Lameque Felix
A primeira jornada no ARJO tem pé em Mossoró e o resto do corpo em Fortaleza. Ele tem cara de mau, mas só a cara mesmo e é dono de um coração enorme. Passa o dia inteiro dando arm lock em keyframe e raspagem em cliente chato.
Fala um pouco da sua caminhada desde seu primeiro click com algo na área de Motion e arte até os dias de hoje.
“Eu nunca fui só Motion Design, até Novembro do Ano passado, quando eu parei com edição e decide me focar no Motion. Mas em 2008, eu tive meu primeiro contato com um comercial de tv, que na época o termo motion não era tão pop assim e eu acaba me revezando entre editar um programa de tv e fazer os comerciais de varejo que apareciam. Eu venho fazendo também campanha política de 2 em 2 anos e já trabalhei em produtora, tv e agências aqui de Fortaleza.”
Qual seu maior desafio no Motion hoje em dia?
“Pra mim é o Business. Eu sou um produtor (não gosto de me autotitular artista, sei lá, acho pomposo de mais, hahahah). Essa parte de business, eu acho extremamente importante pra você pagar as contas no fim do mês, mas também muito chato, eu gosto mesmo é de produzir, isso é o que me dá mais satisfação.”
Descreva Lameque Felix, mas aquele Lameque que poucos conhecem
“Então eu não sei bem como responder isso. Eu sou isso ae, não vou ser hipocrita e dizer que sou transparente porque acho que tem coisas que são só de minha competência hahahah.
Mas não tenho muito a esconder, minha vida é meio chata haha. Eu acho que em minha defesa, apesar da barba mal feita e cara de mal eu tenho um coração que pulsa hahahah.
"Não sou tão marrento assim e nem tão tretoso (hahaha)"
Se você tivesse que largar Motion e começar outro carreira hoje mesmo, o que faria?
“Man, eu voltaria a ser motorista de caminhão. Não é uma profissão glamurosa, mas p*** merda, émuito bom pegar a estrada. Existe um outro país que a gente não faz nem ideia.
Brasil é lindo, meu pai e minha esposa provalvelmente seriam contra, mas acho que seria isso.
*(Só pra deixar claro eu fui motorista de caminhao junto com meu pai, foi pouco tempo, mas foi f***)”
Como você espera que seja sua jornada de Motion daqui pra frente?
“Ah cara, eu sou otimista, minha esperança é sempre fazer projetos que me deem prazer de fazer. Se vierem os que pagam as contas tá bom também, mas eu sempre espero que as coisas melhorem ao ponto deu ter uma vida tranquila. Não faço questão de fama e sucesso, se eu puder fazer bons trabalhos e pagar minhas contas pra mim já está de bom tamanho.”
Pessoal da comunidade sabe que você é o cabra treteiro que faz jiu jitsu. Como uma o jiu-jitsu te ajuda na vida de Motion freelancer?
“Puta merda, fiquei com a fama de treteiro mesmo, f**** hahah. Eu não sou treteiro, mah. Mas f**** eu tambem não ligo! hahaha.
Mas o jiujitsu pra mim foi fudamental na minha melhora como produtor/artista (eu sei que eu falei lá em cima, só pra você entender). Normalmente as 4 horinhas de treino que faço por dia me ajudam a levar minha mente a outro lugar (normalmente ela tá pensando em alternativas pra não morrer hahahah). Quando eu volto minha mente parece que passou por uma reciclagem.
Eu aconselho fortemente você que se sente “abitolado”, sente que está estagnado criativamente a levar sua mente a outros lugares. Não precisa ser jiujitsu. Faz um bolo, tire fotos, conversa com o cachorro, natação, bike, sei lá. Quando você volta a mente está fresquinha e as ideias começam a florecer. É incrivel.”
Ser freelancer mudou o que na sua vida?
“Até agora mudou muito minha forma de ver a vida como um todo, eu virei freelancer sem grana, hoje eu to fudido por conta dessa decisão, mas incrivelmente feliz. É incrível o que você pode fazer quando se tem as rédeas da sua vida.”
Se uma criança te perguntasse o que é motion, como você explicaria?
“Hahahah, provavelmente eu pouparia ela de tal sofrimento. Tô tentando explicar para os meus pais até hoje o que eu faço da vida. hahahah”
Pra você, qual a maior treta do Motion?
“Eu! hahahahha Zuando! Cara pra mim é:
“ você só vale equivalente ao seu trabalho”
Mano, eu acho muito merda isso. Galera se desfaz de opinião ou de sugestão do cara porque ele não sabe fazer um ease direito ainda. Isso é muito idiota, eu acho que todos tem direito a voz. Ás vezes escutar um cara que tá começando é como escutar uma criança. A gente tá escutando uma pessoa nova, sem vícios e provavelmente isso vai ser uma p*** adição a você como pessoa e como artista também.
