O Mito da Economia

Biologo de Araque
ArtPensante
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5 min readNov 1, 2018
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Vocês já pensaram porque é que com tanta ideia de lei que discrimina, com tantos tiroteios e outras desgraças, a economia dos EUA vai de vento em popa?

Bom, de vento em popa pode ser exagero, mas o dólar tá bem saudável. Mas aqui vai a parte importante, a economia lá vai bem, porque empresas não se importam com quem trabalha pra elas. O que interessa é a última linha. Aquela que te diz se você lucrou ou teve prejuízo num dado período. E se o lucro da empresa tiver saudavél, que importa como tão os seus empregados. E é ai que entra toda essa lógica de neoliberalismo, muitas empresas investem em países em que elas tem mais liberdade, o que cria mais empregos e isso significa que a economia melhora. Ou é o que nós podemos pensar se fizermos uma análise rasa.

No entanto, aqui vem a coisa importante, muitas empresas não se importam com lucro. Elas se importam SÓ com o lucro. E isso faz toda diferença, pois para elas não importa se os seus trabalhadores tem que ter outro emprego para se sustentar ou não importa a felicidade destes. O que acontece muitas vezes também, é que desde os anos 90, com o avanço da tecnologia, as empresas perceberam que não precisam de tanta gente para fazer certos trabalhos. Então cada vez mais existe menos trabalho disponível na indústria se não entrarem novas empresas. Só que novas indústrias normalmente significa mais poluição, quer seja uma fábrica ou um escritório. E isso significa também menos espaço para a natureza. A lógica neo liberal é uma de que a mão invisível do mercado está viva e saudável. O problema é que esta história da mão deixa muita coisa por falar, já em 2016, David Sloan Wilson proclama a morte da mão invisível . Com o argumento principal que a regulação em grande grupos humanos (países, cidades) não é algo intuitivo, é algo que tem que ser construído, e o papel de regular cai sobre o estado sim. Confiar nas empresas para se auto regularem tendo em vista a saúde dos seus empregados e da natureza, é ser ingênuo demais.

Agora, me dizem: “ahh, mas o estado pode ser corrupto”.
Na verdade não, o estado pode ter elementos corruptos no seu seio e é para isso que existe a separação dos três poderes para que todos garantam que os outros cumpram os seus deveres e responsabilidades sem que as pessoas que o compõem se aproveitem disso.

Bom, o primeiro grande problema que a gente tem hoje em dia, é que muitos estados sequer estão bem construídos, privilégios extra para certas classes como deputados, militares e etc. Fazem com que o próprio estado contribua para o aumento daquilo que a sua regulação deveria combater, a desigualdade. E é importante que a gente entenda isso, quer seja de direita ou de esquerda, o governo deve ter como objectivo reduzir a desigualdade entre as pessoas no seu país e proteger o ambiente onde se vive para que as gerações futuras possam sobreviver nele. Assim sendo, se faz deveras importante entender que o papel do estado não pode ser mínimo. Se faz importante também entender para onde vai o dinheiro que se paga em impostos. Um estado que não detalha exatamente de onde veio cada centavo e para onde vai, é por sua natureza, algo que não é confiável. Assim sendo, aqui começamos a entender que a economia hoje em dia perdeu todo sentido. Pelo menos aquilo que entendemos como ciência econômica. Ela se desvirtuou como algo que busca fazer com que todos obtenhamos lucro. Mas a gente se esquece que o mundo é um jogo cuja soma sempre dá 0. Se alguém se beneficia, é porque algum outro ser se prejudicou. E como há cada vez menos natureza para explorar, hoje quem tem dinheiro começa a explorar outras pessoas. Isso é algo que vemos em todo mundo, para companhias de celular produzirem algo que custa tanto em produção mas que podem vender barato como um smartphone é preciso que em algum lugar da cadeia algum trabalho não esteja a ser valorizado, neste caso é o mineiro que retira da terra os materiais essenciais para a produção. O mesmo vale pra roupas com crianças mal pagas para fabricarem. Ou uma agricultura extensiva que busca uma produção máxima sem levar em conta o impacto na natureza.

Assim entendemos que os problemas no mundo se reduzem a questões econômicas sim. E para resolver elas precisamos de soluções que entendam de economia. Não vou dizer se vêm da esquerda ou da direita as melhores. Mas o que vou dizer é que a contínua eleição pelo mundo de líderes populistas perigosos, que fazem discursos que nos atiram uns contra os outros como humanos não é o caminho para se encontrar igualdade econômica.

Porque se vemos outros humanos como pessoas com menos valor que nós mesmos por natureza, já partimos da ideia de que então automaticamente o nosso trabalho terá mais valor que o deles. E assim se gera desigualdade na nossa cabeça, quer seja um discurso que acredite que mulheres deveriam receber menos, ou negros receber menos ou até mesmo a ideia de que um trabalho tem mais valor para a sociedade que outro. E líderes populistas adoram criar um grupo para ser o “outro” quer sejam imigrantes, negros, mulheres, LGBTs, se houver algo para atiçar o ódio, esse algo é usado por eles para distrair as pessoas dos verdadeiros problemas que elas tem.

Devo lembrar que se um trabalho tem mais valor, a lógica total da sociedade seria todo mundo capaz de ir atrás desse trabalho o fazer. E isso só geraria uma geração de pessoas especialistas na mesma coisa sem saberem nem como lavar a loiça.

Enfim, a minha ideia com isto é fazer ver as pessoas que a economia como nós a percebemos hoje, é uma ideia ultrapassada, não apenas isso como devemos começar a perceber que o objectivo de vivermos em sociedade é que todos possamos ter as mesmas condições, se a economia cresce mas também cresce a desigualdade, isso só me indica que a economia não está a produzir condições para viver bem para todos cidadaos dum país. Assim sendo, essa é uma economia falha. O mesmo se aplica se a economia decresce e a desigualdade também, nos mostra que na verdade o que entendemos por economia é algo manipulado, deixou de ser ciência e passou ao mundo do interesse.

Não estou a dizer que a economia não é uma ciência, mas estou a dizer que ou nós a compreendemos errado. Ou ela tem os seus valores totalmente trocados. Eu acredito que é a segunda coisa.

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Biologo de Araque
ArtPensante

Estudante de Conservação e Educação, escrevo pequenos textos em inglês e português para ver como relacionar esses temas com a economia e um novo modelo de mundo