Fins e Inícios — Parte 10
— Bruna Filipa Salgado, pode se aproximar
Após 20 minutos de espera chegara seu momento, Luciano havia ido a 10 minutos atrás, se perguntava como teria corrido a entrevista dele. Agora precisava se focar, já sabia o que vinha aí, quantas vezes teria tropeçado naquele passo? Nunca saberia na verdade mas desta vez estava pronta pro que vinha aí.
— Bom dia concorrente Bruna, o que a leva a tentar a Escola Superior de Artes de Teseís?
Numa abordagem diferente: — Eu tenho talento, gosto de desenhar e tenho talento para isso, desenho desde pequena, a partir dos 15 comecei a vender alguns dos meus desenhos, com 20 eu consegui um trabalho desenhando para um livro infantil sobre impacto no ambiente das ações humanas, através de uma perspectiva animal do ambiente
— Que interessante e como acha que a nossa Escola pode ajudar você a desenvolver melhor a sua arte?
— Pois então, eu acho que ainda preciso aprender muito sobre como desenhar , principalmente desenhar em canvas diferentes que não sejam o papel, quero desenhar em telas, paredes e em madeira, quero desenhar para livros de novo de um jeito mais delicado e conhecer novas formas de fazer arte, não necessariamente ser apenas uma desenhista.
— Interessante, e que mais gostaria de ser além de desenhista?
— Ilustradora, música, cineasta, poeta, existem tantas formas de fazer arte e tanta forma bonita de me expressar.
— Muito bem, vamos falar um pouco sobre o seu curriculo, está bem interessante, mas talvez a senhorita já tenha muita experiência, vejo aqui vários mini-cursos e experiências com desenho, devo eu lembra-la que esta é uma escola filantrópica?
— Não precisa me lembrar, mas o meu foco sempre foi conseguir ser uma artista e enquanto eu não conseguia entrar nesta escola preferi continuar a estudar coisas sobre artes, não achei que fosse me prejudicar honestamente.
— E sobre a sua carta de motivação, a senhora nunca pensou em trabalhar com prosa?
— Foi uma das mais emocionantes que já recebemos, em termos de pura escrita e vontade pura expressa numa carta, a sua merece algum prêmio, a senhorita reconta perfeitamente toda sua vontade e como não ter conseguido acessar a escola no passado só a motivou mais.
— Muito obrigado pelas suas palavras, nunca tinha pensado em me dedicar a escrever algo que não fosse poesia mas vou levar em conta seu comentário.
— Leve-o para a vida, esta escola não é sua única oportunidade.
Luciano corria para a escola da irmã, tinha ficado tão focado na sua prova que quase esquecera que hoje era o grande dia dela, Layla era a mais nova deles, nem sequer tivera conhecido os pais tendo nascido apenas 2 anos antes da morte deles, Hoje tinha 10 anos e iria se apresentar numa peça de teatro do clube de artes da sua escola, Luciano não poderia estar mais orgulhoso.
Layla procurava o irmão, estava nervosa, sua voz tremia quando falava com a professora, olhava para toda aquela gente que tinha vindo ver eles, ela sabia que eram quase todos familiares dos seus colegas mas sua segurança se encontrava em ver o irmão mais velho ali naquela plateia, com seu estilo de quem tinha acabado de acordar.
Suado, ele entrou e sorriu, encontrou o penteado afro de Layla no palco, no momento que ela viu ele, deu um pulinho e sorriu, tinha certeza que ela iria arrasar no seu papel de Cinderella, Luciano tirou sua camêra da pasta e procurou um lugar próximo da frente, não queria que alguém alto ficasse na sua frente bloqueasse a vista para filmar aquele momento da irmã. Ela sempre fora uma criança feliz e extrovertida e na escola o clube de artes sempre tinha sido o seu lugar preferido, se Luciano nascera com um talento para contar histórias, Layla nascera com o poder de interpreta-las de forma emocionante.
Sentou-se e olhou ao redor, era provavelmente o encarregado mais novo de qualquer uma das crianças na peça, naquele momento não se importava com isso. Cortinhas se fecharam.
Luciano começou a gravar, Layla tinha uma esfregona na mão e limpava o chão, ela exprimia de uma forma diferente do que ele se habituara a ver a Cinderella, Layla já expressava rebeldia com sua situação desde a primeira cena, ela claramente tinha reimaginado a forma como sua personagem iria agir, Luciano só se divertia, via alguns pais fazendo olhares estranhos a interpretação que as crianças assumia, Layla transformou sua Cinderella em uma menina mordaz e sarcástica, Luciano se perguntava com quem ela tinha aprendido isso e daí se lembrava que ele era basicamente a única influência adulta dela fora da escola. E seguia a peça, sorria e via sua irmã brilhando, trazendo todo drama e sofrimento sua própria forma. Luciano olhou para o professor de artes, que sorria, era jovem e parecia que tinha incentivado os alunos a fugir do guião o máximo que dava sem estragar a estória. Percebeu que o professor olhava pra plateia e parecia sorrir para ele, Luciano desviou o olhar para o palco e viu Layla já se preparando para beijar o principe, o professor escolhera o menino pela capacidade actuar, aliás ouvira duas adolescentes atrás de si reclamando sobre porque não havia um príncipe um pouco mais bonito. Luciano não se importara, o menino realmente trouxera um lado engraçado fazendo o seu princípe como alguém perdido na vida e sem noção do espaço (ou de dança) ou ele era só desastrado, mas ele se divertira vendo a actuação. E o menino parecera se ter divertido, mesmo sendo menor que Layla ele fizera a diferença de altura ser uma coisa engraçada nos momentos mais delicados da peça, ficando em bicos de pé e pedindo a Layla para se abaixar em outros momentos, humor foi o que não faltou pelo menos, Luciano se levantou para aplaudir, Layla sorria, o professor também.