Joel Suke

Gabriel Freire
Art Journey
Published in
9 min readNov 26, 2017

Entre fugas e brigas contra aquele T-1000 da muléstia, sem deixar de atualizar o feed e renderizar o vídeo, Joel Suke chega pra trocar uma idéia com a gente. Então deixa de fuleragem, pegue tua rapadura e bó, mah!

Joel Suke — Podcaster e Editor de Vídeo

O que é podcast pra você?

"Podcast é diversão, entretenimento e informação. E pra quem produz é um desafio gigante de sempre estar melhorando."

Ouvintes do Azilacast e fãs do Azilator sabem que você já trabalho em vários lugares e hoje é editor de vídeo no Cinema com Rapadura. Como é pra você trabalhar com uma marca baseada integralmente na internet?

“Eu já trabalho a muitos anos com internet com Degisn. Trabalhei com sites de compra coletiva, trabalhei com a Fanpage do Suricate Seboso. Hoje, eu trabalho como editor do Rapaduracast e do Canal do Cinema com Rapadura no Youtube. Trabalhar com o Cinema com Rapadura é um desafio, porque já é um site/podcast com muitos anos de estrada e os ouvintes são exigentes com a qualidade. Então, eu estou sempre me provando a cada edição.”

Mestre Bruce Lee dizia: “Be water”. O que significa isso na vida do Joel Suke, tanto profissional quanto pessoalmente?

“Todo mundo passa diariamente por mudanças. Cada mudança, no trabalho e na vida, é uma chance de se adaptar a um novo local e ter uma nova experiência. Eu já tive experiências de adaptação tanto boas, como muito ruins, mas é importante sempre encarar uma experiência nova.”

Como o podcast e posteriormente a edição de vídeo entraram na sua vida?

“Eu sempre gostei da criação e edição, na minha infância eu e um amigo pegávamos um microsystem e gravava numas fita cassete umas narrações de revistas em quadrinhos, e eu colocava música de fundo e tal. Na época do video cassete eu fazia clipes de música, juntava a abertura do Final Fantasy 8 com uma música do Guns n’ Roses. Quando meu pai comprou meu primeiro computador, eu comecei a mexer com programas de edição de vídeo, sempre mexia, fazia clipes por curiosidades, então eu sempre fui aprendendo por mim mesmo.”

Qual a relação entre a paciência e o podcasters?

“Pra fazer conteúdo na internet, você tem que ter uma certa paciência. podcast/vlog você tem que tratar com os convidados, ouvintes, outros podcasters, pessoas que comentam no seu site, etc. Eu sou uma pessoa paciente, isso é uma coisa que eu já tenho na minha vida desde sempre e eu acho que essa é uma virtude que acaba te ajudando muito a lidar com muitas situações na vida e no trabalho.”

Stallone ou Schwarzenegger?

WHAAAAT?!

"STALLONE! PLOT TWIST!"

"HEUHEUH! Apesar de ser fã do Schwarzenegger, e o desenho do Azilator ser o Schwarzenegger. Eu acho que o Stallone trouxe roteiros, filmes e personagens mais marcantes pra mim, Rocky Balboa e Rambo são meus heróis da infância.”

Em uma conversa na comunidade de motion designers br começamos discutir sobre custo de vida, salários e toda questão financeira. Com um salário mediano até menos, vive-se mas com suas ressalvas. Quando se tem família, como é o seu caso, a situação fica mais complicada. Como foi e é pra você lidar com essas responsabilidades?

“É bem difícil, porque a maioria das empresas não pagam salários justos, a verdade é essa. Mas é importante você sempre melhorar profissionalmente, criar um diferencial, porque assim você se torna um profissional raro e as empresas começam a disputar pelo seu trabalho.”

“Mas é sempre matar um leão por dia.”

Há alguns anos, a podosfera brasileira sofria com um certo preconceito contra sotaques e os podcasts fora do eixo sul-sudeste. Azilacast sempre teve suas raízes forte e totalmente visíveis. Como você via isso?

“Eu nunca me importei quando ao caso do nosso sotaque. Quando a gente surgiu com o Azilacast vários ouvintes falavam que não entendiam nada que a gente falava, mas foi escutando um, dois, três e acabava se adaptando a nossa cultura e achando muito engraçado o nosso jeito de falar e contar as histórias.”