"Eu sempre acho que as pessoas vêm antes do seu portfólio.”
Qual história mais estranha/bizarra que você já passou com Motion ?
“Mano, o mercado local é muito louco. Eu não to querendo dar uma de sofrido, o bagulho é bizarro mesmo (hahahaha). Pra mim a historia mais bizarra, foi quando eu estava em um trabalho de 3 meses.
Os primeiros 30 dias a gente tinha que produzir os primeiros programas, eu passei 27 dias produzindo os 3 primeiros programas eram em torno de 20 horas de trabalhos diárias. Eu fiz 13 versões do primeiro programa, 8 do segundo e 14 do terceiro. No 28º dia toda a equipe criativa do trabalho mudou, eu (e toda equipe) tivemos que fazer um programa do zero em 3 dias.
Eu terminei tudo tipo 5 min antes de apresentar o programa. A produtora entra e diz:
— "Lameque, eu vou chamar o cliente"
— "Vai lá". Respondi
Depois disso, eu só lembro alguém me empurrando pra me acordar, olhei para trás estavam todos os clientes e assessores. Todo mundo feliz, e eu a quase 56 horas sem pregar o olho, sem tomar banho, resumindo: Só o bagaço.
O cliente comentou baixinho com outro do lado,
— "Nossa ele tá mal humorado, né!"
Hahahahahahaha, senti fortes tendências psicopatas naquela hora, mas me contive,hahahahaha. No final, não ficou lá essas coca-cola toda, mas o cliente aprovou, fui pra casa, tomei um banho… e voltei!
Isso mesmo, dormir é para os fracos, hahaha. No final desse mesmo dia, eu simplesmente desliguei. Fui encontrado semi-morto sentado na cadeira da ilha. Assim, eu consegui finalmente dormir.”
O que você está estudando ou querendo estudar agora?
“Man, desde o início do ano, eu venho me focando no básico. Eu fui um cara que começou a estudar errado, sempre me foquei na ferramenta, mas depois do curso que fiz na School of Motion, mudou muito meu conceito sobre isso.
No momento eu to estudando a fundo os princípios da animação. Animar é muito divertido!”
Como acha que isso vai mudar seus trabalhos daqui pra frente?
“Cara, eu busco solidez no meu trabalho, acho que quando o alicerce está sólido, todo o resto vai bem. Aprender a ferramenta pra mim nem é tão complicado. Existe uma pá de gente que ensina bem isso. Mas aprender a contar histórias, e passar uma boa mensagem atráves de gráficos animados me parece ser o real desafio.
Qual o job que fez/participou que mais gosta e porque?
“Não foi bem um job serve? hahahaha. Eu fiz uma homenagem a um poeta local que se chama Patativa do Assaré. Ele é incrivel, me deu uma satisfação em fazer essa singela homenagem a um artista local. (ele é artista).”
Se você pudesse descrever toda sua carreira de Motion com uma só peça artística: vídeo, musica, animação, Motion, livro. Qual seria e porque?
“Eu acho que seria “Roube como um artista”. Eu me identifiquei muito com a viajem do cara, apesar de ter algumas diferenças, como ele exemplifica e descreve as coisas é muito parecido com as descobertas que tive ao longo da carreira.”
Te perguntei qual seria a pergunta que não fiz e gostaria que eu tivesse feito. Você disse que não teria, mas que gostaria de falar sobre gratidão. Diz ae qual seria esse gratidão e se tiver, pra quem?
“Man, eu tive uma ajuda muito grande pra atingir um nível profissional aceitável, de um cara chamado Felipe Seabra. Ele é um ex-3d Generalista freelancer que trabalhou em minha cidade, e foi um dos pioneiros aqui no estado. A ajuda dele foi fundamental para que algumas camadas que estavam me cegando na época caíssem e isso me ajudou a enxergar como o mercado funcionava. Aminha melhora como profissional foi colossal depois do que esse cara me ensinou, por isso eu devo muito a ele. E a única coisa que ele pediu foi
“ passe adiante o que lhe foi ensinado”
Man, com que frequência você ve isso? Isso me tocou verdadeiramente, de quebra ele ainda virou um amigo. Isso me instigou muito, a sempre ajudar, quando um cara precisa de ajuda e eu consigo ajudar, é uma sensação dever cumprido, dever esse que só vai acabar quando eu morrer. Ele foi f***!”
Não dissemos… Ele só tem cara de mau. Pra trocar uma idéia com Lameque, só chamar no twitter dele e pra conhecer seus trabalhos dá um pulinho em: lamek.me.
E obrigado, Lameque!
