreiras, burocracias e todas as coisas que todo mundo que possui uma empresa tem que enfrentar, simplesmente para iniciar o trabalho, torna esse processo algo muito árduo. Isso não apenas na nossa área mas no contexto geral do país. Fora que para a nossa área, qualquer equipamente custa pelo menos o dobro que você pagaria vivendo em outros país, tudo isso pelas infinitas taxas que temos no Brasil. Criando assim mais uma barreiras para que novos estúdios e produtoras surjam no mercado. Acredito que se esse processo e taxas fossem mais “humanos”, sem dúvida teríamos um número de produtoras e estúdios bem maiores.”

Qual pergunta eu não fiz aqui na entrevista, que você gostaria de ter respondido?

Qual a sua visão para a MOWE Studio?

E então, qual a sua visão para a MOWE Studio?

“A MOWE Studio será o melhor studio remoto para Motion Designers e Ilustradores trabalharem. Tenho certeza de que seremos reconhecidos assim em alguns anos. Construímos a MOWE para que ela funcionasse 100% remota, sem um local fixo, sem nos restringirmos a trabalhar com clientes e designers locais. O que estamos construindo é um lugar onde podemos contar com os melhores profissionais do mundo inteiro e onde podemos trabalhar com eles da melhor maneira possível independente de onde eles escolham viver.

Existem muitas pessoas boas por aí e que não necessariamente vivem nos grandes centros. Isso não deve ser uma desvantagem apra eles e sim uma opção de se viver no lugar em que ela se sente bem. Quero empoderar pessoas a seguir esse rumo para suas vidas e que elas possam contar com a MOWE, e também diversas outras empresas que iremos inspirar, para trabalharem remotamente.

Na MOWE, estamos criando uma experiência além da forma “comum” de outros studios e produtoras trabalharem. Quero que qualquer designer e cliente que trabalhe com a gente se sinta mal de trabalhar com outras pessoas por não vivenciarem uma experiência e um relacionamento tão bom quanto ao nosso. Já tivemos alguns casos assim dos dois lados, tantos freelancers que se “assustam”(no bom sentido) com os prazos e termos que passamos pra eles, quanto a clientes dizendo não conseguirem trabalhar mais com nenhum outro profissional por conta do profissionalismo e dedicação vivenciada ao trabalhar com a gente.

No futuro, teremos tudo isso associado ao trabalho de qualidade que já fazemos, inspirando assim outros studios a criarem um ambiente cada vez mais agradável e prazeroso não só para seus clientes, mas também para aqueles que ajudam diretamente, o studio a crescer.”

Conte um pouco de como é um dia na vida de Felippe Silveira

"Minha rotina é de certo modo bem simples, trabalho de casa, então costumo estar o tempo todo “ligado”. Procuro sempre acordar cedo, por volta de umas 6h (embora tem épocas que não consigo — não vou mentir) para aproveitar ao máximo o meu dia. A parte da manhã costuma ser a mais produtiva pra mim. Quando eu não levanto e já vou escrever, eu uso essa hora inicial para finalizar algo pendente do dia anterior ou já adiantar algo que eu planejei pro dia de hoje. Lá pelas 8h — 8:30h eu dou uma pequena parada para fazer algum exercício — normalmente corrida, street workout ou um pouco de parkour — são essas as horas que uso principalmente para estudar. Já faz um tempo que não corro ouvindo música. Estou sempre ouvindo algum podcast, e às vezes até um audiobook. Voltando pra casa, lá pelas 10:30h eu começo o segundo turno de trabalho que costuma ir até a hora do almoço. Nessa parte da manhã eu já respondo algum email, tenho alguma reunião marcada ou simplesmente me reúno com meu sócio para organizarmos a vida (sempre rola, rs). A tarde é onde acabo ficando mais focado dirigindo os projetos, animando algo, e botando realmente a empresa pra trabalhar. Costumo ficar nessa até umas 17:30h onde dou uma parada para comer e às vezes jogar até umas partidas de Overwatch (tem dias que acaba se tornando um pausa oficial da MOWE — ninguém é de ferro, né? :P ) Daí eu ainda costumo voltar umas 19:00h — 19:30h para trabalhar mais um pouco e vou até umas 21h que é quando costumo parar 100% e já me preparo pra assistir algum seriado com a minha esposa e dormir.

Dormir é uma parte essencial e muitos designers negligenciam isso de uma maneira terrível. Eu acredito na importância de protegermos o bem mais valioso que temos no nosso trabalho — nós mesmos. Privação de sono é péssimo para concentração e principalmente criatividade.

Nem sempre meu dia é assim. O fato de trabalhar em casa e ter controle sobre meu trabalho, me permite variar isso como eu quiser. Tem dias que resolvo mudar meus treinos pra parte da tarde (principalmente quando chove de manhã) ou até mesmo pego meu computador e saio de caso para trabalhar de um ambiente diferente. O segredo também é variar os cômodos. Costumo trabalhar no meu escritório, mas em alguns dias a cozinha me parece ser mais interessante e atrativa heheh"

Se a comunidade de motion tivesse que se empenhar em responder uma pergunta para ela crescesse em qualidade, qual você acha que seria essa pergunta?

“Qual é o tipo de trabalho (ou projetos) que você gostaria de fazer se você não tivesse que se preocupar com dinheiro e clientes?