“Já sofremos casos de preconceito pesado contra a gente, mas são casos isolados. Eu acho que o sotaque não importa muito, quando você consegue atingir um certo carisma, as pessoas se divertiam com a gente pelo jeito que a gente narrava as histórias. Isso é mais importante, o ouvinte se sentir bem ouvindo o Podcast.”

O que é Nordeste na vida do Joel Suke?

“Nordeste é a minha casa, a minha vida, eu cresci aqui em Fortaleza e é um lugar maravilhoso.”

Em um programa sobre podcast, o pessoal do AntiCast discutia sobre as formas de vida do conteúdo e dos podcasts. Você consegue perceber algo quanto a isso? Pra você, qual ou quais seriam as saídas pro futuro promissor do podcast BR?

“Eu acho que os podcasts brasileiros são incríveis, tem um nível de edição e de trabalho maravilhoso. O que eu acho que ainda falta é uma ferramenta que ajude os podcasts a crescerem no Brasil. Uma ferramenta como o Youtube é para os vídeos, um lugar onde você possa criar o seu “canal” de podcast, possa hospedar o programa, ter sistemas de rank, compartilhamentos e um aplicativo pra facilitar o acesso pros ouvintes.

Outra coisa que falta é um aplicativo para facilitar a gravação do Podcast, ainda é muito complicado fazer um Podcast, tem o Skype, tem o problema dos gravadores, etc. Não é tão fácil como criar um Vlog no Youtube, que você pode usar um celular, gravar comentando algo e subir pro Youtube.

Se eu falar pra você que tenho um Canal no Youtube e te falo “procura meu canal lá”, você já sabe o que precisa fazer pra achar meu canal: abrir o Youtube, digita o nome do canal na busca e pronto. Podcast ainda não chegou nesse patamar, ainda é um pouco complicado das pessoas descobrirem a mídia e consumir ela.

Um aplicativo que poderia se adaptar aos Podcast’s é o Spotify, mas nem tudo é como a gente quer.”

PC ou Console?

“Console, a minha vida inteira joguei video game, comecei a jogar com 4 anos de idade quando ganhei Hi-Top Game, um video game clone do Nintendinho, e jogava todo santo dia Super Mario Bros. Desde então, nunca parei de ter Video Game em casa, tenho um Playstation 4, PSP, Atari, Super Nintendo e um Recall Box com 10 mil jogos instalados. Sou totalmente viciado em Video Games.”

Se você fosse chamado para definir o termo “fuleragem” para o Dic. Aurélio, como seria essa definição?

Fuleragem tem muitos significados, pode ser alguém muito engraçado ou alguma coisa de qualidade duvidosa. Fuleragem pode ser alguma situação engraçada ou ruim também.”

Como foi receber a notificação: Joel Suke: “Ser Pai — Achievement Unlocked”? E como isso mudou sua vida?

“Mudou muita coisa, quando você se torna pai, é tipo os heróis japoneses você “vira” pai. Você começa a pensar muito mais sobre o futuro, se preocupa muito mais com a sua saúde pra passar a maior quantidade de tempo possível com seu filho. Mas é totalmente gratificante você ver eles se desenvolvendo, aprendendo com você. É um amor imediato que não dá pra explicar.”

Daqui uns anos você passa na sala e vê sua filha de braços levantados mandando forças pra ajudar Goku soltar o Genkidama em um dos capítulos mais memoráveis do anime. O que você diria?

DBZ — Ep. 279 — Genki Dama — “Mandem suas energias” GOKU, Son

“Essa menina tá sendo bem educada. É isso mesmo, ehusehushuehus!”

Algum tempo atrás comentou sobre uma situação médica devido ao intenso uso de fones de ouvido. Creio que senão ali, mas algum momento antes já deve ter pensado sobre não poder ouvir. Como acha que esse silêncio é?

“Deve ser bem complicado se adaptar a esse problema, quando tive esse problema, realmente imaginei que iria perder a audição, não iria ouvir mais meus programas e músicas favoritos, não escutar mais minha filha falar. Me bateu um desespero na hora, mas como eu trabalho com edição, não dá pra não usar fones de ouvido. Minha solução foi usar fones abertos, como eu uso muito fones, comprei um confortável e que me desse uma qualidade boa de áudio. Foi caro, mas foi o jeito.”

Você, como filho de policial, deve ficar indignado com as imagens que a mídia e algumas pessoas fazem e tem dos policiais. Qual a pior delas?

