Fins e Inícios — Parte 5
Frio na barriga, era isso que André sentia, um frio horrível , parecia que ele ia saltar de uma ponte ou pelo menos era esse o medo que seu corpo sentia naquele momento, ela iria chegar em pouco tempo e juntos iriam tomar um sorvete ali perto da sua casa, o que era bom, caso tudo desse errado ele teria para onde fugir e liberar suas lágrimas em paz. Paz era o que sua mente não tinha no momento, pensava em todas possibilidades, arrancava os cabelos, se olhava no espelho para ver se estava apresentável, repensava o que iria dizer, tinha planejado um super discurso longo para explicar tudo que sentia…
Bzzt Bzzt
Ouviu o som do interfone; atendeu:
— Oi?
— É a Malika, vai descer ou posso subir?
— Tou descendo
Desceu aos saltos, procurando ser o mais rápido possível
— Olá — disse ela sorrindo quando o viu — Como tá?
— Estou bem e tu? — abraçaram-se — Como tem sido as aulas?
— Fantásticas, tenho uma professora de sociologia da questão ambiental que é óptima. Ela é super divertida nas aulas, meio perdida na vida, bem assim como eu.
(Risadas dos dois)
— Que ótimo, e essa cadeira é obrigatória?
— Não
— Escolheu ela por minha causa —André disse num tom brincalhão
— Talvez, vais ter que descobrir — Malika respondeu no mesmo tom
— Engraçadinha você.
— Então já estás pronto? Podemos ir ou o senhorito precisa de mais tempo?
— Podemos ir — disse André se retorcendo por dentro.
Malika estava estranhamente calma, sonhara e ansiara com aquele momento a noite passada inteira, porém, agora estava calma, decidira que como quase tudo com André, eles iriam decidir pelo melhor, qualquer que fosse o melhor. Mas que ela tinha vontade de beija-lo aqui e agora ela tinha; mas e se ele fosse só um amigo mesmo? Não queria estragar uma amizade tão boa.
Roçaram as suas mãos, sentiu o calor dele, ficou vermelha, percebeu que o tom de pele dele era escuro o suficiente para não se notar se ele tava vermelho. Seria engraçado ver ele vermelho e encabulado. Conhecera bem ele em 3 meses, Malika tinha quase certeza que já conhecia a alma dele e pra ela, era uma alma bonita, quieta e reservada . Diferente do que tinha sido com Marcos.
— Como tem sido teu dia até agora? — perguntou ele
— Não fiz muita coisa, joguei um pouco de Dishonored 3, que joguinho bom dos inferno.
— Qual é a história dessa vez?
— É num outro país desta vez, e em vez de ter que derrubar uma conspiração contra a imperatriz tenho que tentar derrubar um rei corrupto.
— Ah, que interessante, bom que eles diversificaram um pouco a história.
— Sim, acho que demorou um pouco mais a sair também por isso. E tu que tava fazendo?
— Nada de mais, só pensando na vida e lendo um livro
— Que livro? Tu adoras te fazer de misterioso…
— Eu?! Não, quê isso… Sou um livro aberto
— Até que sim, só que sempre me fazer perguntar as coisas.
…
Chegaram a sorveteria e se serviram de uma taça com 3 bolas de sorvete cada um.
— Então sobre a gente..
— Espera um pouco, não vai direto, quero aproveitar bem esse momento
— Como assim?
— O momento antes de tu largar o mistério e me contar o que vai nesse coração.
— Seriedade pra quê né? Se bem que sendo honesto, gosto do teu senso de humor eterno. Mas posso?
— Ta, pode, o que vai nessa cabeça?
— O que vai na minha cabeça é meio… não sei, eu fico muito feliz por aquele tropeção que permitiu que a gente se conhecesse, porque hoje eu sinto uma amizade muito forte por ti
— Apenas isso?
— Calma, é só que é difícil abrir tudo de uma vez só e a nossa amizade é bela demais para se perder mas ao mesmo tempo gostaria de poder arriscar…
— Eu também acho muito legal o que nós temos e não precisa ter medo de arriscar André, o carinho por ti já tá marcado no meu coração.
— Posso te beijar?
— Se for na bochecha eu te mato.
Calor, um ligeiro sabor a laranja
Quente, um sabor a hortelã
Uma sensação de alívio vinda das suas entranhas
Continuava calma, mas agora em um êxtase vindo de suas profundezas.
juntaram as mãos, o beijo se transformou num abraço quente. Nas suas taças o sorvete derretia, eles não se importavam, estavam em nuvens.