Capítulo 3 — Inesperado

Biologo de Araque
ArtPensante
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4 min readJun 22, 2019

Entraram na sala, Max sorria e olhava para sua nova amiga, ela parecia estar bem a vontade, a sala era larga, tinha que ser, com espaço para 50 alunos, carteiras individuais para cada pessoa, elas duas procuraram um espaço e se sentaram uma do lado da outra, as carteiras foram se preenchendo aos poucos, todo mundo se conhecendo e criando pequenos grupos na sala, um clássico de 1ª aula de universidade.

Maxine examinou o espaço, após a porta de madeira, logo a seguir colado a parede tinha um quadro verde com uma mesa e cadeira para o professor, um homem com quase 50 anos, cabelos grisalhos, óculos finos e branco, não percebeu muito nos detalhes dele, só de que deveria ter sido alguém muito atraente quando jovem, para ela agora parecia velho, mas no entanto conseguia ver muitas outras meninas da sua idade a acharem ele perfeito.
Parecia concentrado em ler um documento enquanto esperava pacientemente que todos alunos entrassem e se acomodassem, alguns poucos eram mais barulhentos e até pareciam se conhecer já de outros tempos, outros só se sentavam quietos no seu lugar, Max olhou para Ester e sorriu, talvez não fosse ser tão difícil se adaptar a aquele novo lugar.

— Bom dia, eu não sei se sou o melhor professor para vos receber na vossa primeira aula na faculdade, a verdade é que amanhã vocês terão uma aula introdutória a nossa universidade, então vou directo ao assunto, meu nome é Carlos Souza, serei o vosso professor de Sustentabilidade e Conservação, acredito que esta cadeira é inerentemente diferente das outras que vocês terão ao longo do semestre por dois motivos: 1) Eu quero que vocês falem mais que eu durante a aula e sobre o assunto em causa e 2) Aqui o objectivo é muito mais aprender sobre o mundo que vocês verão fora daqui do que se optarem por uma vida académica. dito isso, vamos fazer um teste agora.
— Como assim um teste, profess…
— Ah ah, me chamem de Carlos por favor.
— Tudo bem, Carlos, como assim um teste? Nós acabamos de entrar na faculdade, o quê vamos saber?
— Tudo que eu preciso saber — E Carlos sorriu e pegou 2 folhas brancas A4 que tinha trazido consigo, e cortou cada uma em 10 pedaços. — Vocês são 40 alunos, pela folha de presença que me deram, então, 20 pedaços de folha destes devem chegar. Antes de eu vos entregar os pedaços, vou vos pedir 1 favor, organizem-se em U pela sala. Assim que terminarem, eu faço as duplas.

Max viu Ester a começar a virar a sua carteira para o centro da sala, como todos os outros faziam, lentamente começou a virar a sua também e se posicionou do lado dela, via todos colegas a fazerem movimentos semelhantes, seus olhos observavam alguns meio perdidos, outros já pareciam se posicionar ao lado de quem “gostariam de conversar”, Max ria um pouco por dentro de todo aquele jogo, olhou para Carlos e ele olhava com um sorriso malicioso para aquela mudança, nunca vira um professor tão peculiar na sua vida, parecia ter um brilho de adolescente no olhar até aquele dia.

Após 3 minutos de dança das cadeiras, Carlos acalmou a turma e disse
— Muito bem, como acredito que todos vocês sabem o suficiente de matemática, este teste será feito em dupla, assim sendo a vossa dupla é a pessoa diretamente em frente de vocês, então a ponta esquerda do U é dupla da ponta direita do U, e assim segue, ok?
Um silêncio confuso respondeu a ele, Maxine olhou para a pessoa diretamente na sua frente, seria a sua parceira, um menino timído de cabelos curtos morenos e lisos, óculos com olhos castanho claros e um nariz de tamanho médio, era alto, tão alto como Ester e parecia ter uma mistura de medo e confiança ali, fez sinal para ele e como viu Ester a se levantar para ir para o outro lado, disse a ele que mudasse de lugar e ocupasse aquele que ela deixara vago. Receberam um pedacinho de folha, um décimo de folha mesmo. Estava receosa por aquela prova, Carlos terminou de distribuir os papéis e então:

— Meus caros, este teste tem apenas uma pergunta e não espero que nenhuma das duplas aqui tenha apenas uma resposta, a pergunta é: Porquê eu faço Biologia? — fez uma pausa e sorriu — tem 15 minutos para discutir e depois dividam o vosso pedaço como acharem melhor, podem usar frente e verso. Boa sorte.

Olhou e viu que ele não tomaria o primeiro passo, usava roupas típicas de verão ali, uma camisete e calças jeans e tinha um colar de madeira ao pescoço, Max tomou a iniciativa:
— Eu sou a Max, faço biologia porque um dia vou mudar o mundo.
— ahmm, eu sou o Hugo, não sei bem porque faço biologia, acho que gosto de natureza mas sou indeciso e talvez precise pensar melhor.
— Bom, estamos sempre aqui para ajudar a pensar se for preciso.
— Não sei se entendi.
— Ah, é só uma expressão que aprendi noutro lugar. Deixa para lá, vamos debater?

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Biologo de Araque
ArtPensante

Estudante de Conservação e Educação, escrevo pequenos textos em inglês e português para ver como relacionar esses temas com a economia e um novo modelo de mundo