“O trabalho de um Policial é complicadíssimo, ele arrisca todos os dias a vida pra tentar trazer um pouco de segurança pra seu bairro. Muita gente tem essa visão que a Polícia é corrupta, mas não é bem assim, tem muito policial honesto e que quer fazer o bem pra sociedade.

O problema é que essa grande parcela corrupta, acaba manchando a imagem de toda uma corporação. Mas eu ainda acho que a corrupção também existe em todas as profissões, já trabalhei muitos anos com arquitetos e existem arquitetos honestos e desonestos que enganam clientes. Existem empresários corruptos e desonestos, enfim, acho que o problema está muito além de uma corporação ou outra. Desonestidade é um problema social mesmo.”

Já se frustrou com o podcast? Se sim, porque?

“Sim, muito por conta da “recompensa” que você recebe, o trabalho de edição do podcast é muito difícil, demorado e solitário.

Eu levava 12 horas pra editar um podcast inteiro e as vezes não tinha um retorno tão grande como a gente imaginava, não tinha tantos comentários e não tinha tanta esperança pro podcast se tornar profissional, com patrocinadores e tal.

Essa era a minha maior frustração, mas acabava fazendo de qualquer jeito, porque eu gosto de gravar com os amigos e jogar conversa fora.”

“Esse ano é o ano do podcast”. Essa frase já virou um meme interno do mundo do podcasts. Pra você, o que falta no podcast pra isso realmente acontecer?

“Como já falei, acho que falta uma ferramenta ou aplicativo pra popularizar o Podcast como é o Youtube. Mas, uma coisa que sempre comento com pessoas que me perguntam como criar um Podcast, como melhorar e tal, eu sempre bato na tecla que as pessoas começam escutando o Podcast pelo tema que você fala, mas depois elas escutam pelas pessoas que participam. Então, acho bem mais importante você desenvolver o seu jeito de falar, seu jeito de fazer o Podcast, porque você vai criando um diferencial e um carisma especial que só você tem."

"Fazer um Podcast sobre Batman, por exemplo, qualquer um faz, pesquisa o tema, estuda pro podcast, enfim. Mas contar aquela história sobre um aniversário de infância que você se vestiu de Batman, e foi brincar com os amigos na praça de Gotham City, esse tipo de história não dá pra copiar, porque ela é sua história.”

Aqueles que sofrem com as milhões de ideias fervilhando segundo após segundo, projetos surgindo enquanto fazemos alguma atividade, muitas vezes acabam batendo de frente com a realidade. A falta tempo disponível, o dinheiro, muitos são fatores impeditivos. Como lidou com isso? Já se frustrou com esse tipo de coisa?

“Eu acho que você precisa entender seus limites e o que você pode fazer com eles. Por exemplo, eu tenho muita vontade de fazer um estúdio de gravação pra gravar ao vivo com meus amigos, mas hoje é impossível isso devido ao investimento que precisa ser feito pra montar um estúdio.

Mas se você quer criar um conteúdo, seja vlog ou podcast, você precisa analisar do que precisa pra fazer aquilo. Pra fazer um vlog você só precisa de um celular, um lugar pra gravar seu vídeo e começar seu conteúdo.

Se você acaba se preocupando demais com coisas como “preciso ter iluminação”, “um microfone bom”, você acaba nunca começando o seu projeto. O importante sempre é começar e manter seu conteúdo com a limitação que você tem, com o tempo você vai melhorando, comprando equipamentos melhores e tal.”

O que não te deixa desistir da produção de conteúdo? Qual sua âncora?

“É a criatividade, a vontade de criar conteúdos e mostrar meus trabalhos de edição pras outras pessoas. Quando criança eu comprava aqueles cadernos de desenho, fazia quadrinhos neles e emprestava pros meus amigos lerem, depois fazia clipes de música com imagens de jogos e mostrava pros meus amigos.

Então eu sempre tinha essa vontade de compartilhar um conteúdo com as pessoas, e a internet é um local incrível onde a gente pode colocar nossos trabalhos pro mundo.”

A entrevista terminou primeiro que o render, viu?!
Pra ouvir Joel e todas suas histórias, você pode ir no
Azilator ou no Heróis do Futuro, e claro, também assistir toda semana, suas peripécias da edição no canal do Cinema com Rapadura, no youtube.

E valeu, Joel!

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