Só adicionando um pequeno follow-up à essa resposta: pegue aquilo que você respondeu e foque sua carreira nisso. Não é o mercado que dita o sucesso, é o quão bom você é naquilo que faz e principalmente o quanto de paixão você põem no seu trabalho. ;)”

Qual seu job de estimação na MOWE? Fala um pouco dele e como foi seu desenvolvimento

“Cara, eu diria que o meu projeto de estimação não é nenhum projeto muito bolado assim não. É na verdade algo até certo ponto simples e que na verdade foi o primeiro projeto que fizemos na MOWE quando direcionamos nosso foco 100% para Motion Graphics. É o Meet Joe, um projeto que fizemos para uma StartUp do ramo imobiliário em Dallas no Estados Unidos. Pela visão que temos de Motion hoje, nós consideramos ele bem simples e conseguimos identificar diversos “defeitos”. Porém, foi com esse projeto que começamos a pensar como uma equipe, um estúdio. Foi aonde definimos grande parte do processo de criação que temos hoje, e principalmente o nosso processo de relacionamento com nossos clientes. Esse projeto rendeu vários inúmeros outros projetos com valores, 2, 3, até praticamente 10 vezes o que foi orçado para este.

Meet Joe — MOWE Studio

Ele não foi o projeto com o maior orçamento que tivemos, na verdade ele está bem longe disso. O grande lance que implementamos aí foi exatamente de entregarmos algo além do esperado pelo cliente e além daquilo que ele estava pagando. Isso fez com que tivéssemos um resultado capaz de atrair vários outros clientes, e deixou nosso cliente tão feliz a ponto de sempre indicar clientes novos para a gente.

Ele é o tipo de projeto que possui muito mais valor e aprendizagem interna do que o simples resultado de animação que a gente apresenta.”

Quando aquela senhorinha que mora na sua vizinhança te pergunta com que você trabalha, o que você diz e como explica?

“Na realidade eu imagino que se pensarmos nessa senhorinha e tentarmos explicar pra ela, provavelmente ela irá fingir que entendeu qualquer coisa que a gente disser, mas no final não vai entender nada por mais que a gente explique hehehhe. Mas vira e mexe eu encontro alguém que não faz ideia o que é Motion Design, Explainer Video nem nada do que costumamos produzir. Então o que eu costumo falar para me apresentar nessas situações é a seguinte:

“Eu ajudo empresas e empreendedores a lançaram seus aplicativos e produtos, usando animação como forma de passar uma mensagem, criando vídeos que sejam atrativos e fácil de compreender pelo público.”

Quais próximos passos na jornada do Felippe Silveira?

“Faltam pernas pra quantidade de passos que tenho em mente e em desenvolvimento. Como MOWE, os próximos passos são expandir cada vez mais. Recentemente temos trabalhado com uma equipe de ilustradores e animadores freelancers, e tem sido uma experiência muito boa. A próxima etapa disso é termos pessoas contratadas trabalhando 100% do tempo com a gente de forma remota (que é a premissa original da MOWE). Para isso, precisamos estar em constante crescimento e construir um fluxo sólido de projetos constantes. Conseguimos evoluir bem isso nos últimos meses e estou otimista com as direções que estamos tomando.

Dentro do Motion Design eu vejo que a animação de personagem é realmente aquilo que eu gosto de fazer e aonde quero me focar mais. É a parte mais complexa e trabalhosa que existe, na minha opinião, talvez seja por isso que eu goste tanto. Eu gostaria muito de desenvolver uma habilidade maneira em ilustração, mas sei que isso leva tempo e que eu tenho outros pontos mais fortes que esse, e que são mais importantes para minha empresa e pro que visualizo para o futuro. É mais inteligente, em termos de investimento, eu trabalhar com alguém bom nessa área, do que tentar fazer tudo eu mesmo.

Fora isso, como já falei, lançamos em Outubro do ano passado o curso UX Motion Design nessa parceria da MOWE Studio com o Pedro Aquino, e foi um marco muito grande para mim. É um curso que já vinha idealizando a mais de 1 ano e meio, e que esse ano, graças a essa parceria, deu tudo certo. Eu gosto muito de compartilhar meu conhecimento e ajudar a comunidade a crescer. Quero produzir muitos outros cursos e tenho certeza que o UX Motion Design é apenas o primeiro.”

O Parkour te possibilita criar e fazer jobs tanto em edição quanto motion. Como você acha que deve ser a visão do motion designer sobre suas outras atividades extracurriculares/cotidianas?

“O trabalho do Motion Designer, como o de qualquer outro designer, não está restrito apenas aos momentos em que estamos sentado na frente do computador. O mundo todo ao nosso redor é fonte de inspiração e oportunidade. Por mais que gostemos muito de Motion Design, todos temos outras paixões individuais. Eu sempre busquei fazer com que as minhas paixões se intercalassem de certa forma e com isso sempre busco deixar minha mente aberta para observar essas oportunidades. No Parkour, como você mencionou(e por onde nos conhecemos inicialmente :) ), além de ser algo que me fez dedicar física e mentalmente à uma atividade, eu vi aí uma oportunidade de aprender a filmar, editar vídeos, e, futuramente, inserir o Motion.

Basicamente sempre estou buscando aprofundar ou desenvolver novas habilidades com coisas que gosto de fazer. À um ano e meio atrás eu comecei a fazer isso com Vlogs das viagens que faço com minha esposa e minha família. A minha maior dificuldade nesse daí é o tempo(hehehe). Preciso criar tempo para editar os milhares de vídeos que tenho gravado. Quem sabe até o fim ano não consigo fazer com que esses pequenos projetos pessoais saiam :)”

Falamos que era a maior já vista aqui, você não levou fé!
Pra acompanhar de perto os jobs do
Felippe e da MOWE, você pode acessar o site do estúdio ou canal deles no Vimeo e para ler todas matérias e artigos deles, só acessar o perfil da MOWE Studio aqui mesmo no medium.

E valeu, Felippe!

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